MORTICIA

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Me sinto puxada para longe, dessa vez estou na floresta, tudo estava escuro e calmo. Ouço uma coruja cantar sua melodia assustadoramente bela, o vento soprar calmo e balançar as folhas das árvores, o som de grilos se misturando ao som do vento, começo a caminhar e apreciar cada momento, ignorando o fato de estar com o roupão do hospital, até que toda a calmaria da noite é quebrada por gritos de desespero e sofrimento, o que teria sido a parte mais incrível em toda a atmosfera dali, se não fosse pelo fato de eu reconhecer aqueles gritos.

Começo a ir em direção ao som, me apressando a cada vez que ficavam mais altos e mais estridentes. Ao chegar até o lugar onde estava a dona dos gritos, sinto que tudo ao meu redor paralisa, ali bem na minha frente estava Vivian ajoelhada segurando em um dos braços o meu próprio corpo desfalecido e imóvel e no outro estava Wandinha que também estava da mesma maneira, havia sangue em todo o nosso redor. Logo em sua frente estava Gomes, de joelhos no chão com minha espada enfincada em seu corpo, sorrindo vitorioso ao ver a cena. E ao redor daquele lugar vejo vultos aparecendo de todos os lados nos rodeando, se aproximando lentamente do local em que estávamos, quando as criaturas chegam a parte iluminada consigo observar que eram vários Hydes.

Antes que eu pudesse fazer ou pensar alguma coisa eu simplesmente volto e percebo que não estou mais dentro daquele hospital. Estou caminhando pela floresta escura ao lado de Gomes que segurava um de meus braços, eu tento me soltar e vejo que todo meu esforço é inútil, ainda não tenho o controle do meu próprio corpo. Ele percebe minhas tentativas e vira seu rosto para o meu e com um sorriso de canto me pergunta:

_ Como foi sua visão cara mia?

Me esforço para tentar falar mas nada sai, ele percebe e então cochicha algo muito baixo e sinto que naquele momento era como se uma mordaça que estava me impedindo de falar simplesmente tivesse sido removida.

_ Onde elas estão? – Falo sussurrando, com o fôlego curto.

_ Você ainda não me respondeu.

_ Foi muito satisfatório, você nem imagina. – Digo escondendo a verdade para irritá-lo, e ao que parece surtiu efeito. – Agora é sua vez de responder minha pergunta.

_ Bom, aquela peste que você chama de filha eu não sei, mas o seu erro está logo atrás da gente. – ele aponta o dedão para trás.

Quando me viro vejo Vivian com o rosto sério nos encarando, e quando tento dizer algo as mordaças invisíveis voltam e não consigo proferir nem mesmo um suspiro. Gomes me puxa e sussurra ao meus ouvidos.

_ Achou mesmo que eu deixaria você conversar com ela?

Ele não me deixa falar mais, e continuamos nosso caminho floresta a dentro. Me forço a relembrar daquela visão novamente, não fazia sentido eu ter daquele tipo, as minhas sempre são visões positivas, porque essa era diferente?

Continuo procurando uma resposta, mas nada me vem a mente, sou tirada de meus pensamentos quando começamos a parar numa parte aberta bem no meio da floresta, a única luz que iluminava o local era a da lua cheia.

Gomes começa a se virar para encarar Vivian, mas antes que seus olhos se cruzassem ele paralisa e seus olhos ficam completamente brancos, nesse exato momento as forças que me mantinham de pé somem, caio bruscamente no chão, me viro em busca de Vívi e a vejo também parada encarando Gomes com os olhos também em branco, mas tem algo errado, ao redor de seus olhos começam a aparecer lentamente riscos escuros, e aos poucos os olhos que estavam totalmente brancos vão tomando um tom avermelhado que começava no centro e ia se espalhando para toda a órbita.

Tudo por elaOnde histórias criam vida. Descubra agora