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-Sadie-

-você não vai comer? -colocou a Júlia na cadeira dela.

-não, Millie. -coloquei as mãos sobre a bancada. -eu não vou. -ela assentiu.

-se quiser pode ir... -foi colocar a comida da Júlia.

-só tô aqui pra colocar elas na cama. -falei ríspido, sem medo deachucar ela, pra que ter receio? Se na primeira oportunidade ela tava com outra na cama?

Será que eu não era o suficiente pra ela? Por isso precisava procurar em outra mulher? Ou será que eu sou uma pessoa ruim, que não tem nada que possa a atrair?

Eu só posso ser uma pessoa horrível mesmo, estava fazendo tudo errado, achando que era o certo, serviu de aprendizado, com ela eu ignorei minha mãe a vida toda, ela sempre me disse, "não coloque a carroça na frente dos bois" tá vendo aí agora?

Eu nunca a escutei e acabei dando com a cara no chão, mas é assim, nunca mais eu vou ignorar minha mãe, arrependimento infernal.

Agora ao invés de sentir vontade de chorar eu estou com raiva dela, raiva por ela ter estragado tudo, por ela ter feito isso comigo sem nem contar até dez.

Não teve nem a porra de uma consideração.

Continuei mexendo no meu celular e esperando as meninas terminarem pra dá banho nelas. Estava sentindo vez ou outra seu olhar sobre mim.

Fingi que não estava nem percebendo, apenas continuei a olhar minhas coisas.

-mamãe eu tô com sono... -a Valentina reclamou.

-você não pode dormir! -a Duda sussurrou para ela.

-por que? -perguntei.

-nada. -disse rápido.

-fala logo... -fingi que ia fazer cosquinha nela.

-eu não quero que você vá mamãe. -abaixou a cabeça. -não vai por favor...

Olhei para Millie no calor do momento e ela me encarava esperando que eu dissesse algo, eu não sabia o que falar, mas ver minha filha já sofrendo com problemas de adultos me despedaçou.

-eu vou vim pegar você para a escola de manhã, e depois vou trazer vocês de novo, e vamos ficar agarradinhas domingo, não precisa chorar. -ela tava com o olho cheio.

Ela só assentiu e eu levantei pegando a Valentina no colo e subindo com ela. Fui dá banho nela já que ela tá com sono.

Coloquei ela na cama e deitei com ela, cantando uma musiquinha de ninar, que ela adora, antes cantava eu e outra mãe dela.

Mesmo com tanto sentimentos eu ainda consigo sentir arrependimento por ter terminado com ela de vez, eu sinto falta dela, ainda nem terminamos direito mas é um dia inteiro sem nem um selinho.

Não posso pensar nisso, acabou, porque ela quis assim, quando um não quer dois não brigam, a culpa é inteiramente dela, que ela se mate por isso.

Eu é que não posso, mas que onda Sadie, toma vergonha! Se preserve.

Depois de um tempinho ela dormiu e eu quase também, desci e a Duda tava tomada banho já, fui colocar ela na cama, dormiu rapidinho, tava triste a bixinha.

Eu já ia embora, só passei para conversar com a Maiana um pouco.

-volta vai... -neguei. -eka tá muito arrependida, e a senhora não escutou toda a versão dela.

-sua mãe é bem uma mentirosa quando ela quer. -comecei a balançar a perna estressada.

-escuta ela... não vai te fazer muita diferença não é?

-depende. -ela arqueou uma sobrancelha. -e se ela fizer minha cabeça? -brinquei e ela riu. -como você tá com a Aurora?

-ela é linda, sabe? -assenti. -ela me chamou pra conversar e a gente tá ficando, não queremos ir rápido para nenhuma das duas se machucar, mas eu amo ela.

-que legal filha. -sorri. -se ela te faz feliz, siga sua felicidade. -ela riu.

-obrigada. -me deu um beijo na bochecha.

-eu já vou, tá ficando tarde..-ela assentiu. -te vejo amanhã.

-tá bom, mãe. -eu sai do quarto.

Desci e ela estava na sala assistindo, de camisola e com a Julia mamando de novo, se fosse em outro momento, eu me sentiria feliz em ver ela assim, me sentiria em casa.

Agora sinto que tudo isso não me pertence, eu não me encaixo aqui, aquela outra mulher que ela me trocou, nem a conhecia, ela nem lembra que é aquela mulher.

Como pode fazer isso?

-vai ficar aí me olhando com esse olhar julgador? -falou e eu tomei ranço até da voz.

-arrume as meninas e coloque na porta, quando eu chegar vou buzinar e você manda elas virem. -falei sem olhar para ela.

-tá bom. -bufou. -vou arrumar uma mini você para te entregar, parecendo você, bem linfa e arrumada, sem nem poder te olhar, fechou lá. -fez sinal com o polegar.

-tenha uma boa noite vom a sua amada da festa. Tomara que tenha muitos filhos com ela. -andei até a porta.

-me desculpa... -eu abri a porta e bati com força.

Entrei no meu carro e fui para a casa da minha mãe.

Quando cheguei ela já estava dormindo, só entrei bebi uma água, tomei banho e dormi, não queria nem saber, amanhã eu como qualquer coisa.

○Blue Lagoon○Onde histórias criam vida. Descubra agora