Capitulo 27: Rock

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Por um instante, o tempo se transformou em uma criatura estática. O frio se tornou morno. Os pensamentos afiados se tornaram lentos. O panorama vasto das montanhas de Montana se tornou um vazio no escuro.

Aquele fenômeno todo que acontece quando você está no lugar certo, na hora certa, fazendo aquela coisa errada que demorou a fazer.

Mas, como você sabe, demorei até demais.

Então de repente, o desejo acumulado voltou a girar as engrenagens do espaço e da física com a potência de uma guitarra em um solo de rock. Antes que eu e Nick pudéssemos tomar qualquer espécie de consciência, estávamos tropeçando na entrada da tenda dele, chutando pés de cadeira e derrubando chifres decorativos da parede.

— Você é a coisa mais linda que eu já vi.

Nick sussurrou, não pela primeira vez, no intervalo que ele cedeu aos meus lábios para que pudesse se demorar no meu pescoço. Seu perfume, naquela distância (se é que havia alguma) agora me prendia como um feitiço contra a parede.

Talvez fossem seus lábios passionais, ou a forma com que ele moldava toda a extensão da minha cintura contra a dele com as mãos sedentas. Mas uma onda de eletricidade quente se espalhou por todo meu corpo.

E como se testasse meu poder combustão, Nick voltou até meus lábios, protagonizando um beijo diferente de qualquer outro que eu por ventura tivesse imaginado. Como uma âncora, eu me agarrei a sua nuca, a textura macia do cabelo, enquanto Nick deslizava meu sobretudo para fora do braço e então se desfazia do seu.

Com facilidade, Nick me levantou para que eu me sentasse sobre uma mesa de canto. Com as pernas entrelaçadas no tronco firme, pude ter a confirmação que sua reciprocidade era rígida.

Com a mão que sobrou, Nick guiou meu queixo para cima, de forma com que eu o alcançasse. Os olhos verdes me olhado por cima, como se ele deixasse claro a quem eu pertencia. Então deslizou até meu pescoço, tornando o beijo apropriadamente agressivo conforme seu sabor corroía minha boca.

Eu seria capaz de derreter.

Seus dedos invadiram meu moletom e traçaram círculos preguiçosos na pele nua da cintura, disparando impulsos cálidos em cada novo ponto que desbravava.

O estímulo crescente até a altura as margens do meu bustiê fez com que eu gemesse contra sua boca inclemente.

Nick entendeu aquilo como um sinal para me levar até a cama macia. As cortinas da tenda balançavam ferozes no ar, a porta ainda aberta. Mas não importa, só tínhamos nós dois no condomínio.

Só nós dois no mundo.

Somente à luz de velas cujas chamas dançavam sensíveis ao vento, pude assistir Nicholas se desfazer de sua camisa de lã. A glória do peito viril subindo e descendo conforme ele respirava ofegante. O abdome moldado pelos anos que aquele desgraçado tinha passado sendo o melhor em todos os esportes possíveis.

O zíper do meu moletom estava aberto até a altura do umbigo, revelando um bustiê de renda rosa clara. Notei quando Nick pareceu ter sido hipnotizado, demorando os olhos pelo meu corpo, vulnerável, perante a ele.

Perfeita.

Disse, usando os punhos para navegar pela cama e me alcançar mais uma vez.

Desejos e DesavençasOnde histórias criam vida. Descubra agora