CAPÍTULO 09

180 34 35
                                    

PARTE 1 - A Princesa e o Cavaleiro
CAPÍTULO 09

Na manhã seguinte, quando os primeiros raios do sol ainda nem haviam despontado no horizonte, Ethan deu ordem para levantar acampamento. Enquanto todos estavam ocupados desmontando tendas, encaixotando utensílios e selando cavalos, Amber caminhou devagar até a baia onde Corine estava. Ao notar a pata enfaixada, ela não pôde evitar sentir uma boa porção de culpa, pois, se não fosse pela sua impulsividade, a égua não teria se machucado.

— Sinto muito, menina — Amber disse, fazendo carinho na crina de Corine. — Prometo que não vou mais te deixar passar por nenhum apuro.

Parando para pensar um instante, a jovem princesa logo constatou que não estava em condição de fazer nenhuma promessa, visto que seu próprio futuro era incerto. Por mais que ela acreditasse nas palavras de Ethan, ainda havia a possibilidade de algo dar errado e o destino que tanto temia se concretizar.

Amber foi trazida de volta de seus angustiantes pensamentos pelo relinchar alto que veio de uma baia ao lado. Quando se encaminhou até lá, viu um grande corcel negro bastante inquieto, batendo uma das patas dianteiras no chão.

— O que você tem, rapaz? — Parecia ser um animal que não gostava de ficar preso enquanto havia uma grande movimentação ao redor. — Não tenho permissão para te deixar sair daqui.

Era um cavalo robusto e de pelo reluzente, um belíssimo espécime. Amber não foi capaz de resistir e estendeu a mão direita em direção ao focinho do corcel. Ele recuou alguns centímetros, mas logo mudou de ideia e permitiu ser tocado. Amber sorria enquanto acariciava aquele pelo macio, tal como uma criança que acabara de ganhar um presente.

— Estou impressionado! — disse uma voz forte da entrada das baias. Aquele tom já não a sobressaltava mais de forma negativa, pelo contrário, uma certa calma se apoderava de Amber ao ouvi-la. — Boro* não deixa que ninguém se aproxime, mas a senhorita conseguiu não só a aproximação como o contato físico.

Ethan encurtou o espaço que havia entre eles em poucos passos, parando ao lado de Amber e copiando as ações da princesa em relação ao cavalo, que se agitou ainda mais.

— Boro? Que nome peculiar. Ele é seu? — perguntou ao ver a interação do homem com o animal.

— Sim. E, tal como o dono, tem um temperamento um tanto difícil. — A resposta de Ethan fez Amber rir, mas ela logo refreou o riso, temendo ser descortês.

O comandante, que observava Amber com atenção desde antes de anunciar sua presença, pela primeira vez foi capaz de vê-la sendo espontânea. Aquela risada discreta iluminou suas feições sempre graves. Um riso fugaz que serviu como uma confirmação de que Ethan deveria mesmo ajudá-la.

— Senhorita, não há a necessidade de se conter. — As palavras proferidas com segurança fizeram Amber encará-lo, sem saber com exatidão o que elas significavam. — Diga o que tem vontade de dizer, pergunte se tem curiosidade, sorria, chore, expresse-se.

O Desabrochar da FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora