Capítulo 9

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POV. Jungkook

Se não fosse por Irene liderando o caminho para fora do Labirinto, eu teria ficado preso ali dentro para sempre.

Não era surpresa que mesmo depois dos palhaços se mostrarem monstros famintos e horríveis as crianças não conseguiam fugir deles, se tentassem não achariam a saída.

O Labirinto foi criado para ser confuso, com a recente descoberta que o Golden Circus era mágico, eu desconfiava que usaram um pouco de magia para torná-lo ainda mais confuso. Todas as cartas do baralho formavam pirâmides altas e em todas as curvas eram as mesmas cartas, dando uma ilusão de nunca sair do lugar. Além das luzes coloridas que faziam os olhos doerem.

Irene usou o céu estrelado como guia, seguindo determinada até estarmos do lado de fora, onde a multidão do circo assistia os fogos de artifício, alheios à briga que rolou ali dentro.

Jimin e Irene levaram a garotinha para os pais e Soobin me conduziu até o carro, dizendo que quanto mais rápido saíssemos dali, melhor.

— Vamos deixar os Wendigos daquele jeito? - perguntei, desviando de um grupo de pessoas e me apressando por baixo do arco de entrada.

— Jimin vai avisar o Mestre de Cerimônias para dar um jeito neles. - Soobin explicou.

Assenti, o circo devia estar acostumado com monstros. E por mais perturbadora que a ideia seja, se alguma família comum encontrasse eles, acharia que era apenas parte da decoração de Halloween.

Por um momento a cena do Wendigo me segurando no chão e mostrando a boca de tubarão foi tão assustadora que tive que me apoiar no carro, minha respiração ficando difícil.

Ergui o olhar e dei de cara com meu reflexo na janela, o rosto coberto de sangue. Meus olhos arregalados, parecendo afogar no meio da agonia e pavor de ter aquilo na minha pele.

Passei a mão depressa, mas isso só fez piorar e minhas mãos agora estavam grudentas e com cheiro de ferro.

— Ajuda se lembrar que é o sangue de um monstro. - Soobin comentou.

Virei para ele e ele me entregou um lenço.

Soobin estava pleno, com luvas sem dedos, postura alerta mas relaxada, cabelo uma bagunça e pés inquietos, por causa da adrenalina da luta.

Ele me olhava com compreensão e não fez nenhum comentário quando esfreguei meu rosto tão rápido e com tanta força, meus olhos enchendo de lágrimas. Eu não sabia porquê tinha vontade de chorar, o medo que passei, por mim ou pela menininha que salvamos.

Respirei fundo, relaxando um pouco ao lembrar que ela estava segura agora.

Não demorou para Park Jimin e Irene voltarem. Eles caminhavam lado a lado, no mesmo ritmo. Diferente de mim, nem um pouco incomodados com o sangue nas mãos.

Notei que Irene guardava um daqueles apagadores de memória no bolso da jaqueta e franzi a testa.

— O que vocês fizeram? - perguntei.

A moça voltou os olhos azuis para mim.

— Em momentos como esse, é mais seguro apagar a memória da criança. Evita um trauma.

Devolvi o lenço sujo para Soobin mas ele negou e eu o guardei na calça.

Sentia um desconforto começando a dar sinal no fundo da minha mente. Avaliei os dois caçadores na minha frente.

— Com que frequência vocês usam isso?

— Não tanta quanto esse seu cérebro julgador está achando. - Jimin respondeu, na defensiva. Ele então se virou para Soobin e Irene - Amanhã vamos procurar os pais dos outros três garotos desaparecidos. Temos que apagá-los antes que o problema piore.

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