Não sei direito quanto tempo fazia desde quando eu apaguei na floresta, mas havia recobrado minha consciência a pouco tempo, conseguia ouvir tudo a minha volta, mas meu corpo não seguia meus comandos, não consigo nem mesmo abrir meus olhos, me lembro do estado em que estava quando apaguei, provavelmente esse seja o motivo.
Tudo que consigo ouvir agora é um barulho insistente de bip ao meu lado, talvez isso significava que aqueles demônios cumpriram com o combinado, assim espero. Algumas horas depois consigo ouvir uma movimentação perto de onde eu estava, pude ouvir uma mulher se aproximando e mexendo comigo na maca, ela conversava mesmo sabendo que não poderia responder. Isso aliviou um pouco minha ansiedade por estar presa dentro de mim mesma, assim que ela termina parece que mais alguém entra na sala e presto atenção na conversa dos dois.
_Como ela amanheceu hoje? – Ouço a voz de um homem.
_ Aparentemente da mesma maneira. – Ouço a voz de quem presumo ser a enfermeira.
_ Você já visitou a senhora Addans e a senhora Weens?
_ Sim senhor. As duas parecem estar progredindo, apenas o ferimento da senhora Weens que ainda não quer melhorar.
_ Certo, e o feto?
_ Ainda forte e saudável, contrariando o estado em que a mãe se encontra.
Ouço cada palavra atentamente e sou pega de surpresa ao descobrir que a Larissa estava no hospital em uma situação tão grave quanto a minha, sinto alivio ao descobrir que Tish e o bebê estão bem. Sinto as mãos do homem abrirem um de meus olhos e nesse momento pude ver seu rosto, ele levanta uma lanterna e parece esboçar uma feição de alegria talvez? Não soube decifrar naquele momento.
_ Isso é muito bom senhorita Elise. – Ele diz se referindo a mim e repete o ato no outro olho e se vira para a enfermeira. – Ela está reagindo, comece com o restante da medicação para tirá-la mais rápido do estado de desnutrição. Quero uma nova bateria de exames para verificar como anda a recuperação dos órgãos. Avise aos diretores que as três já poderão receber visitas.
Ouço a enfermeiro responder e os ouço sair me deixando novamente sozinha naquele quarto com uma pergunta na minha cabeça. Quais seriam os diretores que Nunca Mais enviaria para resolver essa bagunça.
Tempos depois ouço a porta ser aberta novamente, ouço passos vindo em minha direção, tudo fica silencioso por uns instantes e logo o silêncio foi quebrado por uma voz pedindo para ficar sozinha comigo. Por um momento meu coração erra uma batida, eu reconheceria a voz daquela mulher em qualquer lugar, aquela mulher fez o inferno na vida da filha durante todo o período escolar. Mortícia tinha medo que ela descobrisse o que éramos naquela época, a mãe mesmo sendo excluída tinha muitos preconceitos a respeito disso e por esse motivo sempre fomos muito cautelosas e até onde eu sei ela nunca sequer sonhou que Tish e eu tivemos alguma coisa.
Sou tirada dos meus pensamentos ao ouvir seus passos se aproximando da minha maca.
_ Como isso é possível? – Ouço a voz dela sussurrar para ninguém. – Você parece uma barata, era para continuar morta, eu vi seu corpo no necrotério, fiz questão de a ver sendo enterrada. Como é possível!
Ela para o que dizia por um momento e seu silencio estava me matando.
_ A minha filha idiota achou que conseguiria esconder alguma coisa de mim naquela época, mas eu via tudo e quando eu descobri que você a estava confundindo e a levando a cometer aquela abominação eu dei um jeito de separá-las. E nada era mais seguro do que a sua morte, sua aberração! – Ela fala alto com tom de raiva na voz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tudo por ela
Hayran KurguApós anos Mortícia volta a Nunca Mais para matricular sua filha. A partir daí tudo vai mudar. Mas será para bem ou para mal? Apenas lendo para descobrir ;)