Capitulo 22: Nós Sempre Teremos Paris

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— Eu chamei duas outras loiras assim, essa noite — ele se aproximou lento, mas certeiro como um predador — Eu sabia que a primeira que me desobedecesse seria você.

— Até parece que você não me reconheceria há um quilômetro de distância — Afirmei, embora era algo que intimamente eu torcia para que fosse verdade.

— Realmente, nenhuma tem seu tom de dourado — Diferente de Chad, Nick Van Dusen não teve ressalvas em me guiar pela cintura com a mão firme e quente — Nem outras coisas que não cabem citar agora.

— Eu sei — afirmei de novo, dessa vez com o poder da minha auto certeza — Achei que não viria hoje, afinal você não foi na peça.

— Achei que você ficaria feliz com isso — Um sorriso brincou em seu rosto.

— E fiquei — menti — Só achei que você tinha desenvolvido o dom do compromisso com seus anos em Paris.

Outro violinista entrou na combinação da banda, em uma música acelerada e sensual que exigiu rapidez deles.

— Eu me comprometi a parar de te incomodar — Sua mão deslizou da cintura até as costas e em um movimento rapido nos aproximamos no ritmo da música — Foi o que eu fiz.

— Não. Você só me incomoda, agora, de outras formas — Nicholas girou meu corpo e não tardou e uni-los mais uma vez. Um dançarino agressivo.

— Quais? — Ele escolheu dizer aquilo em meu ouvido. De repente desejei que o ambiente ficasse cada vez mais escuro.

Conforme a rotina de tango as quais éramos familiarizadas, unimos nossas mãos espalmadas ao lado de nossos rostos, e demos uma volta lenta e simétrica. Não conseguia desviar meu olhar do pouco tímido dele, mesmo por trás da máscara.

Como não respondi, ele mesmo o fez.

— Você é quem não tem ideia do quanto tem me incomodado — Mais uma volta rápida, mas cada vez que ele me guiava de volta para ele era com maior potência. Um dançarino violento e passional.

— Não vejo o porquê — pousei as mãos em seus ombros de forma com que a ponta do meu dedão roçasse suas clavículas — Também tenho respeitado nosso tratado de paz.

— Não, você só está ocupada oficializando seu namoro — os nós de seus dedos cravaram no ponto de curva das minhas costas, provocando um arrepio crescente até a nuca.

— Eu não namoro.

— Diga a ele então — incitou.

— O quê? — foi minha vez de sussurrar.

— Diga que você não é dele — A música acabou, mas permanecemos unidos como se estivéssemos nos desafiando para quem romperia o contato primeiro.

— E por que eu faria isso? — Disse, me afastando. Tomei consciência de que aquilo era um jogo dele, assim como todos os outros.

— Você sabe o porquê — Sua imagem intocável se quebrou por um instante, transparecendo a irritação que eu enxergará no dia do corredor — Você tem medo do que sua família vai achar —  acusou.

— Eu não tenho medo do que ninguém vai achar sobre nada — afirmei, embora não tivesse certeza sobre o que estávamos falando mais.

— Então venha comigo — Ele entrelaçou nossos dedos e me guiou pela multidão.

~

Quando saímos da pista de dança e alcançamos uma cortina vinho, ele afastou o tecido da nossa frente e revelou uma porta.

— Boa noite, sr. van Dusen — Um segurança de terno e escuta no ouvido abriu passagem para nós dois, então trancou a porta atrás de todos.

Nick continuou a me guiar pelos corredores do museu. A música se tornando cada vez mais abafada.

Desejos e DesavençasOnde histórias criam vida. Descubra agora