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-Sadie-

Ela está me testando.

Eu tenho certeza.

Como que ela ainda se acha no direito de me chamar de amor, eu não aceito isso.

Só falta agora ela me chamar de ursinha e implorar para que eu volte para ela, às vezes eu penso que a Millie acha que eu sou idiota.

Só se for mesmo, pra ter passado todos esses anos com ela e não ter percebido que eu não era o suficiente.

Sério, eu tenho vontade de me autopunir por isso.

Tô cuspindo fogo, vendo vermelho, deixa só ela tentar algo quando eu for na empresa mais tarde, se ela estiver lá eu juro que vou querer matar.

Ainda bem que troquei ela de setor, assim ela fica dois andares abaixo, não preciso nem parar no dela, só vou na minha sala e depois embora.

-tchau amores, venho buscar vocês cinco horas. -Elas desceram do carro.

Sem muita animação, estão demonstrando sentimentos demais por mim e pela mãe delas, mas ela tem que entender, tudo tem começo meio e fim, e esse é o fim.

Eu ainda amo demais a Millie, mas o que ela fez não tem perdão.

Não consigo perdoar ela por ter feito isso, e não passaria a vida inteira jogando na cara dela, não quero que ela sofra mais que isso.

Eu juro que vou tentar ouvir o lado dela, mas está tudo muito recente, meu ego ainda está cedido demais para qualquer conversa.

Deixa o tempo passar e a minha raiva também, aí podemos conversar, mas até lá, eu viverei minha vida, começando por hoje, não vou tolerar nenhuma chantagem da Duda.

Vou deixar elas em casa e vou embora, simples, eu não tenho que conviver no mesmo ambiente que a minha ex, e não vai ser duas crianças que vão me forçar a fazer isso.

Ela vai dá conta delas, não é um bicho de sete cabeças, é com o tempo elas cao se acostumar e eu vou ficar em paz, vai ter a semana que elas vão ficar na minha casa, e na outra na casa da mãe.

Como uma separação normal.

A pior parte vai ser o divórcio, eu tenho certeza de que ela vai ser uma filha da puta e não vai deixar a guarda compartilhada, filha da puta egoísta.

Fui para a casa dos meus pais tomar um banho e vestir um terno, depois saí, fui almoçar num restaurante perto da empresa mesmo, assim eu não preciso gastar muito tempo indo de um local até o outro.

Pedi minha comida e fiquei mexendo no meu celular, depois de um tempo alguém chama a minha atenção.

-Sadie! -era a Gabriela

-oi Gabi, como você está? -sorri.

-estou bem amiga e você? -me levantei.

-estou indo. -abracei ela. -sente-se comigo? -ela sentou e eu também.

-e a Millie? -perguntou curiosa, eu engoli em seco e procurei minha taça de vindo. Tomando ela quase toda.

-acho que está bem. -limpei a garganta.

-vocês brigaram? -arregalou os olhos.

-não nós nos separamos. -ela entrou em choque.

-vocês? -assenti. -mas vocês são tão lindas juntas, o que aconteceu? -o garçom chegou e ela fez o pedido dela e ele abasteceu as taças.

-ela me traiu. -senti a raiva tomar conta de mim mais uma vez, a vontade de chorar reaparecendo.

-como? -abriu a boca em um "O"

-eu cheguei no quarto de uma festa que nós estávamos e ela estava lá, deitada na cama, a mulher ainda me disse que ela não parava de gemer meu nome. -respirei fundo.

-nossa amiga... -deu um gole no vinho. -mas ela estava bêbada? -assenti. -porra Sadie, então ela não consentiu.

-ela só estava um pouco bêbada, ela sabia o que estava acontecendo. -me irritei com ela.

-ela te disse isso? -neguei. -então amiga? -tocou minha mão em cima da mesa. -escute ela.

-não consigo. -segurei o choro.

-é a melhor coisa que você vai fazer, escutar ela. -olhei para o teto negando.

-vou ver. -falei séria.

-vai mesmo? -me fez encarar ela.

Assenti e os pratos chegaram,  começamos a comer e ela foi falando do Caleb, depois de um tempo ele apareceu nos conversamos um pouco e eles foram embora.

Eu fui pagar a conta e pedi um milk-shake, peguei e fui para a empresa.

Já entrei no prédio com a Maria no meu pé falando sobre investidores e reuniões, fui andando rápido até o elevador.

-a senhora tem uma reunião agora. Eu tr mandei e-mails e liguei, a senhora não atendia. -apertei o botão.

-estava ocupada. -ela bufou. -desculpe?

-nada não senhora, me perdoe. -se desculpou. -é porque está muito calor.

-certo. -chegamos no andar. -eu perdi alguma reunião ontem? -entrei na minha sala.

-sim, perdeu três, eu as transferi para hoje, vai ter uma no setor 3. -o da Millie.

-que horas? -deixei minha bolsa no sofá.

-agora. -chega engasguei com a bebida.

-nem pra me apressar. -passei voando por ela e entrei no elevador.

Esperei chegar no andar e atravessei o local todo em segundos, quando tava no meio do caminho esbarrei em alguém.

-puta que pariu. -xinguei. -tinha que ser você né. -me afastei olhando minha camisa. -sujou minha roupa toda! -olhei para ela com raiva. -como que eu vou aparecer na reunião agora?

-calma eu te ajudo a limpar, é branco, é só passar um paninho que saí. -pegou uns guardanapos que estavam em cima do balcão de alguma secretária e começou a esfregar no terno.

Na tentativa de limpar, ela estava de cabeça baixa, bem próxima a mim, encarei sua boca, sentindo a minha salivar pela dela. Ela levantou o olhar me olhando nos olhos e eu não resisti.

Iniciei um beijo cheio de saudade, e de dor, tanto sentimento reprimido para poder chegar até ali, me senti em casa novamente. Me senti bem e amada.

Ela me abraçou forte, me prendendo nela, apalpando meus ombros e braços, me sentindo perto, não tem como negar ela estava com mais saudade do que eu, não sei o que me deu na cabeça, como que eu vou trabalhar no mesmo edifício que ela?

Nos separei olhando para ela. Minha reação não era de nojo, pelo contrário, eu sentia muito, queria voltar no tempo e a escutar.

-não se arrependa, por favor...

-vamos conversar, vou te ouvir. Só não minta para mim. -ela sorriu largo e me deu mais um selinho.

-eu te amo, minha ursinha. -me abraçou chorando no meu peito.

-certo, agora me solte, tenho coisas para resolver. -me desvencilhei dela.

-tchau. -me deu outro selinho e eu fui.

Não precisa me mataaar jkkk

○Blue Lagoon○Onde histórias criam vida. Descubra agora