Capitulo 7: Questão Karmática

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Você deve estar se perguntando (sim, eu sou muito boa de suposições) o que aconteceu depois que eu caí de cara em um bolo de três andares e vinte salários mínimos, junto com o Nick Van Dusen.

Mas primeiro vamos voltar quinze minutos no tempo, especificamente no momento em que meu amigo Theo Charmichael resolveu ir ao banheiro do jantar beneficente depois de carregar o vaso de flores para lavar as mãos e retocar a maquiagem.

Plácido e belo como ele era da hora que acordava até a que ia dormir, Theo se inclinou para perto do espelho e espalhou a camada brilhante de gloss nos lábios carnudos.

Isso, até que ele ouviu uma risadinha grave vinda da porta de saída, e seguida dela um comentário que fazia tempo que ele não escutava;

Bichinha.

O locutor daquela "observação", saiu do banheiro logo em seguida, mas não antes que Theo pudesse reconhece-lo, como sendo Tank Van Dusen.

Theo então recolheu seus pertences, perturbado, e se enfiou em um dos lavatórios até que tomasse coragem para sair do toalete de novo, bem quando a cena toda do bolo se desenrolou.

E agora, vamos voltar para ela.

— V-você...

Eu grunhi, como um animal com raiva, só que ao invés de espuma era uma camada grossa de glacê que cobria meu rosto.

Indispensável dizer que o jantar todo estava olhando para nós dois enquanto um silêncio insuportável retorcia a minha alma por dentro.

Eu e Nick estávamos cara a cara. Os dois únicos sobreviventes daquele destroço achocolatado, jurando a morte um do outro com a troca de olhares mais fulminante da qual eu já tinha participado.

— Jade Van der Beek, você vai se arrepender, muito, disso. O nosso tratado de paz acabou, agora.

Ele prometeu.

— Acabou mesmo. Pode ter certeza que a partir de hoje, enquanto você estiver na minha escola, eu vou te mostrar dia após dia com quem você está se metendo.

— Digo o mesmo para você.

Então nossas mães e Mickey nos alcançaram, as duas também se fuzilavam com o olhar, mas sem nenhuma delonga, a minha mãe e Mickey me levaram até o banheiro e a mãe de Nick o levou para outro.

De lá para frente tudo aconteceu bem depressa. Enquanto minha mãe tentava limpar meu vestido em vão com papel toalha, ela lamuriava o nome de cada uma das famílias que tinha assistido aquele show de horrores.

Os Winston, antes da nossa partida, pediram desculpas por quase quinze minutos, como se o próprio bolo fosse vivo e tivesse puxado eu e Nick contra ele. Isso tudo por que eles sabiam da relação delicada e atômica entre as duas famílias, e queriam evitar uma guerra civil entre todos os nossos grupos.

Além do fato de que os Winston eram pessoas extremamente educadas.

No carro, meu pai chorou de novo, de raiva, enquanto afirmava que tinha certeza de que aquilo era alguma armação dos Van Dusen.

Já eu, da hora que aterrizei no bolo até o dia seguinte, na minha próxima aula de literatura, fui movida não por oxigênio, comida ou água.

E sim pela força compulsiva do meu ódio.

Sr. Langford! — Eu gritei, atravessando a porta da sala de literatura com doze minutos e meio de antecedência — O senhor tem que me mudar de grupo!

O professor estava a prestes a responder, quando o Nicholas atravessou a mesma porta que eu, com doze minutos de antecedência.

— Sr. Langford-

Desejos e DesavençasOnde histórias criam vida. Descubra agora