Capítulo 206: A porra da primeira regra

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POV Luna

— Vingança pelo quê? — Questiono e o olhar dela se desvia de mim para alguém nas minhas costas.

— Pela sua traição. — Ela responde entre dentes.

Traição? Sério? Isso foi há anos e agora que ela decidiu cobrar isso? Não faz sentido.

— É verdade? — Viro para o homem de postura reta atrás de mim.

— Sim, foi você que não fez a pergunta correta. — Octavius estava sério.

— Foco na luta, Luna. — Gonzales chama a minha atenção e novamente soam o apito.

Uma nova sequência de golpes, mais racionais que antes. Movimento-me pelo ringue enquanto tentava encontrar mais uma brecha e ela acerta um soco na minha boca. O impacto contra os meus dentes resultou num corte no meu lábio inferior. Consigo sentir o gosto de sangue, mas não tinha tempo para colocar um curativo.

— Nossa! Por essa ninguém esperava, Clarisse fez Luna sangrar com um soco em cheio na boca. Voltamos ao empate. — Gonzales narra para aqueles que não perceberam.

— O que ela tinha a mais do que eu? Mais força, liderança? O que diabos a fazia melhor do que eu? — Clarisse andava nervosa pelo tablado.

— Não se trata de quem ela é ou era, mas dos meus sentimentos. O meu amor sempre foi dela, mesmo com todas as dificuldades, era o rosto dela que me inspirava a ser o meu melhor diariamente. — Respondo da forma mais honesta que podia.

Clarisse guardou todos esses sentimentos por tanto tempo. Pensei que no dia que terminamos ela tivesse aceitado até bem rápido. Era tudo mentira? Então ela fingiu ter superado todos esses anos só para descontar essa raiva agora? Isso não faz sentido. A confusão na minha cabeça fazia o meu corpo se mover de forma automática. Sai dos meus pensamentos ao vê-la caída com as mãos no rosto. Foi como um instinto e o que aconteceu segundos antes se repetiu em flashs da minha memória. Ela tentou me prender num dos cantos do ringue e assim que desviei de um dos socos dela, acertei um gancho mais forte do que o necessário, o qual escapou do queixo e atingiu o nariz.

— VADIA! — Ela grita de raiva enquanto observava o sangue nas mãos.

— Agora é o sangue da Clarisse sobre o tablado. — Gonzales ria com a multidão.

— Por que essa vingança agora? Já se passaram anos, pensei que tivesse superado. — Digo confusa com os motivos dela.

— Superado? Apenas engoli as suas palavras depois que vi vocês duas quase a se comerem atrás duma casa qualquer. Você nunca pensou em mim como sua namorada, fui apenas um tapa buraco e quando ela quis, a cadelinha voltou às pressas para os braços da dona. Nojo, foi isso que senti de você desde do momento que decidiu me trair, mas não sou idiota ao ponto de deixá-la sair ilesa. Já me vinguei, só quis machucá-la mais um pouco hoje. — Clarisse transmitia orgulho em cada palavra.

Já se vingou? De que merda ela se refere? Foi tudo um teatro? Com qual intuito? O que ela conseguiu com isso? Tantas perguntas surgiam a minha mente. Vim aqui buscar respostas e provavelmente vou sair com mais questionamentos. O soar do apito, a campeã tem direito a cinco perguntas e preciso solucionar as minhas dúvidas.

— Perguntou o que ela tinha a mais que você, essa é fácil de responder, mas não quis a humilhar na frente de tanta gente. — Tento mexer com o psicológico dela, na tentativa de fazê-la falar algo importante. — Cristal Giorno é tudo que você nunca foi.

Nem a distância nos separa (Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora