Levanto abruptamente assustada, quando sinto minha cabeça doer fortemente e sinto meu corpo ainda mais dolorido, me lembro do que tinha acontecido e torço com todo meu coração de que tudo aquilo não passasse de um terrível pesadelo, mas quando eu tento sair da cama eu não consigo, estou amarrada a cabeceira com nós tão apertados que minhas mãos estavam começando a enroxar pela falta de circulação.
Tento me mexer, mas sempre que tentava meu corpo doía mais, e mesmo tentando não fazer barulho parecia que toda vez que me mexia, a cama em que eu estava amarrada parecia emitir cada vez mais ruído. Não demorou muito até ele perceber que eu havia acordado e vir de encontro a mim, ele ainda estava com o terno manchado de sangue e com a mesma cara de quando me mostrou Vívi no jardim da frente.
_ Veja só! – Diz com a voz sínica com o sorriso de canto – Cara mia! como você está? Confortável? - Sorri enquanto me olha.
Eu não lhe respondo, apenas o observo com ódio estampado em meu rosto, a única coisa que se passava na minha cabeça era eu o matando de forma lenta e dolorosa, ao pensar em vê-lo agonizar eu dei um leve sorriso e parece que ele sabia exatamente o que se passava na minha mente naquele exato momento. Vi sua expressão mudar da água para o vinho, seu sorriso sínico sumiu do rosto e sua expressão ficou séria de repente. Ele não disse nada, apenas saiu do quarto e um tempo depois ele entra novamente. Quando o vi meu leve sorriso se esvai e o desespero toma conta de mim, ele estava arrastando Feioso desacordado para dentro do quarto, com seu sorriso de louco estampado no rosto.
_ Não! Por favor não! - Minha voz saindo em um sussurro, não conseguia esbravejar parecia que todas as minhas forças estavam se esvaindo do meu corpo – Não machuca o meu filho! Faz o que quiser comigo, mas deixa ele em paz, por favor. – As lágrimas começam a sair e não param mais.
O vejo levantar Feioso e o pendurar em um gancho, pelas amarras nos pulsos. Gomes se vira pra mim ainda com o sorriso no rosto e se aproxima a milímetros do meu rosto e diz:
_ Sabe? Eu havia dito que da próxima vez em que me traísse os próximos seriam as suas pestes, mas pra quê esperar? – Ele segura meu queixo enquanto fala e assim que termina o solta e dá uma gargalhada alta e demorada.
_ Por favor! Desconte sua raiva em mim, ele não fez nada. ELE É SEU FILHO!! - Tento apelar pelos seus sentimentos.
Ele para por um instante e se volta para mim, ele me olha no fundo dos olhos e diz o que eu sempre soube.
_ Eu não me importo, e sabe? Porque te machucar, se machucar aquele imbecilsinho ali vai te fazer sofrer muito mais do que qualquer outra tortura que eu possa imaginar.
Ele vai indo em direção ao menino desacordado e pega uma pequena faca. Eu tento me soltar, eu grito faço tanto esforço que sinto as cordas começarem a cortar profundamente meus pulsos, não me importo com a dor eu só queria me soltar e tirar meu filho das mãos daquele lunático. Mas não importava o que eu fizesse, Gomes parecia estar aproveitando cada segundo do meu sofrimento. Ele se aproxima de Feioso e retira a camisa que ele estava usando e começa a passar a faca em sua pele fazendo o garoto acordar pela dor e começar a gritar.
Nesse momento me sinto ser puxada para trás e acordo de repente em um quarto, ao que parece um quarto de hospital. Quando tento me mover percebo que estou com um tubo em minha boca que ao que parece está me ajudando a respirar melhor, consigo ouvir o som de um aparelho apitando lentamente, vejo acessos venosos em meus braços que estavam ligados a bolsas de soro e remédios.
Enquanto estou parada assimilando tudo pensando que talvez fosse uma de minhas visões, mas tudo parecia tão real e o fato de eu estar em um hospital e ter as marcas das cordas no pulso me deixa em dúvida a respeito disso. Penso em Feioso imediatamente, não sei o que aconteceu com ele e isso me deixa em pânico.
Sinto meu corpo se mexer por conta própria, tirando o tubo de forma ríspida da minha boca, puxando os acessos e me deixando livre para levantar, assim que retiro o aparelho que media meus batimentos tudo começa a apitar e uma enfermeira vem ao meu encontro para tentar me colocar de volta na maca, mas não esperava que ao tentar me tocar meu corpo simplesmente fosse reagir de maneira tão agressiva.
A cada passo que eu dava parecia que cada parte do meu corpo desmontaria de tanta dor que sentia, por mais que tentasse não conseguia falar, meus braços seguram a pobre enfermeira que estava apenas tentando me ajudar e a jogam para o lado com tanta brutalidade e força que a mesma não se mexe após cair no chão. Vou indo em direção a saída do quarto de forma lenta e desajeitada, vou passando pelo corredor e cada pessoa que tentava encostar em mim para tentar me parar estava levando o mesmo fim que a enfermeira. Não entendia como eu estava conseguindo arremessar com tanta força mesmo me sentindo em frangalhos. Vou seguindo o corredor até chegar perto do que parece ser a sala de espera e percebo que está havendo uma discussão.
Vou seguindo contra minha vontade até ver a sala por completo, me surpreendo pela cena. Vivian estava de frente a Gomes o ameaçando com uma espada de esgrima, ao vê-la meu coração se encheu de paz, isso significava que aquilo que eu tinha vivenciado não era real. Vejo Wandinha parada em minha frente olhando a cena sem entender o que estava acontecendo. Mas o que me chamou a atenção foi em como Gomes olhou e sorriu maliciosamente ao me ver de pé, isso tudo fazia parte do plano dele, não sei como ele conseguiu, mas eu sabia que tinha sido ele.
Continuo avançando, indo em direção a Gomes que agora olhava fixamente em mim. No caminho até ele esbarro em Wandinha e nesse exato momento ambas fomos levadas para uma visão.
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Tudo por ela
FanfictionApós anos Mortícia volta a Nunca Mais para matricular sua filha. A partir daí tudo vai mudar. Mas será para bem ou para mal? Apenas lendo para descobrir ;)