O bar sob o sol

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     Math abre os olhos, e eles doem profundamente com a luz, o fazendo fechar novamente, ele tenta se levantar, mas o corpo está muito dolorido, como se tivesse sido chutado escada abaixo, com muita dificuldade se levanta, o sol está brilhando, já amanheceu, Math se lembra muito pouco da noite anterior, apenas que estavam sendo perseguidos, então um frenesi estranho e satisfatório, o canis olha para os lados e só vê o gramado balançando pelo vento, ele está deitado atrás do celeiro que agora não passa de uma pilha de escombros de madeira, o vento fresco da manhã sopra balançando seus pelos, como se o mundo inteiro não estivesse um caos, então Al'cyr chega ali com um punhado de grama no colo.

- Ah! Math! Você acordou, minha nossa! - Corre Al'cyr largando a grama no chão. - Como você está? -

- Ah, minha cabeça tá um pouco zuada, meu corpo doendo, mas fora isso tô bem, eu só não lembro direito do que rolou ontem... - Respondeu Math tentando se sentar encostado na parede de madeira ainda de pé.

- Sobre ontem... O que foi aquilo Math? Eu fiquei com medo... - Comenta Al'cyr ajudando-o a se sentar.

- Eu não sei, nunca me senti daquele jeito, mas era como se meu corpo tivesse que caçar aquele gigante, quase como um... -

- Instinto bestial! - Al o interrompe dizendo surpreso.

- É... Acho que dá pra chamar assim...- Math responde dando de ombros.

- Não, não isso... Tem uma coisa assim nos livros do Baldur, que contam as historias dele! Dizem nos livros, que é algo que nós bestiais tinhamos antigamente, tipo um recurso de emergia do nosso corpo, uma herança da época que éramos irracionais, e com o passar dos anos e da paz instaurada no mundo, nosso corpo evoluiu deixando isso de lado, tipo, o Baldur usa muito nas aventuras que escreveram dele, no seu caso, e no de Baldur, os canis quando usam esse recurso, ficam selvagens e poderosos, como um caçador perfeito, aumentando sua força física, a precisão, aumentando sua percepção e olfato... - Diz Al'cyr enquanto viaja nas ideias olhando para o céu como se estivesse dentro de um livro.

- Então, as histórias de Baldur realmente aconteceram? Não são contos literários? - Pergunta Math quebrando o transe de Al'cyr.

- Ah, bem, disso já não sei, mas deve ter um fundo de realidade ali, não? -

- Parece que sim... -

- Mas bem, o importante é você, consegue andar? Temos que sair daqui logo, esse corpo pode denunciar a gente... - Al diz olhando o javali de longe.

- Acho que sim, temos que achar um lugar pra comer algo, tô morrendo de fome... - Diz Math tentando melhorar o clima.

     Os dois saíram de perto do celeiro caminhando, era uma manhã fresca, o sol estava radiante no céu, o vento soprava, e o silêncio tornava aquele momento um tanto quanto estranho, Math ainda tentava entender o que acontecera na noite passada, e se perguntava muitas coisas, Al'cyr ficava imaginando o quão tudo aquilo era incrível, todas as histórias que ele leu durante sua infância podiam ser verdade, ele ainda se preocupava com os ocorridos e sua situação, mas naquele momento uma pequena semente de esperança brotou em seu peito. Eles andaram por campos verdes, subiram morros de grama alta, e caminharam pesadamente, até chegar em outra estrada.

Uma rua asfaltada, mas toda esburacada, marcas dos pneus que passaram ali ainda presentes, afundando e rachando o asfalto, na beira da estrada aparentemente um barzinho de madeira, velho, mas bem cuidado, um estacionamento do lado, tão destruído quanto a rua, os dois param no acostamento e olham para os lados, nenhum dos dois demonstra qualquer tipo de movimento, então Math e Al passam correndo a rua em direção ao bar, a porta pequena de madeira envidraçada não mostra muito do que tem lá dentro, mas tem uma placa pendurada que diz "Aberto", Math segura no trinco a abre a porta.

Oito patas sob o solOnde histórias criam vida. Descubra agora