Visita

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Mesmo não oferecendo motivos, os socos de Ezequiel se tornavam cada vez mais pesados e dessa vez, era de manhã e ele ainda permanecia em casa. Ontem, o mesmo havia se embebedado e isso me causou um corte nos lábios, entretanto, juntei coragem para perguntar o que estava fazendo-o ficar em casa. 

— Um nobre vem aqui. Ele quer algumas peças de madeira para sua nova casa, no vilarejo — Ezequiel sorriu e aquilo me assustava mais do que qualquer coisa — É um forasteiro e burro, com sorte, posso tirar proveito disso. 

— Não sei se isso seria...

— E DESDE QUANDO SUA OPINIÃO IMPORTA? — bateu na mesa e eu me calei. — Achei que tinha te ensinado modos! 

  Puxou-me pelo braço, agarrando meus cabelos e tentei não lutar contra ele, mesmo que meus instintos implorassem por uma fuga. Ezequiel conhecia aquela floresta como ninguém, afinal, crescera ali, notaria o cair diferente de uma única folha. Ele me encontraria facilmente e isso seria do que agora. 

— Está considerando fugir? — percebeu meu olhar para a porta. Segurou meu rosto com força, forçando-me a olhá-lo diretamente. — Se um dia tentar isso, torça para que eu não te encontre. Quebro suas pernas, ouviu bem? — chacoalhou minha cabeça. — ESTÁ ME OUVINDO? 

  Assim que iria concordar com Ezequiel, alguém bateu na porta e isso fez com que ele me soltasse. Me senti aliviada, porém, assim que abri a porta segurei um suspiro assustado e procurei ao máximo disfarçar minha surpresa. Manter a neutralidade nunca foi tão difícil.

  Enquanto preparava algo para ambos comerem, tentei manter o foco

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  Enquanto preparava algo para ambos comerem, tentei manter o foco. Por qual motivo ele estaria aqui? Claro, o comerciante pode comprar de outros, mas havia tantos marceneiros pelo vilarejo...

— Me falaram muito bem do senhor e do trabalho que faz — comecei a ouvir a conversa. — Sou um apreciador de qualquer tipo de arte.  

— Fico lisonjeado com sua presença — Ezequiel falou, poda sentir a falsidade em suas palavras, agora mansa. Ele era uma víbora carniceira ambiciosa.  

— Bem, eu me mudei recentemente e gostaria de uma coluna com relevos, peixes para ser mais específico. Carpas maravilhosas indo em direção aos céus!

— Trabalhoso — reparou meu marido. 

 — Eu imagino, por isso estou disposto a pagar qualquer quantia — se apressou. — Se importa de me oferecer água? Estou morrendo de sede. 

— Claro que não! Querida, — gritou por mim. — traga água e algo de comer para este belo homem!

  Pães feitos recentemente e ainda quentes, acompanhados por maçãs frescas e água, era isso que tinha no momento e foi isso que pude oferecer. 

  Evitei contato visual, mesmo que Lance não fizesse o mesmo. Sentia seu olhar queimar minhas costas. Assim que iria me retirar, sua pergunta impertinente arrancou-me calafrios. 

— Essa é sua esposa?  

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𝚃𝙷𝙴 𝙰𝙱𝚂𝙾𝙻𝚄𝚃𝙴Onde histórias criam vida. Descubra agora