Despertei com uma dor de cabeça horrenda, o ar fresco invadiu meus pulmões, expulsando assim o restante de água que havia em meu corpo. Logo, o frio se apresentou, arrepiando minha pele e obrigando meus dentes a se baterem.
Eu quase...
Senti uma mão em minhas costas, migrando meu raciocínio de quase morte, para um susto. Virei-me e meuseus olhos se encontraram com os dele, eram castanhos e preocupados. As sobrancelhas franzidas denunciava o que se passava em sua mente.
- A senhorita está bem?
- Não toca em mim! - o mesmo se distanciou pedindo desculpa. - Por que me tirou dali? Eu queria estar ali!
- A água deve ter ido para sua cabeça. Salvei a sua vida! Preferia que seus pulmões se afogassem em água? - respondeu enquanto amarrava seus cabelos escuros. - O que é isso em seu rosto?
Tentei esconder a marca que Ezequiel deixou em mim, porém o jovem rapaz tentou segurar meu rosto para ver melhor. Bati em sua mão bom tamanha audácia.
A julgar pela minha reação, possível mesmo que boa parte da água do rio esteja circulando ainda pelo meu cérebro.
- Já disse para não tocar em mim! - ele voltou a se distanciar, seu semblante estava confuso, mas o brilho de pena perpetuava em seu rosto. - Quem é o senhor?
- Lance, do reino de Dazzo - olhou para o céu. - Está ficando tarde, quer que eu lhe acompanhe até sua casa? Uma mulher como a senhora é um alvo fácil para homens sedentos.
Levantei, torcendo a barra de meu vestido. Meu marido mataria ambos se nos visse andando juntos.
- Não precisa, senhor - suspirei pensando no martírio que seria voltar para casa. - É melhor voltar para o meu lar desacompanhada.
Lance me encarou por longos segundos, tempo o suficiente para me deixar desconfortável e com um formigamento estranhamente bom no estômago assim que soltou um sorriso, discreto, porém notável. O mesmo levantou, passando a mão em suas vestimentas encharcadas. Aquele tecido era nobre, aquele homem não era um qualquer.
- Senhorita, confesso que é uma mulher corajosa. Me surpreende, do mesmo jeito que me intriga e me faz questionar do motivo de estar no fundo do lago - me deu passagem. - Tenha uma ótima noite!
- Igualmente, senhor.
Assim que dei os primeiros passos, Lance me interrompeu com a mão no meu ombro. Assim que olhei para seus dedos enxeridos, o mesmo tratou de mantê-los longe de mim.
- Esqueci que não gosta de toques, perdoe-me - o encarei. - Seria imprudente da minha parte querer vê-la novamente? A senhorita me intriga.
- Sim, é muito imprudente. Com licença.
Dito isso, continuei minha caminhada de volta para casa. Minha cabeça pulsava no mesmo ritmo do coração, sentia uma leve dor no peito, como a que fica quando se passa um dia inteiro tossindo sem intervalos.
Por segundos tomei uma das piores atitudes que uma pessoa poderia tomar, pessoas me apedrejariam se descobrissem o que tentei fazer. Tirar a própria vida era contra a vontade de nosso Criador, mesmo que eu tenha certeza de que Ele virou as costas para mim há muito tempo.
Abri a porta com lentidão, não podia arriscar algum barulho. Pelo menos não sem ter certeza de que Ezequiel estava em casa ou não. Por sorte, ele ainda estava na cidade e isso me dava tempo suficiente para terminar minhas obrigações.
Terminei o jantar e antes mesmo que o mesmo se fizesse presente, me obriguei a deitar naquela cama. Talvez se eu estivesse dormindo, não desse oportunidade para que tentasse algo contra mim.
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𝚃𝙷𝙴 𝙰𝙱𝚂𝙾𝙻𝚄𝚃𝙴
Historical Fiction☽ TODOS INVEJAM PESSOAS BEM SUCEDIDAS, É FÁCIL SER RECONHECIDO QUANTO ESTÁ NO TOPO. NINGUÉM PRESTA ATENÇÃO QUANDO VOCÊ ESTÁ NA LAMA E CONFESSO QUE SINTO FALTA DE SER INVISÍVEL. ☾