POV Luna
Covardes, essa palavra ecoa entre nós. Não consigo entender quem a Clarisse se tornou em tão pouco tempo. Será que eu estava cega e não percebi essa mudança?
— Precisamos de novos membros. — Digo o que passava pela cabeça de todos. — Alicia e Maju, que estão mais ativas na cidade, quero que reúnam informações de qualquer pessoa que possa ser uma possibilidade. Irão fazer uma ficha para cada candidata como um currículo. Quero nome completo, idade, ficha criminal, se já fez parte de alguma facção, gangue ou máfia, um resumo da personalidade, tudo que conseguirem das pessoas. Vou avaliar tudo que me mandarem e definir quem será apta para se juntar a nós.
— Posso trabalhar nessa parte. — Cristal estava de pé, atrás dos meninos com um olhar fosco, distante. — Consigo recolher todas essas informações, mais rápido que as meninas poderiam fazer espionando todo mundo da cidade. Há muitos anos, Priscilão me deu a ideia de recrutar mais meninas para fortalecer a facção e apresentou um site com todas as informações das pessoas que possuem uma ficha criminal, mas na época descartei a possibilidade de recrutar alguém por acreditar que isso prejudicaria a nossa harmonia. Até olhei algumas meninas do site, sei quem podemos chamar. — Aproximo enquanto ela falava.
— Tem certeza que está bem para isso? — Sussurro para ela, estava preocupada com o estado de saúde dela.
— Confia em mim, quero ser útil para vocês, ainda não consigo... não consigo mais segurar uma arma. Isso é tudo que posso fazer. — Os olhos delas se enchem e apenas concordo.
— Ninguém melhor que a Cristal para escolher quem vai combinar com a nossa família. — Ivete dá um sorriso de apoio a ideia.
— Se passar pelo filtro dela, então vai se encaixar na família. — Priscilão incentiva.
— Okay, se precisar de qualquer ajuda, é só me chamar. — Aceito o pedido dela que força um sorriso em agradecimento.
— Meninos, quanto tempo. — Pela primeira vez que vejo Cristal se aproximar dos garotos que também estavam em choque.
— É estamos um pouco ocupados com a cidade nova. — Din diz sem saber como reagir, mas o sorriso no rosto dele denunciava como estava satisfeito com a aproximação dela.
Percebo que ela ainda não estava totalmente confortável com a presença deles, mas se esforçava para os cumprimentar com um aperto de mão ou balançar de cabeça.
— Senti a sua falta, parceira. — Folgadinho a puxa para um abraço quando ela oferece a mão para um aperto.
Aproximo para os afastar por medo dele ter ultrapassado o limite, mas Cristal não demonstra nenhum sinal ruim. Ela possui um sorriso sincero, aceita o abraço e se afasta quando ele a solta. A surpresa e a felicidade no rosto das meninas iluminavam o lugar.
— Também senti a sua falta. — Ela caminha para o meu lado e percebo que os outros garotos estavam se contendo para não pedir um abraço também, com exceção dos novatos que pareciam assustados com a situação.
— As sombras passaram mais alguma informação para vocês? — Priscilão volta o assunto da reunião.
— O restante só foi comercial, somos aliados comerciais, mas ainda não concordamos com uma aliança verdadeira, precisamos de tempo para confiar nelas e vice-versa. — Barone se pronuncia pela primeira vez.
— Os Bloods entraram em contato com vocês depois da festa ou nada? — Renata pergunta.
— Não tivemos noticiais deles, mas acredito que não vão demorar, eles também precisam de armas. — Jhon dá um sorriso orgulhoso.
— Se só tem vocês e a Tríade como fornecedores de armas na cidade, quem fazia esse papel antes de nos mudarmos? — Gabi levanta um questionamento importante.
— Pelas minhas pesquisas e também pude confirmar isso com os Vagos, eles se reuniam para assaltar carregamentos policiais e delegacias de cidades vizinhas quando precisavam de mais armamento. — Isa sana essa questão.
