Capítulo 23: Maine

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Outro detalhe sobre o baile de máscara dos Winstons: As luzes demoravam um pouco para acender outra vez.

Naveguei pela escuridão tentando me preservar me guiando com uma mão na parede. Em certa altura desviei de uma mesa, e em outra de um casal (ou dois?) no meio de uma sessão de amassos. Por fim, passei o dedo por algum gosmento e gelado, e torci para todos os deuses que fosse alguma espécie de sobremesa antes de limpar o dedo em algum tecido misterioso (que também torci para não ser a roupa de alguém).

Quando as luzes se acenderam de novo, pensei que ia chorar em alívio quando dei de cara com minha melhor amiga.

Mickey! — Berrei.

Jade! — Ela me encontrou entre e a multidão. Usava um vestido carmesim de seda, e os cachos escuros cacheados em ondas praianas.

Não tive nenhuma indiscrição ao correr a seu encontro.

— Me perdoe por ter sido uma amiga de merda. Você sempre cuidou de mim, eu deveria ter feito o mesmo por você.

— Me desculpa pelas coisas que eu falei aquele dia, não tinha como você saber o que eu estava passando.

Eu a puxei pelos ombros saltados em um abraço demorado. Por deus, meus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Me conte o que aconteceu com você — Eu a afastei, para que ficássemos frente a frente.

Mickey respirou fundo, com os olhos caramelos dançando pelo teto em hesitação.

— Tudo bem se formos embora para a minha casa, agora? Eu, você e Theo. Uma festa do pijama como nós costumávamos fazer?

— Mais que tudo bem — Disse, me sentindo sufocada com a mera imaginação de continuar ali por mais cinco minutos.

— Vou chamar o carro, e você procure o Theo. Eu te espero na escadaria — Anunciou, apertando minha mão em um gesto carinhoso uma última vez antes de começar sua busca.

Um garçom passou apressado distribuindo taças de espumante na mão dos convidados desmascarados. Para muitos, a festa tinha acabado de começar, mas não para mim.

— Jade.

— Princesa!

Duas vozes muito distintas chamaram por mim, cada uma em um hemisfério do salão de Beryl Vermelho. Não precisei de nenhum instante para identificar a quem as vozes pertenciam.

Chad, de um lado, segurava sua máscara na mão, os cabelos agora escaparam do domínio do gel e caiam sobre a testa curta, a pele rosada. Ele sorria amplo, até que avistou o dono da outra voz.

Nicholas, do outro, tinha uma expressão desolada e confusa. Os lábios curvados para baixo, o rosto pálido. Percebi que não fazia a menor ideia do que se passava em sua cabeça. Nunca soube.

Olhei para ele uma última vez. Será que ele tinha me visto assistindo sua conversa? Será que ele conseguia enxergar a dor em meus olhos?

Não importava mais.

Estendi a mão para Chad para que ele viesse até mim, e só quando ele alcançou meus dedos, interrompi a troca de olhares com Nick.

Não me preocupei com sua reação.

— Me desculpe por ter sumido, meu pai me ocupou o tempo inteiro e eu-

— Não se preocupe, Chad. Você não seria capaz de me decepcionar — Disse, ajustando sua gravata pela última vez. Senti seu olhar se perder nas minhas mãos— Mas eu preciso ir para a casa da Mickey, agora.

Desejos e DesavençasOnde histórias criam vida. Descubra agora