POV Luna
O apito soa e depois de vários golpes e muitas esquivas, Cass consegue imobilizar Spok.
— Pede para sair! Desiste! — Ela gritava até ele a obedecer. — Não fica chateado, gatinho. Quem sabe não dou um prêmio de consolo para você depois.
— Chega dessa melação aí! Aqui é para luta, isso vocês fazem num quarto. — Alguém grita na multidão e Renata estava pronta para avançar na garota se Maju e Alicia não a segurassem.
— Faça as perguntas para o Din, Cass! — Gonzales ria da situação enquanto Spok descia do ringue.
— Por que vieram para Osasco? — Ela pergunta ao se apoiar nas cordas.
— Lealdade as meninas e para fugir do FBI. — Din responde simplista.
— É verdade que Scofield e Naomi faziam parte da facção de vocês? — Ele apenas concorda com a cabeça. — Por que não foram exonerados?
— Os covardes fugiram assim que decidimos isso. — Din se envergonha por não os ter matado antes.
— São os fabricantes de armamento que ficam próximos aos trailers no Norte? — Cass pega uma garrafa de água com as outras meninas da facção dela.
— Somos. — Din olha para o pessoal dele antes de confirmar.
— Será que o gatinho quer me passar o número dele? — Ela pisca para o Spok.
— Não, porque esse gatinho já tem dona. — Renata grita e Cass se afasta dos meninos com as mãos para cima como se estivesse rendida e desce do ringue.
— Vitória rápida das Sombras! Escolham o próximo desafiante. — Gonzales pede e vemos às três se olharem por alguns segundos.
— Qual o nome da dona do gatinho ali? — Cass questiona com um sorriso debochado.
— Renata Moretti, parceira! — Ela responde.
— Sobe aí, Renata! Dizem que cachorro que late, não morde. — Ela ri enquanto Renata sobe no tablado.
— Quem vai ser o seu oponente? — Gonzales pergunta animada.
— A talarica, Cass. — Ela responde irritada.
— Ih! Adoraria ver essa briga, mas ela participou da luta anterior, logo a família dela está imune durante essa luta. Deve escolher outra pessoa, exceto se a própria Cass permite que você escolha uma das outras meninas. — Gonzales explica.
— Tudo bem, deixa ela descontar a raiva. — Cass permite a quebra da imunidade.
— Então pode ser a loira do lado dela. A sua amiga vai apanhar no seu lugar. — Renata ameaça e Cass ri enquanto Geovana subia no ringue.
Às duas se posicionam, o apito soa e...
— Desisto. — A garota sorri, dá as costas para a Renata e passa pelas cordas.
— O quê? Que merda é essa? — Renata estava indignada enquanto o pessoal a nossa volta ria.
— Foi mal, não sou do estilo força bruta, sabe? Sou mais cabeça e gosto do meu rosto sem roxos. — Geovana voltará para perto das outras meninas.
— Vitória para Hell's. Faça as perguntas, Renata. — Gonzales mal conseguia falar enquanto ria da cara dela.
Essa era uma ótima oportunidade, mas não tivemos tempo de combinar nenhuma pergunta. Percebo Priscilão se coçar para perguntar no dela.
— Também conheceram Cold Jhonnes? — Ela pergunta depois de um tempo a pensar.
— Sim, a poucos meses. — Cass responde sem muitos detalhes.
— Qual foi a experiência que tiveram com a Red Murders? — Ela segue na mesma linha de perguntas que fiz anteriormente.
— Bem parecida com a dos Bloods, com exceção do show do Scofield. Não confiávamos neles desde que chegaram, por isso eles também nos propuseram uma reunião para informar sobre objetivos e acordos. Dias depois, nós os convidamos para discutir princípios e regras. Basicamente, mudanças no acerto original para termos uma possível aliança. Nessa época, os rumores sobre o cativeiro de Cristal Giorno já percorriam a cidade. — Ela bebe um gole de água. — Já devem possuir essa informação, somos uma facção integralmente feminina e a nossa maior luta é receber o devido respeito do mundo a nossa volta. O tratamento que a líder de vocês sofreu deles é uma das, senão a maior, violação do que buscamos. Por isso impusemos condições antes de firmar uma relação com eles. Duas condições eram indiscutíveis: sem submissão e a liberdade da prisioneira. Não preciso dizer que fomos negadas e, como resposta, iniciamos ataques coordenados contra eles. Tanto nas ruas quanto invasões de sistemas de segurança e contas bancárias.
