POV Luna
Entro na mansão quando o carro some da minha visão e reúno-me com as meninas na sala de estar.
— Qual o motivo da reunião? — Alicia questiona preocupada.
— Vamos conversar sobre tudo que conseguimos ontem. Priscilão, conseguiu anotar todas as informações? — Pergunto e ela pega um bloco de notas.
— Consegui, tenho elas anotadas na forma bruta aqui. — Ela joga o bloco para mim. — Mas ontem à noite, reorganizei as informações no meu celular e coloquei um resumo no nosso grupo de investigação.
— Perfeito. — Foleio algumas páginas enquanto as meninas pegavam os celulares. — Lê para gente o resumo, assim sintonizamos as informações e incluímos a Cristal.
— Certo, vou pela ordem que conseguimos as informações. A primeira luta ocorreu entre a Luna e o Umi, sub líder dos Bloods, durante a luta não conseguimos quase nada, só revelamos a relação da Luna com a Cristal, o nome e a idade da Chiara. Porém, com a vitória descobrimos que os Red Murd... — O olhar de todos se volta a Cristal, que estava sentada no sofá com o notebook aberto entre as pernas e evitava qualquer contato. Priscilão pede confirmação para continuar e apenas sinalizo com a cabeça. — Que eles estavam nessa cidade messes antes do resgate em busca de alianças submissas para aumentar a influência deles no mercado ilegal nacional.
— Também tem a questão que os Bloods convidaram a Cristal por pura curiosidade e interesse de sanar alguns boatos espalhados pela cidade na época. — Maju complementa com uma parte que Priscilão não havia anotado.
— Isso é muito estranho. Eles vêm atrás de nós por curiosidade, vão ter que me desculpar, mas não acredito que esse seja o único motivo. — Gabi estava sentada no colo da Ivete que concordava com a cabeça.
— Sem contar o poder que os Bloods têm nessa cidade. Os caras descobriram as paradas que os Reds faziam, não gostaram e os expulsaram. — Renata diz desanimada.
— Isso é porque ainda não nos conhecem, garota. — Ivete diz orgulhosa.
— Em breve saberemos mais sobre isso, continua Priscilão. — Peço.
— Segunda luta, Cass, líder das Sombras, contra Spok. Não conseguimos nada, o Spok só não tomou uma surra devido às regras, mas também não quiseram pegar muita informação dos meninos. Terceira luta, Renata contra Geovana, recruta das Sombras. — Priscilão deixava claro a posição e a facção que os nomes desconhecidos pela Cristal pertenciam.
— Nem dá para chamar aquilo de luta, a garota entrou no ringue e desistiu. — Renata reclama.
— Verdade, mas até que conseguimos boas informações nisso. Confirmamos que as Sombras são uma facção feminina como a nossa, tentaram negociar a liberação da Cristal o que foi negado sem muita discussão, fizeram ataques organizados aos Reds e foi mencionado uma invasão de sistemas de segurança e contas bancárias. Acredito que essas garotas tenham um hacker muito eficiente no grupo ou essa atividade seja o foco da facção, um serviço comercializado, o que justificaria a escassez de informações delas no sistema jurídico penal. — Priscilão adiciona algumas observações pessoais ao resumo.
— Hackers? Irado! Nunca tivemos contato com uma facção assim. — Maju comenta sem conter a empolgação.
— Não é um serviço perigoso, mas precisa de muito conhecimento e habilidade na área. Difícil de ser detectado pela polícia e muito útil para as outras facções. Elas até conseguiriam quebrar o sistema de câmeras que o Quaresma usava para interceptar os roubos, desativar a segurança de joalherias ou até do banco central da cidade, dependendo do nível de eficiência delas. — Priscilão não disfarçava o quanto gostava do estilo de ação delas.
— Ou seja, com elas, ninguém precisa explodir as portas dos cofres, elas simplesmente se abririam sem nenhum esforço, é isso? — Maju questiona chocada.
— Exatamente isso. — Priscilão confirma.
— Então não precisam dos nossos explosivos aqui. — Afirmo sem muita emoção.
— Quarta luta, Arthur, terceiro na liderança dos Vagos, contra Leandro, sniper da Tríade. Os dois não sabiam o que perguntar, não conseguimos nada. — Priscilão continua com o resumo.
— Só dois gostosos suados no ringue. — Gabi comenta e Renata ri da cara da Ivete incrédula com o que ouviu.
— Foco meninas! — Chamo a atenção delas.
— Última luta, Luna contra Clarisse. — Assim que Priscilão anuncia, o olhar confuso de Cristal se volta para mim. — O que conseguimos nessa luta envolve mais perguntas do que respostas. A Tríade deixou claro que não somos mais aliados, estamos mais próximos a inimigos já que a Clarisse ameaçou a Luna com uma faca durante a luta.
— Por quê? — Cristal se pronuncia pela primeira vez.
— Vingança. — A voz de Clarisse se fez presente na minha memória.
— Clarisse acumulou toda a raiva gerada pela traição da Luna e decidiu cobrar agora. — Priscilão explica.
— Não, ela disse que já tinha se vingado, que a luta de ontem foi só um extra. — Maju diz pensativa.
— Esse é o ponto que não consigo entender. O que ela já fez de mal para nós ou para a Luna antes? — Priscilão questiona com os olhos focados em mim.
— Também não sei a resposta, nunca tivemos problemas com a Tríade. — Digo.
— Gente, e aquela reunião que tivemos com os meninos e Tríade antes da festa no Inferninho, não consigo me lembrar exatamente do que o babaca falou, mas tinha algo sobre isso, não? — Ivete dizia confusa como se tentasse lembrar do que foi discutido naquela época.
— Não sei, mas lembro que ele parecia saber mais do que as informações que passamos sobre os Reds. — Gabi complementa.
— Verdade, pensei nisso por um tempo, ele disse algo como: "Se ela não tivesse te traído, você não teria feito algo". Clarisse o interrompeu aos berros e o expulsou da reunião depois disso. — Priscilão diz animada.
— Então já sabemos quem temos que interrogar. — Alicia diz com um sorriso malicioso.
— Sim, depois pensamos numa forma de pegar ele, vamos focar nos Bloods no momento. — Peço.
— Por que tanto interesse neles? — Cristal questiona.
— Em breve teremos uma reunião com eles, acredito que vamos conseguir mais informações sobre o comércio local. — Explico. — Maju me contou que o Kuro se aproximou das meninas depois que saímos, mas não adicionou nenhuma informação relevante.
— É, só demonstrou muito interesse em conhecer a chefe e em nos encontrar novamente. — Ela resume o que eles conversaram.
— Então já é certo que faremos uma reunião com eles, né? — Renata confirma o que entendeu da discussão.
— Sim, alguém aqui tem algo contra? — Pergunto antes de encerrar a reunião.
— Patroa vai conosco dessa vez? — Priscilão alterna olhar entre mim e Cristal.
— Se ela se sentir confortável, não vejo problema. — Respondo e ela apenas confirma com a cabeça. — Mais algum ponto a ser abordado?
— Gabi e eu queremos fazer uma visita a uma loja de conveniências, quem vem com a gente? — Ivete diz com um sorriso animado.
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Nem a distância nos separa (Continuação)
FanfictionDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...