POV Luna
Não demoro tanto para levantar, ouço algumas risadas e mantenho a mão sobre o meu olho direito.
— E mais uma vez Luna Carter consegue se levantar. Não sei vocês, mas estou excitada com essa luta. Faça a pergunta, Umi. — Gonzales quase invadia o ringue, pendurada nas cordas.
— Qual a idade da Chiara? — Ele parecia apreensivo pela resposta.
— Dezoito anos. — Respondo e já preparo para a próxima rodada quando o apito soa.
— Desisto. — Umi cainha tranquilo até as cordas e sai do tablado.
— Não! Sério? É brincadeira, né? Caraca! Umi sempre acaba com a diversão. — Gonzales reclamava enquanto o observava acompanhar Jenny até um quarto. — Faça as suas perguntas, vencedora. — Ela debocha desanimada.
Kuro encarava-me a minha espera. Sobre o que devo perguntar? Cristal? Sombras? Um estalo vem à mente.
— Como conheceram Cold Jhonnes? — Ele sorri.
— Há uns cinco meses, os Red Murders visitaram a cidade. O nosso primeiro contato não foi com o Cold, mas com o braço direito dele, Michael Scofield. Ele nos propôs uma reunião, nessa conhecemos o dito cujo. — Kuro responde sem muito receio.
— O que foi discutido nessa reunião? — Faço a minha segunda pergunta sem pensar muito.
— Eles buscavam alianças pelo país com o intuito de conseguir influência e aumentar o poder deles no mercado ilegal nacional. Basicamente, ofereceram dinheiro e equipamento em troca duma submissão cega. — Algumas pessoas riam quando ele concluiu a resposta.
Perguntar sobre as Sombras para eles, não faz sentido.
— Qual a sua visão de Cristal Giorno? — Praticamente copio a pergunta que Umi me fez.
— Complexo! Não a conhecemos de fato, são mais boatos, por isso a queria na festa. Os boatos indicam uma mulher... não, uma líder justa, inteligente, extremamente manipuladora, uma ameaça para quem se colocar no caminho daqueles que estão com ela. Pelo menos foi o que ouvimos nas ruas, a arrogância em carne e osso. — Gonzales ria quando o olhar dele rapidamente se desvia para a Tríade. — Mas a minha visão é um pouco diferente, a vejo como aquela que se sacrificou pela família dela e, após anos, sobreviveu para contar como é o inferno. Sei que são do Rio e deve ser comum sequestros violentos como o dela, mas aqui, isso não acontece assim. Criamos um sistema, um equilíbrio entre as famílias. Olhe em volta, somos totalmente diferentes, mas temos uma função em comum. Ninguém estará a cima da nossa liberdade e daqueles que amamos. O que a Red Murders fez, durante todos esses anos, afetou a nossa sociedade, atrai mais policiais, obrigou facções a se esconderem num buraco como ratos, afugentou civis e planejava desestabiliza o comércio. Não passam de vermes para nós. — Kuro cospe no chão como sinal de nojo e várias pessoas o copiam.
— Então vocês os enfrentaram? — Deixo um pensamento mais alto escapar pelos meus lábios.
— No início não, depois expulsamos eles da cidade porque descumpriram uma das nossas regras. — O sorriso dele diminui e os olhos se voltam para Umi que voltava para perto dele com Jenny. — Última pergunta!
— Eles contaram para vocês sobre o que fizeram com ela? — Pergunto e o percebo abaixar a cabeça antes de responder.
— Scofield gostava de se gabar do que fazia. Fotos, vídeos e áudios. Ele registrava tudo, mas nunca nos mostrou, até que uma vez convidou algumas pessoas para assistir. Estava num quarto ao lado, o vidro espelhado dava a impressão dum cinema a passar um filme grotesco. O cara iniciou com se fosse apresentar um espetáculo com várias atrações. Não vou mentir, essa parte até foi engraçada, ele sozinho num quarto com pouca iluminação, algumas correntes, chicotes. Pensei que viria uma tortura comum, cortes, alguns choques ou até a retirada dum dedo outro, mas o que vi naquele dia... Desumano ainda é muito pouco para explicar. — Ele não teve coragem para me olhar enquanto respondia. — Ninguém aguentou ver aquilo por muito tempo. Fugimos daquele lugar, enojados.
O silêncio se apossou do cômodo junto ao clima pesado. Desço do ringue e volto para as meninas sem dizer uma palavra.
— Hell's, escolham o desafiante da próxima luta. — Gonzales pede num tom mais respeitoso que antes.
— Pensam em alguém meninas? — Sussurro para elas.
— As Sombras, são o pessoal que menos temos informação. — Renata encarava às três mulheres de azul.
— Concordo que devemos escolher uma das três, mas qual? — Priscilão fazia algumas anotações numa agenda.
— Aquela, a marrenta do meio de cabelo azul, parece ser a mais forte delas. — Maju opina.
— Sei que não é a nossa prioridade, mas quero que a Clarisse leve uma boa surra por ter me pressionado daquela forma. — Acrescento.
— Meninas! Decidiram? — Gonzales nos apressa.
— Cass, das Sombras. — Coloco o nosso objetivo a frente da minha vingança pessoal.
— Olha, ousadas! Desafiante, suba ao ringue e escolha o seu oponente. — Gonzales a chama e ela não hesita ao passar pelas cordas.
Por poucos segundos pensei que ela escolheria uma das meninas.
— Você! Fofinho, sobe aqui. — Ela aponta para o Spok que trava com a abordagem dela. — Vem, prometo não estragar esse rosto bonito.
Ele se move devagar, não sabia se estava surpreso ou assustado. Renata fechou o punho com as palavras dela. A primeira rodada inicia e sem muito esforço a garota acerta um chute na barriga dele.
— Qual é! Essa não valeu, ele nem entendeu ainda que está numa luta. — Ela ria e as meninas seguravam a Renata. — Nome completo do gatinho?
— Spok Cortês. — Ele ainda estava atordoado, mas o apito da segunda rodada o desperta.
Ele esquivou de vários golpes. Cass não era rápida, mas a força e estratégia durante a luta compensavam até que o garoto consegue uma brecha e acerta um soco, quase que de raspão, no ombro dela. Renata comemorou como se a luta já estivesse ganha.
— Empate, faça a pergunta! — Gonzales não estava tão animada com os dois.
— Qual a sua posição na hierarquia? — Ele parecia tão avoado e vejo Din colocar a mão no rosto decepcionado com a pergunta.
— Sou a líder, então não espere que seja submissa quando estivermos no quarto. — Ela desconcertava o garoto que olha para Renata mais vermelho que uma pimenta. — Fica esperto garoto, não vou deixar essa luta se estender tanto como a anterior. Essa é a nossa última rodada.
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Nem a distância nos separa (Continuação)
FanfictionDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...