MORTÍCIA

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Me despeço de Wandinha que acaba sendo mais fria que o comum. Se fosse uma mãe normal talvez tivesse partido meu coração, mas como ela mesma disse eu não tenho um, pelo menos não mais. Olho para ela e penso que não poderia ficar magoada, até porque ela é minha filha e é uma das poucas razões de eu ainda estar viva, me despeço e entro no carro para ir embora.

Antes de irmos à mansão, deixamos Feioso na casa de sua avó, ele pediu para ficar o resto da semana e eu não consegui o convencer a não ir, Gomes ficaria contente em ficar sozinho comigo naquela droga de mansão. Assim, o deixamos com a avó e fomos para casa.

Quando chegamos não dissemos nada, eu apenas subi e fui tomar um banho para descansar, tranco a porta para não ser incomodada, e consigo um pouco de paz. Termino meu banho e ponho meu pijama para me deitar e descansar desse dia. Quando estou me ajeitando para ir para a cama Gomes surge do nada na porta do quarto com a face de psicótico e fecha a porta.

_ Fica longe de mim! – Digo tentando manter distância.

Mas ele não se importava, não ouvia, nesses momentos ele só tinha uma sede insaciável que só passava quando conseguia o que queria. Ele se aproximou com aquele sorriso doentio começou a me beijar e a me apertar contra a parede.

_ Para Gomes você está me machucando!!! – Digo tentando me soltar.

Ele nunca ouvia, parecia que nem estava lá, mas dessa vez foi diferente por um breve momento seus olhos se embranqueceram e ele simplesmente me largou de vez e se deitou na cama e não disse mais nada. Eu sai do quarto e fui para um dos tantos quartos de hóspedes, tranco a porta e coloco a cadeira encostada na maçaneta da porta, me afasto esperando algum surto, alguma coisa, mas nada acontece, deito na cama e o sono não vem, apenas o medo e a sensação de alívio que eu estava sentindo por ele não ter feito nada comigo. Fico deitada e deixo as lágrimas rolarem, por várias vezes e em vários momentos desde que comecei a morar com Gomes eu pensei em acabar com meu sofrimento sozinha, mas eu não podia deixar meus filhos com esse monstro, e nunca levava a sério tais pensamento. Mas as vezes dava uma vontade imensa de simplesmente parar e desistir.

Continuo deitada chorando baixinho até pegar no sono.

Os dias iam passando e Gomes não se atreveu a fazer nada comigo daquele dia pra frente, eu não sei o que aconteceu, mas me senti aliviada. Passava a maior parte do dia dentro da minha estufa cuidando das minhas plantas carnívoras e venenosas. Ali era o único local em toda a casa em que podia ser de certa forma livre, ninguém me incomodava ali.

Passado um mês recebo uma ligação de Nunca Mais, era Larissa me chamando para uma reunião a respeito de Wandinha, ela não quis me dizer os motivos por telefone, pediu para que apenas eu fosse pois o assunto era algo que apenas uma mãe poderia resolver. Quando ela desliga vou até Gomes e lhe digo a respeito da tal reunião e digo sobre ir sozinha, por algum motivo ele permitiu eu ir, aquilo me pegou de surpresa, ele era paranoico não me deixava sair sozinha. Não espero ele mudar de ideia, arrumo minhas coisas e vou em direção a Nunca Mais.

No meio do caminho fico a imaginar o que possa ter acontecido, não consigo me antecipar, com Wandinha tudo era incerto. Estava perdida em meus pensamentos quando Tropeço freia o carro bruscamente, viro para ver o que estava acontecendo, não vejo motivo para ele ter feito isso.

_ O que está acontecendo!? – Pergunto a ele.

Ele não responde, não se move, começo a balançá-lo para obter alguma resposta. Nesse momento a porta do meu lado se abre e antes de eu me virar para ver o que estava acontecendo eu simplesmente começo a perder a consciência até tudo ficar escuro.


O QUE SERÁ QUE ACONTECEU? ATÉ A PROXIMA GALERA ;)

Tudo por elaOnde histórias criam vida. Descubra agora