VIVIAN

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Abro meus olhos lentamente, e por alguns segundo entro em pânico ao lembrar do pesadelo de ontem à noite, olho para os lados em busca de algo ou alguém e quando viro meu rosto para esquerda sinto meus músculos relaxarem e solto o ar que nem sabia estar prendendo ao ver minha Tish deitada na maca ao meu lado.

Sua maca estava um pouco distante da minha e para que eu conseguisse ao menos encostar em sua mão teria que me esticar bastante, mas eu faria qualquer coisa para ao menos tocá-la e sentir sua mão suave. A observo por um tempo e vejo seu rosto sereno, mal conseguia ver seus lábios pois estavam cobertos pelo suporte do aparelho que a ajudava a respirar, sua pele continuava alva, mas não estava pálida como era de costume, era estranho e ao mesmo tempo um alivio. Havia fios por todos os lados de seu corpo monitorando tudo, e em volta de sua barriga estava envolto um pequeno aparelho que ao que parecia estava monitorando o bebê.

Fiquei longos minutos a admirando e então começo a me mexer cuidadosamente em minha maca para tentar ficar de lado e o mais próximo da beirada para levar minha mão em direção a dela, todo o percurso foi lento e doloroso, mas enfim consegui me aproximar o suficiente para segurar sua mão fria como sempre.

_ Oi meu amor. – Disse baixinho com os olhos brilhando ao senti-la. – Tudo vai ficar bem querida, eu te amo. Por favor volta pra mim. – Continuei com a voz embargada.

Eu queria poder dizer mais, mas nada além dessas frases saiam da minha boca, meu coração doía ao não a ver reagir. Eu fiquei assim por um tempo, segurando firmemente sua mão até que sinto seus dedos apertarem de leve minha mão, e tudo começou a acontecer de forma rápida. Seus aparelhos começaram a apitar e Mortícia começou a se remexer na maca enquanto parecia se engasgar com alguma coisa que eu não sabia o que era.

_ Tish o que está acontecendo? – Pergunto entrando em desespero. – ALGUÉM! POR FAVOR ALGUÉM AJUDA!! - Começo a gritar em desespero ao ver ela se contorcendo, com as lagrimas caindo a todo o momento.

Eu continuei gritando, mas parecia que ninguém escutava, olhei em desespero para ver se encontrava algo para chamar a atenção sem nunca soltar a mão de Mortícia, então vejo o botão de emergência logo acima de minha cama e me estico para alcança-lo. Começo a apertar em desespero e em menos de três minutos a sala foi invadida pelo médico e enfermeiras.

_ O que aconteceu? – Ele olhou em minha direção se aproximando de Mortícia e a examinando de forma cautelosa e me afastando do contato dela.

_ Eu não sei! Eu estava falando com ela e de repente ela apertou levemente minha mão e começou a se debater. – Disse em meio aos soluços. Eu não conseguia ver o que ele estava fazendo e ele não me dizia nada e depois do que parecia uma eternidade tudo parou de apitar, e isso só aumentou meu desespero. – O que-ee ta acontecendo? – Disse em meio ao choro.

O médico continuou em silencio fazendo movimentos estranhos e quando terminou se virou para mim com um sorriso no rosto me causando confusão por um instante.

_ Acalme-se senhorita, isso foi algo bom. – Disse suavemente transpassando tranquilidade na voz. – Ela está bem. – Falou saindo da frente de Mortícia que já não estava mais com o tubo em sua boca, e sim com o aparelho no nariz igual a mim. – Aquilo tudo começou a apitar porque ela ficou agitada por conta do tubo respiratório que estava incomodando. Sabe o que isso significa?

Eu não respondia, sequer o olhava, meus olhos marejados estavam cravados no rosto dela.

_ Significa que ela respondeu ao seu toque e voz. Você me disse que ela apertou levemente sua mão certo? – Ele se dirigiu a mim.

_ Sim. E depois tudo começou a fazer barulho eu entrei em pânico. – Disse olhando novamente pra ele.

_ Por algum motivo ela responde a sua presença, e isso é ótimo, é um grande avanço na saúde dela.

Depois de verificar tudo ele me explicou que deixaria nossas macas conectadas para que pudesse manter contato físico com ela, fazendo quase igual ao tratamento mamãe canguru, onde uma criança se mantinha em contato com a mãe ajudando a manter e regular o corpo frágil e doente.

Ele saiu e eu pude abraça-la de lado e apoiei minha cabeça sobre seu ombro sem colocar meu peso sobre o mesmo, apenas sentindo seu cheiro suave. Levei uma mão até seu rosto sereno e acariciei de leve sua bochecha com o polegar com um sorriso no rosto ao sentir a macies de sua pele, a outra levei em direção a sua barriga ainda sem volume, e senti meu coração doer ao lembrar de Feioso e em como isso a quebraria em mil pedacinhos.

Me afasto levemente do seu aconchego sentindo sua falta no mesmo instante e olho em direção a mesinha do lado da maca e vejo um telefone com fio, me afasto um pouco mais até conseguir pegar o fone e começo a discar um número. Assim que termino de discar começa a chamada e depois de alguns segundo ouço uma voz rouca conhecida atender.

_ Alô?

_ Oi tio. É a Vivian. – Disse de forma baixa para que apenas eu na sala pudesse ouvir.

_ O que aconteceu Vívi? – Pude sentir preocupação vinda de sua voz.

_ Eu preciso de um favor. Precisa ir na mansão Addans para buscar um corpo. – Disse sem rodeios com a voz ainda baixa.

_ O que você fez?

_ É para ter um garoto sem vida lá, quero que o leve e mantenha o corpo intacto. Consegue fazer isso? – Digo ignorando a pergunta, faz-se silêncio do outro lado da linha por alguns instantes e ele logo volta a se pronunciar.

_ E se não tiver mais lá?

_ Eu sei que o senhor consegue. Quanto ao que perguntou te direi quando conseguir o que pedi. Te mostrarei tudo, e preciso conversar sobre algumas coisas que aconteceram.

_ Tudo bem então. Onde posso te encontrar e onde quer que eu mantenha o corpo?

_ Eu estou no hospital no fim da estrada que vai para Nunca Mais. O mantenha inteiro. – Após isso me despeço e desligo o telefone e volto a envolver os braços em volta de Mortícia acariciando seus cabelos que pareciam nunca amassar. Era incrível como parecia que minhas forças voltavam apenas ao estar ao lado dela.



Hello pessoas;)

Por favor não queiram me matar, estava sem inspiração mas não vou desistir até dar um final feliz pra elas, ou não...

Até mais

Tudo por elaOnde histórias criam vida. Descubra agora