Capítulo 35

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POV. Jungkook

Jin, Namjoon, Jimin e eu corríamos pela floresta, desviando de árvores, ouvindo estrondos de batalha e tendo os pelos arrepiados com explosões de magia.

— Eu posso fechar! - Jin falava, ofegante da corrida - Sou um vidente! Eu tenho força sobrenatural para conseguir fechar!

— Eu te ajudo. - Namjoon falou.

— Esperem meu sinal. - mandei.

Jimin parou de correr e me segurou. O cabelo uma bagunça, a expressão dura. Sujo e cansado. Mas ainda assim lindo como sempre.

— Jungkook, o que você pretende? - questionou.

Aproveitei a parada para tomar fôlego. Eu estava melhorando, as forças voltando aos poucos, mas não estava cem por cento.

— Isso não vai acabar enquanto o Nogtisune não morrer. - eu disse.

Jimin registrou minhas palavras e balançou a cabeça, daquele jeito teimoso.

— Eu não vou deixar você se matar! - declarou - Se eu tiver que escolher entre condenar Salem ou ter você vivo, eu sei qual é minha escolha!

— Nós não sabemos se eu vou sentir. - protestei - É como sua mãe disse, ele só está com a minha aparência.

Um estrondo maior nos fez abaixar em reflexo.

Uma enxurrada de criaturas começou a surgir por entre as árvores, correndo, pulando, uivando. Namjoon e Jimin prepararam as armas, mas os Fugitivos desviaram de nós. Se repartindo ao nosso redor como se não importássemos. Tinham outro objetivo.

Vi a luz do Purgatório e disparamos a correr de novo. Freamos os passos quando a porta ficou visível na escuridão da floresta. Estava ali. Uma porta sem paredes. No meio do nada. Aberta para uma outra dimensão.

Em intervalos, mais criaturas iam saindo por ela, se acotovelando.

E ali em frente, de costas para porta, a luz cinzenta moldando sua silhueta, estava o Nogtisune. Meu rosto, minhas roupas. Mas olhos famintos, e sorriso frio.

— Ninguém nunca chega tão longe. - ele falou, os braços unidos às costas, relaxado - É fofo como acham que podem impedir alguma coisa.

Saquei minha adaga. Isso atraiu a atenção da Raposa.

— Pronto para morrer? - ele debochou.

— Você quer tanto que a gente acredite nisso, não é? - falei, dando passos para o lado - Está blefando. Precisa que a gente acredite nisso.

A Raposa me seguia com o olhar, dando passos na minha direção.

Jin e Namjoon foram pelo lado oposto, aproveitando a distração para tentar se aproximar da porta.

— Eu não preciso de nada. - o Nogtisune sibilou - Vocês estão onde eu sempre planejei. E vão morrer como os heróis estúpidos que pensam que são.

Me forcei a dar um sorriso de escárnio.

— Até agora você só falou. Assustado demais para me atacar?

No segundo seguinte ele tinha dado um chute na minha cabeça. Se moveu tão rápido que nem registrei.

Caí de costas e rolei para o lado quando o Nogtisune saltou. Ouvi a criatura atingir o chão bem ao meu lado, lançando ondas de choque e sombras pela terra.

Ele se levantou acima de mim, e dei um golpe para o alto com a adaga.

Meu braço tremeu e meus dentes bateram quando a lâmina atingiu a pele da Raposa e se partiu, caindo em pedacinhos no meu rosto.

Jimin pulou em cima dele e os dois foram rolando pela sujeira. Park deu um soco e recebeu uma joelhada no queixo, caiu para trás mas eu já estava em pé e dei um chute na cabeça da Raposa.

Ele segurou meu pé e me puxou para o chão. Subiu em cima de mim, e me deu um soco no nariz. Meus olhos lacrimejaram, mas não senti o osso quebrando. Ele não estava em sua força total.

Park o pegou por trás pelo pescoço. Mas seu medo de eu sentir o fez hesitar. A Raposa agarrou seus braços e o girou no ar, jogando contra uma árvore.

Vi Jimin ficar de pé na hora, mas foi segurado por um Reeble. Reeble são criaturas idênticas à árvores. Adormeciam durante o dia e quando a noite chegava atacavam suas vítimas até imobilizá-las e poder beber seu sangue.

Era estranho ver Jimin lutando com uma árvore, mas não tive tempo de assistir. Ganhei um soco e cuspi sangue, gemendo e virando no chão coberto de terra, folhas secas e raízes.

O Nogtisune ficou em pé. Mas eu não podia deixar que se virasse para Namjoon e Jin.

Me forcei a levantar, dei um chute nas suas costas. Ele virou, rosnando e furioso. Deu um soco e eu desviei, o empurrando com o ombro para trás.

Levei uma cotovelada nas costelas e uma joelhada no queixo. Dei um soco na sua barriga, mas meu braço foi segurado.

A Raposa riu contra meu rosto.

— Você sabia que Raposas se alimentam do caos? E eu estou faminto, Jungkook.

Suas garras nos meus braços começaram a puxar toda a dor que eu sentia. Meu luto, minha culpa, minhas brigas e a dor da batalha.

De relance vi Namjoon e Jin empurrando a porta com todas as forças que tinham, movendo centímetro por centímetro.

Jimin surgiu ao meu lado e puxou a Raposa pelos ombros, a jogando para trás.

Corri. Essa era minha chance.

Me joguei contra o Nogtisune, o pegando de surpresa. Chutei, arranhei e soquei, até ele dar passos para trás.

Ouvi Jimin gritando meu nome, mas eu já empurrava o Nogtisune em direção à porta do Purgatório. O jogando para dentro.

Suas garras firmaram na minha pele e ele me puxou junto.

Foi como passar dentro de um ar condicionado. Frio e seco.

Caí rolando na areia. Bati em pedras e gemi de dor, meus braços fracos, tentando me ajudar a levantar a cabeça.

O Purgatório era um horizonte de deserto e árvores secas. Seguia infinitamente.

Uma fila de monstros se espremia para passar pelo portal. Pareciam nem ter me visto entrar. Concentrados no próprio objetivo.

O Nogtisune rolou até estar em pé. Ele me fitou com ódio.

— Acha que pode me vencer no meu próprio jogo? Você pode matar aquele bando de criaturas nojentas, mas eu?! - ele dizia, afobado.

A cada passo ele ia mudando, o que antes era minha aparência agora se alongava como uma Raposa mesmo, sombria e cheia de pontas cortantes. A boca longa e escancarada, as garras negras, os olhos sombrios. Ele foi agarrando a areia e subindo até mim.

— EU TENHO MIL ANOS DE IDADE! VOCÊ NÃO PODE ME MATAR! - berrou.

Me encolhi para trás e usei toda minha força para chutar com meus dois pés ao mesmo tempo.

Para minha surpresa, ele foi jogado metros longe. Rolou, soltando fumaça preta. Virou o rosto para mim, a mão meio humana e meio raposa tocou o rosto, onde meus tênis cortaram, uma linha que escorreu sangue azul.

— Meio fracote para alguém de mil anos. - falei, ofegante.

Uma mão forte e familiar agarrou meu braço e me puxou para trás com toda força, me arrancando do Purgatório.

Caí contra a terra da floresta, rolando pesadamente. Me segurei numa raiz de árvore e levantei a cabeça.

Namjoon e Jin fecharam a porta do Purgatório com um estrondo.



[não revisado]

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