Os irmãos sob as sombras

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- Eu não te disse que não duraria sua fuga? - Diz Lupo guardando a arma.

     Math não sabe se sente aliviado ou pior que antes, qual é melhor? Morrer nas mãos do Pata-suja ou dos soldados? Lupo apenas estende a mão para Math com a mesma expressão séria de sempre, o canis ainda atordoado com toda aquela situação apenas agarra a ajuda, segurando na mão forte daquele autêntico canis doberman.

     O corpo de Math dói, Lupo o puxa para perto avaliando seu braço e olha o garoto no rosto.

- Parece que ele fez um estrago aqui... Vem comigo. - Ele diz puxando Math pelo braço enquanto soldados se aproximam de Pata caído inconsciente.

- O que vai fazer? Onde estão os outros? - Math pergunta receoso.

- Tomamos mais essa cidade, nossa influencia cresce cada dia mais, você deveria ter se aliado quando pode, a proposito, vou apenas fazer um curativo em seu braço. - Lupo diz num tom sério, se aproximando da mansão, alguns outros soldados entram dentro dela com lanternas e um deles se aproxima de Lupo carregando uma maleta, ele é uma ave, da espécie falcão, entrega a mesma e se afasta fazendo um sinal de sentido. - Senta ai... - O doberman aponta para um banco em frente a mansão onde Math se senta.

- Porque isso tudo? Qual o objetivo? - O jovem canis diz estendendo o braço.

- Você é jovem Math, posso te chamar de Math, certo? - O garoto não responde, apenas tenta manter o braço parado, enquanto Lupo abre a maleta e mexe em alguns frascos de remédio. - Nós somos superiores, nascemos para governar esse mundo, não é justo que tenhamos que dividir nossas coisas com raças inferiores, não concorda comigo? - 

- Não... Eu não concordo com você Lupo. -

- Não precisa, nosso objetivo não é exterminar as raças inferiores, apenas coloca-las em seu lugar, como trabalhadores, mão de obra e em alguns casos alimento. - Ele diz apontando para Pata. - Nós nascemos com o intuito de uma cadeia alimentar, não para devorar insetos. -

- Mas isso é errado, eles tem sentimentos também. -

- Quando se libertar desse pensamento pequeno, entenderá a grande motivação que temos aqui Math. - Lupo diz terminando de enrolar uma tala no antebraço dele por uma atadura e se levantando.

- Onde está o Al'cyr? -

- Eu ia executar ele no momento em que o capturamos, mas aparentemente Marduk quer ver você e ele pessoalmente, para sua sorte pode ser que ele ainda queira fazer qualquer tipo de acordo em nome da sua cooperação. - O doberman mal termina de falar e dois felis agarram Math pelos braços, o prendendo algemas nos tornozelos e braços, ainda que aquilo o machucasse um pouco por conta dos ferimentos.

     Lupo caminha com os soldados até fora da floresta, no meio da cidade, Math vê o mesmo caos que ocorreu na cidade das bestas, mas dessa vez consegue ver de perto, a cidade está cercada, totalmente isolada para que ninguém espalhe o que está acontecendo, os quatro vão até um furgão e Math vê Al amarrado no chão, inconsciente.

- Senhor! - Um canis faz um sinal de sentido logo que Lupo se aproxima.

- Escute soldado, quero que leve a lontra e o canis aqui até a Cidade das Bestas, quero que faça esse trajeto direto, sem nenhuma pausa, entendido? - Lupo ordena de perto.

- Sim senhor! - Então o soldado adentra o veículo dando a partida, Math é carregado até a carga do mesmo junto de Al.

- Nos veremos novamente em breve Math, ate lá, pense no que disse. -

     Então os dois são presos as paredes por cintos e deixados sozinhos lá dentro, na completa escuridão.

- Math? - Al pergunta com a voz bamba depois de algumas horas na estrada.

Oito patas sob o solOnde histórias criam vida. Descubra agora