Capítulo 223: Que dupla estranha!

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POV Luna

Priscilão me manda o número que tinha dos Bloods pelo WhatsApp.

Ligação com 936-785 ligada.

(???): alô? — Reconheço a voz de Kuro.

(Luna): Kuro? Sou Luna, se lembra de mim?

(Kuro): claro, estava imaginando quando me ligaria, já quer marcar a reunião?

(Luna): se estiver disponível, gostaríamos de conversar com vocês quanto antes.

(Kuro): urgência? Boas ou más notícias?

(Luna): na verdade, é uma proposta.

(Kuro): interessante, posso levar todos os meus ou prefere algo mais intimista?

(Luna): não me importo de irmos com todos, assim já apresentamos todos os membros.

(Kuro): todos os membros? — Ele questiona animado. — Sem exceções? — Olho para Cristal e as meninas me encaravam já que estava no vivo a voz.

(Luna): ah... — Antes que pudesse responder Cristal toma o celular da minha mão.

(Cristal): sim, não estava presente na última reunião, mas comparecerei nessa se estiver disposto a nos ouvir. — Um grito de comemoração é ouvido do outro lado.

(Kuro): só me dizer o horário e o local. Querem vir para o bar? Quer que nós vamos para a vinícola? Ou um lugar neutro?

(Cristal): venham até nós, quanto antes.

(Kuro): PESSOAL! SE ARRUMEM, ESTAMOS DE SAÍDA! Chegaremos em alguns minutos, estou ansioso para a conhecer.

Ligação com Kuro, líder dos Bloods desligada.

Cristal me devolve o celular com o olhar baixo. O silêncio reina na sala.

— Vou me preparar para os receber, logo estarei de volta. — Cristal se despede enquanto caminhava em direção às escadas.

— Luna, preciso conversar com você. — Din chama a minha atenção para a cozinha e percebo os meninos nos olharem curiosos.

Acompanho ele até a parte de fora da vinícola e ele se posiciona de frente para a entrada, provavelmente estavam alerta caso alguém decida tentar ouvir a conversa.

— O que aconteceu? — Questiono curiosa.

— Recebi um aviso que os meninos não receberam e não se como lidar com isso, nem sei se posso confiar nessa informação. — Din estava sério e a preocupação era nítida.

— O que disseram? — Pergunto e volto o meu olhar para a porta de saída da sala.

— Que a tríade está comprando traidores nas famílias. — Minha respiração para por um segundo e entendo o que ele sentia.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

— Acredita neles? — Essa informação é como implantar uma bomba numa família.

— Infelizmente eles me deram razões suficientes para acreditar. — A voz dele estava baixa.

— Os The Lost são unidos, não acredita que eles trairiam tudo o que construíram, né? — Tento o confortar.

— Espero que não, meu irmão morreu para nos manter unidos, não sei o que faria se algum deles me trair. — Ele estava inseguro.

— Relaxa, estamos aqui para vocês e nada vai nos derrubar. — Dou um sorriso acolhedor.

— Não está preocupada com as meninas? Não quero colocar paranoias na sua cabeça, mas se são o alvo da Clarisse, talvez ela tente com alguma das meninas. — Din observava as pessoas conversando e rindo na sala de reunião.

— Não estou, confio a minha vida a elas, sempre confiei. — Digo confiante.

— Tem razão, estou preocupado à toa, nunca duvidarei da minha família novamente. — Ele dá um suspiro aliviado. — Melhor reunir o pessoal e deixarmos vocês a sós para a reunião, me avisa sobre o que for decidido.

Caminhamos de volta a sala, Din reuni os meninos que se despedem de todas e percebo Cristal isolada na cozinha em uma ligação. Aproximo dela e ouço uma conversa exaltada em italiano. Não sou capaz de afirmar que compreendi o que falavam, mas reconheci algumas palavras: filha, viagem, tempo, favor e dinheiro. Cristal me olha, desliga a ligação e dá um suspiro profundo.

— Meu pai só vai financiar a reforma na vinícola se eu permitir que ele converse a sós com a Chiara. — Ela diz irritada.

— E por que isso seria um problema? — Questiono.

— Ele quer que a Chiara faça um mochilão pela Itália para conhecer as faculdades de lá. — Ela encarava a tela do celular.

— Não vejo problema nisso, vai ser bom para ela conhecer outros países, pode até descobrir algum curso ou graduação que ela goste e de quebra a afasta dessa vida louca que temos aqui. — Vejo o semblante dela entristecer enquanto falo. — Por que não quer que ela vá?

— Não quero a Chiara longe... Estou cansada de ser só um fantasma na vida dela. Já perdi toda a adolescência dela, em um ano ela já vai estar formada no ensino médio e no ano seguinte já será maior de idade e onde eu estive durante todo esse tempo? — Os olhos dela se enchem de lágrimas. — Não sou mais a mãe dela.

— Ei! Você é a mãe dela, nada é capaz de mudar isso. — Coloco as mãos no rosto dela para prestar atenção em mim. — Ela ama você e nada vai ser capaz de mudar isso.

— Quase não tenho memórias com ela, Luna, sou um grande espaço vazio na vida dela, porque não estava aqui. — Ela me abraça e esconde o rosto no meu ombro. — Não quero ser egoísta, mas caramba! Só quero estar próxima dela agora, tentar compensar de alguma forma a minha ausência.

— Você não é egoísta por isso, não está nem perto disso, mas a Chiara que deve escolher ir ou não. Esconder ou proibir ela de algo não vai adiantar, se ela quiser ir, não vamos conseguir impedi-la. Podemos acompanhar ela se acontecer, mas não tem como a prender. Elaé independe e muito decidida, como a mãe dela. Proibi-la de fazer algo é o mesmoque a incentivar a fazer. — Tento a acalmar, ela se afasta, enxuga as lágrimas e observa algo atrás de mim.

— Desculpa interromper, mas os Bloods chegaram, já mandei a Renata ir liberar a entrada deles, na portaria. — Priscilão avisa ao se aproximar de nós e percebo várias motos e carros entrarem na vinícola.

Kuro e Umi destoavam entre as outras pessoas pelas roupas, postura e expressões. Dois opostos que se complementavam na liderança da facção mais temida dessa cidade. Enquanto o líder exalava animação e ansiedade com um sorriso de criança chapada de açúcar, o sub estava séria, com uma postura imponente e confiante. Que dupla estranha!

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⏰ Última atualização: Jul 09 ⏰

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Nem a distância nos separa (Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora