The Love that Kills

03- Enfermeiro

- Senhor, temos notícias que a família do Sul pretende vir aqui pro Norte...

- Pois os deixem vir... - Ratt diz enquanto fuma um cigarro e brinca passando o dedo na machadinha que ele tanto gostava - já tenho alguém pronto aqui pra dar boas vindas.

As coisas estavam complicadas pelo Norte, Ratt tinha muitos problemas para resolver pelas redondezas, afinal eles cuidavam exatamente de tudo que envolviam jogo de azar, casas de apostas, bares, cargas vindas do exterior entre outros assuntos, e pelo que parecia a família do Sul estava interessada em se meter em alguns de seus negócios.

- Chefe, vamos no porto receber aquela carga que foi encomendada na semana passada

- Certo, podem ir... - Ratt se levanta da cadeira preta e guardar o seu brinquedo na gaveta da mesa - tenho asssuntos pra resolver em casa.

Ratt apesar de sua seriedade e cara de poucos amigos, levava muito a sério quando o negócio eram seus dois irmãos mais novos, Smart e Max, e como estava no início do ano letivo, o do meio havia o convocado para informar em qual faculdade iria estudar dessa vez.

Smart era um rapaz extremamente inteligente e apesar de ter apenas vinte anos, já estava se preparando para sua segunda faculdade, ele adorava estudar é isso deixava o irmão mais velho muito orgulhoso.

*****

- Bom, já que estamos todos aqui... - Smart começa com um copo de suco na mão - no ano passado terminei meu curso de enfermagem, e esse ano quero me especializar em uma área específica.

- Hia para de enrolar e diz logo - Max estava ansioso pra voltar ao jogo

- Bom, eu resolvi que vou fazer pediatria - Smart conta feliz e não entende os olhares sérios ao seu redor

- Hia, você com certeza nasceu na família errada - Max diz enquanto ri, deixando o clima menos tenso

- Smart, você tem certeza disso? - Red não parece gostar - você sabe que pode precisar seguir meus passos e do seu irmão a qualquer momento...

- Pai - Smart respira com calma - eu já disse que não pretendo...

- Silêncio - o pai bate forte na mesa - e desde quando você decide algo por aqui?

- Pai, se acalme - Ratt diz enquanto se vira pro irmão - Smart vá pro quarto, decidimos isso depois

- Hia Ratt não tem o que decidir - Smart diz confiante - eu já me matriculei, só estou comunicando vocês

Red se levanta rápido da mesa e gruda no pescoço do filho do meio com olhos em chamas pelo ódio

- Você está pensando em ir contra as minhas ordens - Red encosta o corpo de Smart na parede - um dia você vai sim seguir os passos da família, não tem escolha.

- Pai, você está machucando ele - Max diz de longe com os olhos marejados - Ratt faz alguma coisa...

Smart continua com o olhar firme e decidido pro pai

Ratt vai em direção ao dois e segura o braço do pai o olhando com desaprovação

- Assim resolvemos com pessoas da rua - a mão de Red se descola do pescoço do filho - aqui em casa, conversarmos...

- Smart, senta - Ratt diz apontando pra cadeira - Vamos pai, sente-se também e você, pode voltar para os seus joguinhos.

Não era preciso falar mais de uma vez, Max já estava indo para o seu quarto se trancar em seu mundo único e particular.

- Pai - Ratt começa - Vamos escutar tudo que Smart tem a dizer e depois vemos o que é melhor

- Hia, eu já disse que não tem o que discutir - Smart continua olhando o pai com coragem - eu já estou matriculado e começo amanhã

- Mas Smart... Você deveria ter pedido antes a nossa opinião...

- Opinião? - Smart ri - e vocês teriam me escutado? Eu comecei a fazer enfermagem escondido, quando descobriram queriam me tirar do curso...

- Você é um ingrato - Red bate na mesa de novo - terminou a palhaçada da enfermagem não foi? Achei que depois disso faria algo mais sério.

- Pai...

- Nada de pai Ratt - Red se vira para o filho mais velho - você fez economia para ajudar nos negócios, achei que esse moleque iria fazer algo de útil para a família.

- E a família não precisa de um enfermeiro pai? - Smart resolve jogar de outra forma com o pai - e se algo acontece ao senhor, ou qualquer outra pessoa da família... eu não seria útil?

Red parece pensativo com essa última frase do filho, realmente um enfermeiro seria de grande avalia dependendo da situação em que se encontrassem, mas pediatria? Tinha alguma criança na família que ele não sabia?

- Certo Smart - Red da um sorriso falso - mas e porque pediatria? Vamos abrir creche para os filhos dos nossos homens?

- Pai, eu pretendo ter uma família - Smart não expressa nenhuma reação ao sorriso do pai - e eu gosto de crianças...

- Eu já disse que não! - Red diz firme e todos sabem que a palavra do homem jamais teve volta - e se continuar insistindo deveria fazer algo para concertar os dentes que vou arrancar de você!

Smart abaixa a cabeça triste, tentou usar a tática de dizer ao pai que já estava matriculado pra ver conseguia alguma vantagem com aquilo, mas acabou não acontecendo.

- Smart, decida outra área de especialização ou comece um novo curso - Ratt fiz decidido - você sabe que a palavra do pai não tem volta!

- Está bem Hia Ratt - Smart se dá por vencido - amanhã vou na faculdade e vejo o que vou fazer.

Smart se levanta da cadeira, mas antes de ir olha pra trás e olha pro pai que está com um sorriso vitorioso nos lábios enquanto tira um charuto da caixinha que estava na mesa.

- Quem sabe não escuto o seu conselho papai!

Red fica confuso com a frase do filho, na não está afim de discutir sobre isso agora, tem coisas mais sérias a tratar com o mais velho.

- E você - Red se vira pra Ratt que acabara de acender um cigarro e estendia o isqueiro ao pai - vamos ao que interessa

- Certo pai...

- Fiquei sabendo da carga que foram recepcionar no porto - Red acende o charuto - porque não foi com os homens?

- Tinha que vim a essa reunião com Smart, e...

- E se algo der errado, sabe que a responsabilidade é toda sua, certo? - Red não parece contente

- Pai, eu confio em meus homens...

- Eu sei que confia - o pai se levanta e da o ultimato - mas se sabe rezar comece agora, porque se Klahan aparecer pra se meter em nossos negócios, você entra nessa briga por conta própria.

Ratt pertence sentado por mais um tempo observando o pai se retirar e ir para a área aberta no jardim dos fundos da mansão onde moravam.

" será que devo me preocupar com algo tão simples como recepção de uma carga "

Ratt está tão perdido nos pensamentos que não escuta o telefone tocar

- Chefe...

- Pode falar!

- Aconteceu uma coisa errada aqui no porto...

Um soco do pai teria sido menos dolorido para Ratt do que essas palavras, afinal o pai havia acabado de alerta-lo.

- Estou indo pra aí agora - Ratt desliga enquanto pega a chave do carro na mesa próximo à porta - me aguardem.

"Esqueci meu brinquedinho lá no escritório, droga "

Ratt não gostava de se meter em confusões pequenas e desnecessárias, mas quando acontecia, ele nunca entrava pra perder.