Capítulo 3

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POV. Jungkook

O clássico cheiro de hospital.

Minha mãe sendo enfermeira eu deveria ter me acostumado, certo?

Errado.

Não importa quantas vezes entrei ali para levar almoço ou um lanchinho para minha mãe, eu ainda odiava o cheiro.

Franzi minha testa, tentando abrir os olhos. A luz branca doeu e eu ergui a mão a frente do rosto.

Aos poucos fui me acostumando e consegui enxergar o quarto.

Maca simples, quarto pequeno e branco. Agulha enfiada na veia da minha mão e o som dos meus batimentos na máquina.

Minha mãe estava de costas para mim, digitando no celular. Ela fungava de vez em quando, chorando baixinho. Senti um aperto no coração por deixar minha mãe preocupada.

Tentei falar mas minha garganta estava seca e um som estranho saiu.

Ela se virou imediatamente e seu rosto se iluminou quando me viu de olhos abertos.

- Oi, amor. - sussurrou, se apressando em segurar minha mão e acariciar meu rosto.

Os dedos carinhosos e macios arrumaram meus cabelos, seus olhos estavam avermelhados, mas ela sorria.

Jihyo entrou no quarto, com um copo de café na mão e também correu até mim quando me viu acordado.

- Como se sente? - minha irmã perguntou, tocando minha outra mão.

- Bom... - suspirei - Minhas sobrancelhas não doem.

As duas riram baixinho, aliviadas.

As memórias foram voltando aos poucos. Então tudo aquilo não tinha sido um sonho. Eu meio que desejava que tivesse sido.

Soltei as mãos delas devagar e levei ao meu pescoço, sentindo o vergão que se formou das mãos fortes daquela... pessoa.

- E o Ban? - indaguei, subitamente preocupado.

- Seguro. - mamãe garantiu - Se recusou a ficar longe de você, então eu pedi para o veterinário vir vê-lo aqui. É madrugada, mas devido às circunstâncias...

Sua frase morreu no meio.

Jihyo me analisava com cuidado, eu a conhecia o suficiente para saber que tentava esconder a angústia, mas seus olhos pegavam cada detalhe do meu corpo e o cabelo escuro preso num coque desleixado não era do seu feitio.

Foquei a atenção nas marcas no meu pulso e nos cortes pequenos na palma da mão.

Os olhos negros, o rosnado, meu cachorro atacando e me protegendo. De repente meu tornozelo começou a doer, mas eu sabia que era só a lembrança me fazendo reviver a dor.

- Como eu cheguei aqui? - perguntei baixinho.

Minha mãe ajeitou mais meu cabelo.

- Alguns jovens passavam na rua quando ouviram você gritar. A polícia já começou a busca pelo agressor. Talvez precisem que você dê uma descrição, mais tarde.

Pisquei, lembrando que eu tinha sido salvo. Eu tinha sido carregado por um deles.

- Mas só mais tarde, ok? - Jeonghee sorriu pequeno - Agora eu vou chamar a Dra. Sandara e ela vai dizer como você está.

Assenti, tentando espelhar seu sorriso.

Eu não sabia o que pensar ou o que sentir. Meu corpo inteiro estava dolorido e as lembranças pareciam escuras demais, longínquas demais.

Mad World | pjm + jjk | Jikook versionOnde histórias criam vida. Descubra agora