VIVIAN

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Olho para meus braços apoiados ao chão e percebo que estão diferentes, mais magros, me sinto estranha e extremamente cansada depois de ter restaurado o corpo de Wandinha e Mortícia. O importante era que tinha dado certo agora eu tinha que achar uma maneira de ir ao encontro de Albin e Morbis para tentar recuperar a alma de Tish, quando ela morreu ainda estava sob o efeito da maldição daquele lixo, isso significava que ela estava presa naquele limbo de tortura e eu tinha o que eles queriam, caso se neguem eu farei com que nunca tenham acesso ao meu corpo para ser seu receptáculo.

Me lembro que quando eles aceitaram meu acordo me marcaram com suas garras, só me restava pensar uma maneira de me reconectar com eles por meio dela. Tento me lembrar de como Wandinha se conectava com o mundo dos mortos, uma vez ela me chamou para observar enquanto entrava em contato com um parente distante, me recordava do que era necessário fazer, tento me posicionar de uma maneira mais confortável para começar a escrever no chão os símbolos necessários, mas quando me sento sinto que vou soltar tudo que havia em meu estomago para fora, tento me afastar para não sujar ninguém e consigo, quando termino sinto um pequeno alivio, volto para o meio das duas limpando minha boca e começando a fazer um círculo ao meu redor com o sangue que estava espalhado no chão.

Me concentro no meio do círculo, sinto meu corpo estranho e parecia que já não estava mais naquela floresta então resolvo abrir meus olhos, estava em frente ao meu chalé, aquilo me pegou de surpresa, estava tudo muito silencioso as luzes da parte superior estavam acesas indicando que tinha alguém na casa. Vou me aproximando da entrada quando ouço gritos de desespero vindo de dentro:

_ NÃO! POR FAVOR NÃO!

Eu me apresso pois eu conhecia aquela voz, era Mortícia, eu tento abrir a porta, mas estava trancada, tento forçar, mas parecia impenetrável. Cada uma das minhas tentativas se mostravam falhas e cada segundo ouço os gritos cada vez mais estridentes, eu continuo tentando enquanto as lagrimas escorriam de meus olhos.

Sinto ser puxada de lá, tento me agarrar a maçaneta, mas é em vão, minha visão se escurece e me vejo em um salão simples e vazio.

_ Eu sei que vocês estão aqui! Eu vim atrás de algo que me pertence! – Digo ainda com lagrimas nos olhos.

_ Como conseguiu chegar até aqui? – Ouço as várias vozes de Albin atrás de mim.

_ Isso não é importante. – Digo limpando minhas lagrimas. – Como eu disse eu vim buscar o que me pertence!

_ E ao que se refere senhorita? – Fala Morbis aparecendo em minha frente.

_ Me refiro a mulher que estão torturando naquele chalé. Quero a alma dela de volta.

_ E porque faríamos isso? Fomos bem claros quanto ao que deveria ser feito.

_ Porque vocês não se importam com quem estiver ali, só querem ter alguém para alimentar a sede de vocês. Tenho mais uma proposta pra vocês.

Eles se mantem parados por um momento, pareciam estar analisando a situação sem o marcante sorriso estampado no rosto, isso estava me deixando com uma sensação estranha, parecia que eu estava esquecendo de algo e eles sabiam disso.

_ Lhes entregarei uma alma que merece este tipo de punição muito mais do que Mortícia. – Ponho a mão em meu peito, não sabia o que estava fazendo exatamente, mas tinha certeza de que algo aconteceria e puxo uma pequena espécie de esfera brilhante e mostro para eles. – Essa é a alma de uma mulher que cometeu atrocidades com pessoas inocentes por conta de uma vingança absurda. – Digo levantando a alma daquela professorinha barata.

Vejo o a boca de ambos se curvar de forma maligna mostrando seu inconfundível sorriso com dentes pontudos, vejo ambos os demônios fazerem o que eu tinha feito com a alma daquela mulher, tirando cada um uma esfera luminosa do peito e estendendo as duas para mim. Era visível minha cara de confusão.

Tudo por elaOnde histórias criam vida. Descubra agora