A cidade sob as sombras

7 2 0
                                    

     Math e Al correram pelo campo, para o mais longe possível daquele lugar, eles tinham que sumir de vista antes que os soldados os alcançassem, plantas e folhas altas batiam nos focinhos, insetos e alguns buracos feitos pela máquina de plantação atrapalhavam o caminho, uma leve inclinação para baixo começou a acontecer, Al olhou para trás, na esperança de não ver mais o bar, mas daquele ponto o telhado ainda era visível, quando Al virou o rosto para frente, ele se desequilibrou e caiu rolando, Math segurou Al pela perna, quase caindo também, mas conseguiu fazê-lo parar, Math caiu sentado no meio da grama alta, Al se levantou tentando ver o bar, e ainda sim só era possível ver o telhado, então ele senta ao lado de Math ofegante.

- Ah... e agora? Vamos ficar correndo por ai desse jeito... - Pergunta Al olhando para Math, que olha fixamente para baixo.

- Não tem outro jeito. - Diz Math virando a atenção para Al. - Se eles nos encontrarem, eles nos matam, você deu um banho de óleo quente naquele cara. - Responde se levantando. - Vamos, temos que ir, não dá pra arriscar aqui. - Continua estendendo a mão para Al, que a agarra com força e Math o puxa.

- Tem razão. - Al balança a cabeça em concordância, e os dois saem andando na esperança de achar alguma cidade naquela direção.

     O silencio domina a caminhada, Al e Math não conseguem tirar da cabeça o som horrível do Talesco morrendo, o dia logo começa a acabar, o sol se aproxima do horizonte e o tempo começa a se tornar mais fresco, algumas horas sentados em sombras que encontravam pelo caminho com certeza os atrasou, apenas mais e mais plantações, quase nenhum sinal de vida, a não ser dos insetos que os rodeavam, e ainda sim nenhuma estrada havia sido encontrada.

     Aos poucos o que era um campo começou a se tornar algo mais descuidado, plantas altas para todos os cantos, árvores de pequeno porte distribuídas aleatoriamente pelo solo pobre daquele lugar, antes coberto de grama, agora, somente algumas pequenas moitas a cada alguns metros, tanto um quanto o outro definhando de sede e fome, nenhuma das plantações que passaram tinha algo realmente comestível, aliás, plantações que já haviam acabado a alguns quilômetros, conforme andavam, as árvores iam aumentando em número, logo na frente, uma pequena floresta se mostrava.

- Vamos entrar ai? - Perguntou Math preocupado.

- Bem, sim, não temos muito o que fazer. - Respondeu Al tomando a frente e analisando o caminho.

- Mas e se nos perdemos? -

- Acho difícil Math, não tem florestas perto da cidade das bestas, lembra? - Indaga Al se virando para ele, ele confia em seu amigo e apenas o segue, mais alguns metros para dentro da floresta, Math observa a terra pelo chão, quando se bate contra alguma coisa dura, o canis olha para frente com a mão no focinho ainda doído, Al logo atrás dele corre para ajudar.

- O que foi Math? -

- Eu bati numa... cerca?- Se espanta Math se afastando do objeto, uma grade de ferro, ligada por algumas pilastras que vão até onde a vista alcança floresta a dentro. - Não faz sentido... quem coloca uma cerca dentro de uma floresta, que saco! -Diz dando um chutinho no pé do palanque.

- Mas, então me ajuda aqui... - Pede Al tentando subir a cerca, Math segura a grade e com um pouco de força a abaixa um pouco, facilitando a passagem de Al, que a escala e pula para o outro lado, Math escala a mesma e pula também, com muito mais facilidade.

     Logo luzes começam a emergir, ao que parece uma pequena cidade, mas ainda sim é uma cidade, com certeza encontrariam algo para comer e onde dormir, e o clima ali estava tranquilo aparentemente, os dois avançaram pelo pouco de mato que ainda tinham no caminho chegando a uma calçada, apesar de tudo, ainda teriam que ter cuidado, aquilo era enfim um lugar de fácil acesso, para os soldados os encontrarem ali, seria simples.

Oito patas sob o solOnde histórias criam vida. Descubra agora