Capítulo 4

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POV. Jungkook

Sabe quando você acaba de sair de um brinquedo gira-gira tipo o Xícara Maluca, e quando seus pés atingem o solo firme ainda sente que está girando? Seu cérebro entende que o brinquedo parou mas seu corpo continua tonto e enjoado.

Era assim que eu estava me sentindo.

A parte mais surreal não era ter sido atacado por um cara possuído por um demônio, ou um bando de ninjas me salvarem duas vezes. A parte mais bizarra era que no dia seguinte eu tinha aula na faculdade.

Eu estava parado no meio do corredor. O teto tinha velas negras penduradas, as paredes cobertas por aranhas e morcegos de plástico e teias falsas. O chão com pegadas feitas de sangue falso.

E as pessoas, alunos da faculdade que iam e vinham, rindo, comendo, conversando e reclamando das aulas. Todos tão ocupados com seus dias estressantes, passando perto de mim, ainda parado no meio do corredor com meu cérebro rodando.

— Bem vindo de volta. - Kim Taehyung falou tão de repente que me encolhi.

Tae não pareceu perceber, ele sorria animado como sempre, passou um braço por meus ombros e continuou falando:

— Não use o banheiro do terceiro andar, colocaram umas pegadinhas sinistras por lá. É uma pena que a gente vai ter que tirar tudo isso, né? Mas o diretor Bang está um saco, ele sempre fica rabugento nessa época do ano. E olha que a gente nem jogou ovo na casa dele, igual ano passado.

Continuei olhando para Tae. O cabelo escuro raspado dos lados, a barba por fazer, os olhos escuros com cílios longos. Ele continuava tão ele.

— Tudo bem, cara? - Tae franziu a testa - Você devia estar aqui? Quando seu atestado acaba?

Apertei a alça da mochila e passei a mão nos olhos, tentando me concentrar no presente.

— Se eu ficasse mais um dia em casa, enlouqueceria. Senti falta até das aulas cheias de cuspe do senhor Dragon.

— Que nojo. - Taehyung riu - Sua alegria vai passar logo. Hwasa falou que a Psicologia vai ter que limpar as pegadinhas dos banheiros.

— Bang nos odeia, só pode ser isso.

Kim continuou rindo e tagarelando sobre os dias de aula que perdi, me arrastando pelo corredor até o andar onde Hwasa estava nos esperando para começar a faxina.

Os banheiros masculino e feminino ficavam um de cada lado do corredor. A sala inteira do curso de Psicologia e alguns curiosos de outros cursos estavam por ali.

O diretor Bang tinha disponibilizado produtos de limpeza que ocupavam os cantos das paredes. Hwasa já estava montada com sua proteção contra pegadinhas sujas, com luvas, botas, touca no cabelo e uma expressão nada contente.

— Então esse é o banheiro feminino. - comentei, espiando a porta aberta - Não é tão diferente do masculino, meio decepcionante.

Taehyung concordou.

O banheiro tinha virado quase uma zona de guerra. Dava para distinguir as pegadinhas: mãos de sangue no espelho, palhaços que gritavam toda vez que um box era aberto e também baratas de plástico saindo dos cantos mais inoportunos.

Algumas garotas já tinham começado a limpeza, jogando os bonecos no latão grande de lixo. Mas foram interrompidas quando uma delas abriu a torneira e sangue falso começou a espirrar para todo lado.

Taehyung, Hwasa e eu pulamos para longe do alcance do sangue, Tae tropeçou numa pá de lixo e se segurou em mim para não cair, o que quase levou nós dois ao chão.

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