Capítulo 31: Elementar

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Theo Carmichael

— Ele disse o quê!?

Mickey e eu estávamos na Saks experimentando jaquetas de couro e sobretudos de lã quando uma mensagem de Jade pedindo para que nós buscássemos ela no aeroporto nos paralisou.

Jade nunca pedia um favor, a não ser quando se tratava de uma mentira ou uma conta fake no instagram para usar para fins de vingança pessoal. Jade sempre foi a mais emancipada entre nós três, apesar de ter pais preocupados, ela era incrivelmente auto-suficiente. Por isso nunca vou esquecer do impacto que  — ver seu rostinho sempre malicioso; pálido e inchado — me trouxe, assim que ela atravessou as portas de correr da sala de desembarque.

— Inacreditável.

Estávamos os três no Central Park, com dois baús da Louis Vuitton e os pertences de Jade ao nosso redor. As árvores estavam rechonchudas e cor de rosa, no ápice da primavera, mas o clima era árido, frio e o sol naquela tarde iluminava a terra com um branco apagado.

Mas mesmo vendo ela ali, em uma posição onde qualquer melhor amigo que presta ia se dispor a ir lá na cobertura dos Van Dusen descer o CACETE em um deles, eu pressenti que tinha alguma coisa peça faltando naquela história.

~

Era segunda-feira, dois dias depois que Jade voltou da Suíça, quando eu me deparei com uma cabeleira seca e preta que eu sabia muito bem a quem pertencia.

Em um golpe rápido eu já tinha acertado a cabeça da naja contra uma dos armários de metal.

— Abre a boca agora, o que foi que você fez!?

Sabrina nem se assustou a ponto de arregalar os olhos azuis, acho que ela já estava acostumada com aquele tipo de approach.

Tomara que tenha acontecido algo ruim com um de vocês, mas não ruim a ponto de me deixar com inveja de quem o fez — foi a resposta dela.

Sua naja, o que você falou para o Nick? Eu conheço você — acusei, dedando a cara dela com tanta força que dava para escutar o tilintar das minhas pulseiras Cartier — Foi chantagem? Blackmail? Você contou para a família dele!?

Sabrina deu de ombros.

— Eu não sei do que você está falando. Contar o quê para a família dele?

Embora Sabrina fosse mentirosa, ela era tal como uma organização terrorista, ou um daqueles ladrões profissionais de obra de arte: gostava de deixar claro que tinha sido a autora dos seus próprios crimes.

— Espera aí... A única coisa que a família dele não poderia saber, e que você saberia é... — O raciocínio sociopata de Sabrina foi mais rápido que eu — Jade e ele!

— Não, eu não disse isso — Tentei remendar.

— Você disse muito mais que isso — Sabrina gargalhou, arrumando os cabelos que eu desarranjei — É bom saber.

— Eu juro que vou matar você se você me der mais problema! — Eu ameacei, mas Sabrina já tinha recomeçado seu desfile, dessa vez com um galo na cabeça.

A fonte de informação A se fora, mas eu ainda tinha um plano B.

~

— Eu achei que você nunca iria me responder...

Era final do último período, o prédio central do colégio tinha um fluxo contínuo de pessoas indo para os pontos de metrô ou até seus respectivos motoristas, mas no gramado de trás, não havia ninguém.

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⏰ Última atualização: Feb 07, 2023 ⏰

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