O filhote sob as sombras

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     Baransha se levanta e olha bem para Pata-suja cuspindo para o lado.

- O que quer aqui canis? - Ela diz dando um passo a frente.

- Ora essa, cada vez que eu me encontro com vocês eu me surpreendo mais, vocês são ímãs de animais raros, uma toupeira, uma hiena, hoje é sem dúvidas o meu dia de sorte. - Pata diz rindo enquanto se aproxima. - Mas olha, eu dou uma chance para vocês, se entregarem o Math e o Al'cyr, vocês podem ir embora ilesos.

- Vaza daqui Pata, é sua chance de viver o resto da sua vida medíocre. - Chloe diz se afastando.

- Nossa Chloe, é assim que você trata um velho amigo? Eu só tenho um objetivo, tenho que levar o Math vivo de volta, ou me entregam ele, ou teremos um sério problema aqui. - Pata diz estralando os dedos, mas ninguém esboça reação nenhuma, Al dá um passo a frente e cospe no chão enquanto seu peito ofega de medo. - Tudo bem, vou dizer o que planejei, vou começar comendo o toupeira, como deve ser o gostinho da carne? - Pata diz balbuciando, Mone se assusta e corre para trás de Math que está cada vez mais enfurecido.

- Olha, é o seguinte, some logo da nossa frente, melhor escutar o que a coelha disse. - Baransha diz se aproximando de Pata, ele solta um grunhido e soca Baransha no estômago a fazendo arfar.

- Cala a boca amor, vou cuidar deles e já já a gente conversa... - Pata diz ignorando Baransha indo em direção aos quatro.

- Não, você não vai não... - Ela indaga chacoalhando a cabeça.

     A hiena pula nas costas de Pata enfiando as garras em sua costela e indo em direção a nuca do grande lobo, ele abaixa a cabeça desviando da mordida e puxa ela pelas orelhas com as duas patas e batendo contra o chão, em seguida a chutando a alguns poucos metros para frente.

- O que é? É isso que vocês tem como protetora, uma hiena magricela? Nem sei se consigo tirar carne disso. - Pata diz em tom de deboche.

- Filho da puta! - Baransha grunhe e salta novamente.

     Pata agarra ela pelo braço no ar, ela se recompõe se agarrando no braço do lobo o mordendo, mas antes que ela pudesse causar qualquer estrago ele puxa seu focinho pelas orelhas dando um sorriso cínico, Baransha percebe que ela não tem metade de força que aquele canis possui.

     Ele cospe na cara dela e a bate contra o chão novamente, mordendo o braço que antes havia segurado, Baransha grita de dor enquanto Pata estraçalha seu membro com uma só mordida, ele a solta e segura em sua perna, levantando a no ar com a maior facilidade do mundo e a bate novamente contra o chão, em seguida na parede próxima, por fim a jogando para cima, seu corpo parece um boneco sem vida no ar, ela simplesmente cai em cima de uma pedra a quatro metros de altura deles, seu braço que tomou a mordida está todo ensanguentado e pende para baixo pingando sangue sobre Pata.

- Baransha! - Math grita dando um passo a frente, a hiena somente mexe a cabeça levemente, mas sem conseguir mover o corpo.

- Hunf... Que carne de qualidade, vou me lembrar de guardar tudo de você hiena. - Ele ri limpando o sangue do focinho. - Bom, uma já era, e só me custou uns arranhõezinhos. - Pata termina averiguando a situação de seus machucados, Math olha para Al demonstrando puro ódio, e Chloe está paralisada de medo, ela tenta levar a mão até seu coldre, mas seu corpo está imóvel, Math não consegue pensar em um plano, mas ele tem certeza de uma coisa, é agora ou nunca.

     Math começa a respirar forte e sente sua boca amarga, alguma coisa tem que ativar aquela coisa que ele usou contra o javali, e ele só consegue se lembrar do gosto metálico em sua boca, Lionel também bebeu o próprio sangue para ativar, então com uma das garras ele faz um corte nas costas da pata o lambendo, se aquilo funcionou aquela vez, deve funcionar de novo, alguns instantes após fazer aquilo ele sente seu corpo diferente, é aquela mesma sensação da outra vez, sua boca começa a salivar, suas garras retraem e ele consegue novamente sentir cada parte do seu corpo ferver aliado ao seu ódio mortal pelo Pata, nem mesmo seu braço quebrado ainda dolorido da batalha anterior contra Pata parece incomodar mais, então ele arranca a tala que havia recolocado pela manhã do braço com um único movimento.

Oito patas sob o solOnde histórias criam vida. Descubra agora