Capítulo 13

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POV. Seokjin

- Sabe, quando Hoseok disse que tinha uma amiga vidente, eu não imaginei que seria a bibliotecária da minha faculdade.

Sentado numa almofada verde com detalhes dourados, grande o suficiente para me deixar confortável, ergui meus olhos para a mulher parada no canto da sala.

Katy sorriu. Seu rosto era jovem, apesar da idade avançada. Ela veio se sentar na outra almofada.

- O futuro está sempre mais próximo do que as pessoas imaginam. - comentou.

Hoseok tinha me dado carona até a casa da senhora Katy. O lugar era pequeno e com uma atmosfera sinistra, incensos acesos deixando o ar embaçado e cheirando a alecrim.

Na sala de estar, apenas uma janela aberta permitia o ar fresco entrar e o lustre no teto balançava suavemente. Havia uma mesinha de centro, de madeira, entre Katy e eu, já coberta por um bule fervendo e xícaras.

- Como você lida com isso? - perguntei, vendo-a encher minha xícara com chá verde - As visões me cegam à ponto de pôr minha vida em risco.

- Você disse estar tomando uma poção para isso? - ela checou.

Concordei, assistindo a fumaça sair do chá.

- Cortar as visões não é uma decisão inteligente. - Katy aconselhou - Uma hora elas vão explodir de novo. Aceite, mergulhe nelas, treine. Só assim para aprender a controlar.

- Mas são tão... terríveis.

Senhora Katy apoiou o bule na mesinha. Era um bule bonito, antigo, toda a casa parecia ter sido decorada com antiguidades. Katy focou seus olhos azuis em mim, grandes e misteriosos.

- Pense no mundo como uma máquina, - disse ela - sem todas as peças, ele não funciona direito. Você é importante, Seokjin. Pode ser assustador agora, mas essas visões não poderiam ser profetizadas por ninguém além de você. Cada um tem seu destino, e esse é o seu.

Não sabia se estava confortável com essa afirmação. Ter a responsabilidade do futuro nas minhas costas era assustador na mesma proporção que era excitante.

- Uma regra importante que devo mencionar: A Regra do Silêncio. - Katy bebericou seu chá - Talvez não agora, mas em algum momento você vai querer contar o que vê. Não faça.

Sua voz se tornou séria. A luz amarelada do lustre tocava seus cabelos negros com cuidado, como se toda a casa já tivesse aceitado a força que sua dona possuía.

- O futuro é imprevisível, mesmo para aqueles que tem uma visão mais clara dele. - ela continuou - Uma palavra e as decisões seguintes serão modificadas e a antiga linha do tempo mudará de forma drástica.

- Eu não posso mudar o que vejo? - questionei - Então para quê sirvo?

Pensei em Soobin. Pensei na imagem do seu corpo caindo aos meus pés, a vida extinta de seus olhos.

Katy baixou a voz, gentil:

- Às vezes, encontramos nosso destino pelo caminho que tomamos para evitá-lo.

Suas palavras me fizeram arrepiar. Acho que no fundo eu já sabia que não poderia tentar impedir, mas a realidade desse fato era tão injusta.

- Tente meditar. - ela continuou após meu silêncio - Num lugar calmo, deixe as visões virem até você e as organize em sua mente da forma que preferir. Eu, por exemplo, falo em versos, profecias e maldições.

Ela gesticulou para o lado, onde ficava a lareira. Ali em cima estavam livros de capa dura, grossos e vibrando com a força das palavras ali escritas.

Katy continuou olhando para eles por um tempo, a mente perdida na curiosidade de saber se um dia estaria viva para viver tudo que previu.

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