Entusiasmo

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  Dormir tranquilamente foi uma tarefa difícil, apesar de ser livre, ainda tinha a impressão de que Ezequiel entraria por aquela porta e me arrastaria novamente ao inferno. Quando fechava s olhos, seu repugnante rosto aparecia. Seria atormentada por este demônio para sempre? Jamais teria uma boa noite de sono?

  Não precisei ouvir novamente o cantar do galo para enfim levantar, afinal, sequer fechei os olhos essa noite e tive um sono descente

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Não precisei ouvir novamente o cantar do galo para enfim levantar, afinal, sequer fechei os olhos essa noite e tive um sono descente.
Me olhei no espelho, alguns roxos estavam desaparecendo, outros machucados já aparentavam sinais de cura.

Uma batida na porta chamou-me a atenção e logo fui ao encontro do som, sem dar importância as minhas vestimentas. Encontrando Lance, que me encarava como se estivesse vestida de bobo da corte.

— Bom dia, Lance! — o mesmo virou de costas para mim e meu sorriso desapareceu. — O que foi? Fiz algo?

— A senhorita não deve atender as pessoas com esses trajes e seria ainda pior se eu ficasse a olhando. Vista algo e volte. Só aí poderei virar e vê-la.

— Ah, desculpe. Um momento, — fechei a porta e me troquei, mal vira o vestido verde que me aguardava debruçado em um baú. Voltei a abri-la. — Pronto, não havia visto o vestido. Como o colocou lá?

— Não entro em seu quarto sem ser convidado, Náiade — vendo minha curiosidade, se apressou em responder. — Mandei as criadas levar suas vestimentas antes acorde. Todos os dias, esperando você adormecer para acordar com uma surpresa.

Assenti e agradeci.

— Agora a senhorita poderá aceitar meus presentes — sorriu com entusiasmo e sorri de volta. Ficamos por longos minutos nos encarando, até ambos ficarem sem jeito. — O café da manhã já está posto e Henry nos aguarda.

— Deve estar impaciente — brinquei.

— Isso ele já é por natureza — Lance estendeu o braço — Me acompanha?

Aceitei se pedido e enquanto caminhávamos pelos vastos corredores da casa, Lance dizia detalhadamente todos os planos para nós dois hoje. Sua mão direita não parava de gesticular, seus olhos brilhavam e o sorriso insistia em brotar de sua boca. Ele estava tão entusiasmado que me deixava feliz apenas o observando.

Sentamos a mesa e começamos a comer, porém, não podia deixar de perceber o silêncio de Henry e suas encaradas constantes.

— Quer falar algo, Henry? — Lance o encarou.

— Não, meu irmão — tomou água e limpou o rosto — Apenas uma única coisa, irei voltar tarde. Haverá problema?

— Desde que não me presenteie com um sobrinho — respondeu e depois se calou, percebendo minha presença. — Perdoe-me pelos meus modos, Náiade.

— Tudo bem, Lance.

— Os modos não ficam escondidos por muito tempo — Henry levantou. — Vou indo. Espero que tenham um dia agradável e animado.

Assim o garoto saiu e Lance suspirou, mas se alegrou dizendo que o dia realmente seria agradável e animado. 

𝚃𝙷𝙴 𝙰𝙱𝚂𝙾𝙻𝚄𝚃𝙴Onde histórias criam vida. Descubra agora