O ACORDO - EMISUE

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SUSAN

Desde que comecei a dar aulas para Emily, tenho negligenciado meus amigos, mas, agora que ela fez a segunda chamada, meu tempo livre voltou a ser só meu.

Assim, na noite seguinte à festa de Nicole Maxwell, encontro o pessoal de sempre no café da faculdade, animada em revê-los. E fica óbvio que também sentiram minha falta.

- Sue! - George pula da cadeira e me puxa para um abraço apertado. E quando digo apertado, quero dizer que quase sou engolida por esse abraço.

Camila é a próxima a me cumprimentar, e, como de costume, um comentário sabichão salta de sua boca espertinha.

- Foi abduzida por alienígenas?,- pergunta ao me abraçar com tanta força que mal consigo respirar. -Espero que a resposta seja sim e que eles tenham enfiado uma sonda na sua bunda por dez horas seguidas. É o que você merece por me ignorar por mais de uma semana.

Rio do vivido retrato que ela acabou de fazer.

- Eu sei. Não valho nada. Mas tive uma maratona de aulas esta semana que me manteve ocupada.

- Ah, todo mundo sabe quem tem te mantido ocupada - interrompe Débora, em sua cadeira ao lado de George. - Emily Dickinson? Sue? Sério?

Contenho um suspiro.

- Quem contou? Vinnie?

Debora revira os olhos da forma mais dramática. Acho que é uma coisa de alunos do teatro-eles aparentemente não conseguem dizer uma palavra ou fazer um gesto sem exagerar.

- Claro que contou. Ao contrário de você, Vinnie não guarda segredos da gente.

-Ah, nem vem. Só andei ocupada com as aulas e os ensaios. E o que quer que Vinnie tenha dito sobre ela, não é verdade. - Tiro o casaco de inverno e coloco sobre a cadeira vazia ao lado de Camila. - Estou ajudando Emily a passar em ética. E só.

O namorado de Camila, Mateus, sacode as sobrancelhas para mim por cima da caneca de café.

- Você sabe que isso faz de você a inimiga agora, né?

- Ah, espera aí - protesto - Isso é maldade.

- Olha quem fala! A traidora, - brinca Camila. - Como você se atreve a socializar com uma troglodita? Como?

Sei pelas expressões animadas que é tudo piada. Pelo menos até Emily me mandar uma mensagem. Meu telefone apita, e sorrio no segundo em que o tiro da bolsa.

Emily: Vc tinha que ter vindo à festa pós-jogo. Uma garota acabou de esvaziar uma jarra de cerveja na cabeça de Abby.

Deixo escapar uma risada e respondo depressa, porque preciso saber mais detalhes.

Eu: AI MEU DEUS. Pq? (aposto que foi merecido).

Ela: Acho que esqueceu de dizer à garota que era uma relação aberta.

Eu: Claro. Mulheres.

Ela: Mulheres... termine a frase... Mulheres são maravilhosas? Obrigada, gata. Aceito o prêmio em nome de todos nós.

Eu: Prêmio de maior babaca? É, você é a porta-voz perfeita.

Ela: Ahhhhh. Tô magoada. NÃO sou uma babaca...

A ideia de que possa ter magoado seus sentimes me faz afundar em culpa.

Eu: Tem razão. Não é. Foi mal.

Ela: Rá. Vc é a maior bobona do planeta. Não estava magoada.

Eu: Ótimo, pq as desculpas foram da boca pra