Capítulo 17 - Experiência

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Fitzgerald Langford

Acredito, eu, neste momento, que você jovem leitor deva estar se perguntando se por um descuido não entrou na história errada.

''Mas eu tinha certeza de que estava lendo uma história sobre dois jovens, herdeiros de famílias rivais, chamados Jade e Nick, e que eu me lembre nenhum dos amigos dele se chamava Fitzgerald Langford''.

Bem, talvez você se recorde disto: Sr. Langford.

Não se recordou? Tudo bem, eu não me chatearei por tal coisa, sei como jovens não fazem muita questão de lembrar os nomes dos professores nessas histórias de romance adolescente. Então se ainda não afastei a névoa de sua memória, vou te recordar do capítulo três, onde a Srta. Van der Beek e o Van Dusen — a contra-gosto — ficaram no mesmo grupo do trabalho de literatura, por uma iniciativa minha:

O Sr. Langford, professor de literatura.

Assim sendo, acho que podemos prosseguir com este capítulo sem mais delongas.

— Bom dia, Sr. Langford! — A Srta. Van der Beek enunciou ao ser a segunda a entrar na sala — Trouxe isso para o senhor, escutei falar que é sua favorita — e então a jovem estendeu de sua mochila uma cópia plastificada da revista ''Sew Magazine'', a revista de costura que havia saído naquele mês, com 25 dicas de bordado e todas as tendências da estação.

Os meios que ela atravessou para descobrir um dos meus passamentos mais seletos eram, sinceramente, desconhecidos por mim.

— Obrigada, Srta. Van der Beek, mas eu já tenho essa edição — Disse, empurrando a revista de volta até ela, que piscou os olhos de forma vertiginosa, internamente frustrada, mas determinada demais para se demonstrar triste. Por fim voltou para sua carteira com as sobrancelhas apertadas como se já estivesse maquinando outro plano.

A verdade é que eu não tinha a edição, e de fato dicas sobre bordados seriam muito úteis nas minhas aventuras no mundo da costura, mas acima de tais prazeres, ensinar uma lição para a Srta. Van der Beek sobre conquistar o respeito alheio ao invés compra-lo, seria mais valioso.

Os outros alunos tornaram a ocupar a sala, incluindo o Van Dusen mais espertinho, que me deu um bom dia mais descontraído e tentou puxar um assunto sobre o clima. Diferente de Jade, Nicholas parecia apoiar toda a sua persuasão na simpatia e aquele charme inerente da juventude, mas ambos tinham a mesma finalidade:

Bajulação.

— Bom dia, alunos, hoje vamos falar um pouco mais sobre o tema do nosso trabalho, então autorizo que as duplas se sentem juntas, se isso se fizer necessário.

Notei pela forma com que todos se agitavam contra a cadeira em um rebuliço generalizado que provavelmente havia algo de extraordinário acontecendo nas dependências da escola.

Então lembrei-me das palavras da inspetora Gonzales — quando entrei na escola, pela manhã — sobre as audições para o tal teatro da escola, e julguei ser esse o motivo.

— Cada um de vocês irá desenvolver um documentário a respeito de questões sociais importantes que podem ser observadas, aqui mesmo, na cidade. O documentário deve ser didático, duração de no máximo 30 e no mínimo 15 minutos e abordar uma causa, consequência e conclusão — Disse, sacando a pasta de alunos de literatura do quarto período — Vou sortear agora os temas de acordo com os grupos já organizados.

Notei que meu grupo especial — aquele que eu havia juntado em prol de um pequeno teste laboratorial que eu estava desenvolvendo para tentar entender o comportamento impulsivo e muitas vezes hormonal daqueles adolescentes — não haviam se sentado juntos. Inclusive, Jade e Nicholas pareciam ter se sentado nas duas extremidades opostas da sala.

Desejos e DesavençasOnde histórias criam vida. Descubra agora