WANDINHA

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Acordo assustada com as lembranças que mais pareciam um pesadelo, que pela primeira vez não foi prazeroso, estava prestes a me levantar de maneira apressada tentando procurar minha mãe, mas sou parada por uma mão que estava extremamente magra. Olho para a dona do braço e me espanto ao ver o estado em que a Srtª Elise estava. Seu corpo parecia esquelético, mas o que mais me chamou atenção foi seu rosto, os olhos estavam diferentes, o esquerdo estava em um tom azulado com a pupila em uma cor vinho e o direito estava totalmente verde, estava estampando um sorriso distorcido com dentes afiados.

_ Professora Elise? O que aconteceu?

_ Não somos ela. – Ouço uma confusão de vozes me responder.

_ Quem são? Cadê ela?

_ Quem somos você não precisa saber. Ela está inconsciente agora e nos pediu para lhes proteger. Mas sinceramente vai ser difícil com esse corpo frágil. – Ela diz olhando para o próprio corpo.

_ Onde está minha mãe?

Vejo ela se arrastar para o lado e mostrar o corpo de minha mãe deitado sobre a grama coberta por sangue e parcialmente desnudo mostrando uma enorme cicatriz em sua barriga.

_ O que aconteceu com ela? – Digo tentando me levantar novamente sentindo as lagrimas arderem em meus olhos.

_ Não tente se levantar! – Ouço as vozes me dizerem me mantendo sentada na grama. – Você e ela estão a salvo agora, mas precisa se acalmar, seus corpos estão muito frágeis e você não quer que tanto sacrifício por parte dessa mulher aqui tenha sido em vão. – Elas dizem apontando para o corpo da professora. – Tente se aproximar calmamente, sua mãe não vai sair daqui.

Faço o que ela diz e vou me arrastando para perto dela, só então percebo as dores em meu corpo e a fraqueza tentando me vencer, mas eu continuo até chegar o suficiente para tocar em seu rosto. Vejo sua expressão calma e acaricio seu rosto que se encontrava quente ao toque, isso encheu o meu coração sombrio com uma paz que nunca achei algum dia sentir, saber que minha mãe estava a salvo me trazia alivio.

_  O que aconteceu com a gente? - Digo olhando para o estado de minha mãe e o meu.

_ Basicamente vocês duas morreram. -  As vozes me dizem e não consigo acreditar no que me dizem. - Mas lhes trouxeram de volta e é o que precisa saber por enquanto.

A mulher me diz de forma séria e por algum motivo eu sabia que não tiraria mais nada a respeito do que aconteceu, então redireciono minha pergunta.

_ O que aconteceu com o Gomes? – Olho ao redor para ver se encontrava seu corpo em algum lugar, mas não encontro nada e isso estava começando a me deixar paranoica ao pensar que ele poderia ter fugido e isso significava que minha mãe não teria sossego.

_ O que sobrou dele está bem ali. – A vejo apontar para uma arvore a frente, me tirando daquela paranoia.

Olho para o local e fico confusa, a única coisa que via era apenas um bocado de cinzas escuras no chão, mas nada ao redor estava com sinais de queimado, aquilo era estranho, mas foi aí que minha ficha caiu, aquele monte tão pequeno de cinzas era o homem que dizia ser meu pai, mas o que teria acontecido para que aquilo tivesse acontecido a ele. Me viro novamente para a professora para perguntar o que tinha acontecido e percebo que seu corpo está normal novamente, até um pouco mais em forma, e fica nítida minha feição de estranheza e me esqueço totalmente de lhe fazer a pergunta. Vejo seu corpo se levantando e indo em direção a espada de esgrima parcialmente quebrada perto de onde se encontrava aquele monte de cinzas e a vejo levantar seria olhando para frente, me viro para ver o que se passava, mas só via a escuridão e o silêncio que se fazia. Enquanto encarava o escuro sinto braços me envolverem e me levantarem rapidamente me tirando do contato com minha mãe, tento me mexer, lutar para me manter ao lado dela, mas então ouço:

Tudo por elaOnde histórias criam vida. Descubra agora