O gourmet sob o sol

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     Math olhava em torno, mas ele não conseguia ver nada além da escuridão que permeava aquele ambiente, alguns poucos sons ocorrem pelos cantos, mas nada que ele consiga identificar algo ou alguém.

- Nos trancaram, cadê você! - Math grita tentando sentir algum cheiro ou ouvir algum som.

- Estou aqui. - Uma luz forte se acende naquela sala que ofusca os olhos de Math, por um instante aquela luz dói, ele vira o rosto para baixo, tentando se acostumar com a mesma, e em seguida olha para frente.

A sala é enorme, toda pintada num tom de cinza escuro, na parede contraria a da porta que Math entrou há uma lareira apagada onde ele vê o que parece ser Pata-suja parado de pé em sua frente e do seu lado o pequeno filhote de capivara apenas parado olhando para Math.

- Pata? Você tá bem... Que alivio - Diz Math ainda assustado, as outras paredes da sala são forradas de prateleiras com livros, ele percebe logo atrás de Pata uma mesa cheia de cadernos em cima, alguns abertos, mas a maioria empilhado, do lado da mesa uma grande poltrona próxima ao buraco da lareira, do outro lado há um grande armário com as portas de madeira fechadas. - O que tá acontecendo, porque prenderam a gente aqui? - Math diz se aproximando do lobo.

- Não nos prenderam aqui Mathinson... Eu te prendi aqui... - Ele diz abrindo um sorriso no rosto.

- O que? -

- É... eu adoro ver a reação dos animais em meio ao desespero completo, ao suspense... Uuuu... - Diz ele rindo alto.

- Tudo bem... até que foi engraçado... Vamos levar ele de volta então? - Math começa a rir levemente.

- Não, acho que você não entendeu bem... Não vamos a lugar nenhum, você não vai a lugar nenhum. - Pata caminha até a poltrona e se senta.

- Você tá me assustando... Como assim? -

- Abra aquele armário, você vai entender. - Math olha para as portas fechadas e caminha até elas, ele agarra o puxador, e empurra a porta de correr para o lado, quando ele abre, dá de cara com um animal o olhando fixamente, Math se assusta, dando um grito e caindo para trás e quando olha novamente ele não percebe só um animal, mas vários, são várias cabeças decepadas dentro de vidros de algum líquido amarelado.

- Ah! Meu Deus... Que porra é essa! - Math começa a se arrastar para trás sem conseguir se levantar, são inúmeros animais diferentes, de várias espécies raras.

- Ah não fala assim, desse jeito você me magoa... - Pata-suja ri se levantando. - Essa é a minha coleçãozinha, não pense que são cabeças, eu penso que são troféus! - Ele caminha até próximo a prateleira e admira aquelas dezenas de vidros de diversos tamanhos.

- Troféus? Como assim, do que você tá falando? - Começa a perguntar.

- Ah, não se faz de idiota! Acho que além da biologia que eu amo demais e a filantropia, um dos meus hobbies é enganar filhotinhos bobinhos que nem você, acreditam em tudo! E a cara que vocês fazem quando descobrem a verdade... É simplesmente maravilhoso! - Ele indaga se virando para Math.

- Então todas aquelas pessoas, a Chloe! Vocês são uns assassinos! -

- Nah, a Chloe nem imagina esse lugar... Coitadinha da coelhinha, own... Soldados malvados que roubam criancinhas inocentes hahaha! Eu sabia desde o inicio que devia ter devorado aquele lepus inteiro, mas quis deixar um recadinho para a policia, brinquei com a comida e só comi as pernas e uma das orelhas, me orgulho disso, se chama autocontrole, depois joguei o resto numa lixeira qualquer, bom, no fim isso me trouxe uma das minhas melhores amigas, eu amo muito a Chloe, eu amo muito aquelas pessoas, mas elas não tem noção de tudo isso aqui, elas não entenderiam a arte nisso! - Pata aponta para a prateleira. - E ninguém entenderia meus gostos. - Ele indaga revirando os olhos.

Oito patas sob o solOnde histórias criam vida. Descubra agora