— Se sabiam o que eles fizeram e eram contrarias, por que não tentaram entrar em contato conosco? — Renata parecia confusa com a intenção dela e não era a única.
— Não conhecíamos vocês o suficiente para acreditar que não estavam do lado deles e apenas os usaram com o intuito de facilitar um golpe de estado. Como Umi já acusou Luna Carter, esse boato também foi difundido pelo Scofield. — Cass responde com os olhos focados em mim, curiosos, inquietos.
— Também assistiram ao "show"? — Ela já estava mais calma e transmitia isso na voz.
— Não, se estivéssemos, Red Murders morreriam no mesmo instante. Por isso, peçam perdão no meu nome, Cassandra Baroni, para a líder de vocês. — Cass abaixa um pouco a cabeça em respeito enquanto pediu desculpa.
— E talaricagem? Não é contra o código de condutas de vocês, não? — Renata ri e alivia mais um clima tenso formado.
— Com as minhas irmãs, sim. Mas, em minha defesa, não sabia que ele namorava. — Ela ri um pouco envergonhada e Renata sai do ringue.
— Temos até o momento duas vitórias para Hell's e uma para Sombras. As mulheres dominam o placar dessa noite. Qual o próximo desafiante? — Gonzales animava o público que direciona a atenção para mim e as meninas.
— Ainda não temos nada dos Vagos. — Priscilão fazia anotações ao final de cada rodada.
— Também podemos expor algumas informações da Tríade. — Maju olha rapidamente para Octavius e o percebo sussurrar algo com a Clarisse.
— Depois vou resolver essa questão, vamos focar nos antigos da cidade. Qual Vagos vocês querem? — Olho para todas as pessoas reunidas de amarelo.
— Aquele garoto está inquieto desde que as lutas começaram. — Gabi indica para um homem com metade da cara tatuada com uma caveira, cabelo raspado, sem camisa. Ele vestia uma calça de moletom cinza, um lenço amarelo na cabeça, tênis pretos e várias pulseiras de tecido amarelo.
— Qual o seu nome, o da caveira? — Pergunta num tom de voz mais alto, ele sorri.
— Arthur. — Ele responde descontraído e já se prepara para subir.
— Escolhemos o Arthur, dos Vagos. — Anuncio e ele sobe num pulo estiloso.
— Que isso em garoto! Se gostasse dessa fruta, você seria um pedaço de mal caminho. — Gonzales ri. — Mas não estamos aqui para ver beleza, mas para sangue, então escolha o seu oponente!
— Só falta uma família dos novatos, escolho alguém da Tríade, qualquer um. — Ele ri enquanto se alongava.
— Leandro, sobe lá e lembra, não pode perder. — Clarisse ordena, um dos gêmeos tira a parte de cima do terno, a blusa social branca, enrola uma bandagem nas mãos e sobe no tablado.
Os dois eram muito bonitos de maneiras diferentes. Leandro com uma postura toda correta, olhar centrado, sem tatuagens e cabelo bem penteado, brilhante e provavelmente imóvel pela quantidade de gel. Arthur já era mais largado, vários desenhos pelo corpo, com um jeitão de garoto sem responsabilidade, olhos azuis com um toque infantil, imaturo.
— Olha esse espetáculo! Para quem gosta, estamos diante de dois monumentos. Por favor, garotos, não estraguem muito a obra de arte das mães de vocês. — Gonzales animava o público. — Ao som do apito, atenção.
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Nem a distância nos separa (Continuação)
FanfictionDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...