— E vocês? Já conseguiram definir como vão voltar para o mercado? — Barone estava mais afasto do grupo, parecia preocupado.
— Ainda não temos nada definido. — Respondo.
— Quero fazer algumas modificações na vinícola antes de começar as vendas. — Cristal se pronuncia e a olho curiosa. — Precisamos de um lugar melhor para colocar o nosso estoque ilegal, não podemos continuar na adega. Estou projetando a planta de alguns cômodos subterrâneos. Também vou aumentar alguns cômodos no andar de baixo já que teremos mais membros.
— Então vou sair da ala das crianças? — Renata diz animada.
— Sim, a parte de cima vai ser exclusiva para os adultos, vou colocar uma nova ala para as crianças no primeiro andar, vou transformar os dois quartos dos funcionários em um e colocar quartos extras para visitas. Também vou destruir a área de serviço para colocar a entrada para um grande escritório onde estaremos mais seguras para realizar reuniões como essa e embaixo dela será o andar subterrâneo onde pretendo colocar um quarto médico para procedimentos básicos como a Ivete precisou hoje, um pequeno estande de tiro para treino, uma academia, uma sala de tecnologia para Priscilão poder trabalhar sem ser incomodada, um comodo amplo onde iremos trabalhar e uma garagem para os carros. Ainda não conversei com os construtores, mas sei de uma nova tecnologia que vai selar esse andar subterrâneo, assim, enquanto a entrada estiver fechada, ninguém no andar de cima vai conseguir ouvir o que fizermos lá. — Cristal explica um protótipo que possui no celular da reforma que ela planejava realizar.
— Quantos quartos serão construídos para as crianças? — Lúcio se interessou com ala dos quartos que será construída no andar de baixo.
— Ah! Ainda não tenho nada definido, mas pretendo que os gêmeos dividam um quarto, então fica um para Exubakira e Konsheleva e outro para Rosinha e Pedrinho, as outras crianças terão quartos individuais. Então fica dois dos gêmeos mais cinco, Chiara, Maia, Melissa, Charlie e você. — Cristal faziam as contas enquanto citava os nomes das crianças para garantir que não se esqueceria de ninguém.
— Eu? Mas faço parte dos The Lost. — Lúcio questiona surpreso.
— Claro, também faz parte da nossa família e sempre que quiser dormir aqui terá o seu quarto. — Ela explica e vemos os olhos de Lúcio brilhar com a inclusão de um quarto só dele. — Continuando, chegamos no resultado de sete quartos só para as crianças, mais um quarto para os funcionários, um comodo de jogos e um ambiente de estudo com biblioteca. No total temos dez cômodos a serem construídos apenas na ala das crianças no primeiro andar.
— Meu deus, temos dinheiro suficiente para tudo isso? — Gabi estava chocada com quanto a mansão iria aumentar.
— Vou usar os meus investimentos para a obra, enquanto estava.. Vocês sabem, alguns dos meus investimentos lucraram mais do que o esperado e Cold não teve acesso a eles, o dinheiro só aumentou, não precisam se preocupar com o financeiro. Também vou conversar com o meu pai sobre as reformas, pedir indicação dos profissionais que irão trabalhar nisso. — Ela estava animada com o projeto.
— Com certeza todo esse planejamento é surpreendente, mas para isso, precisamos garantir que a Tríade não vai invadir durante a obra. — Maju volta a nossa atenção ao assunto principal da reunião.
— Podemos ajudar na vigilância enquanto estiverem vulneráveis. Clarisse não teria coragem de entrar com duas facções no lugar. — Isa dá uma ótima ideia.
— Três é ainda melhor. — Digo entusiasmada e caminho até Priscilão que me observa intrigada. — Ainda tem o número dos Bloods?
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Nem a distância nos separa (Continuação)
Hayran KurguDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...