The Love that Kills

06- Um pedido de ajuda

Deve ser quase meia noite, An está sorridente parada na porta do próprio quarto.
- Amanhã tem mais algumas palestras no período da tarde né? Podemos almoçar juntos.
- Eu infelizmente tenho uma reunião online às 11 e outra ao meio dia. E está tão tarde agora que receio não conseguir tomar café da manhã com você também.

Gus força um sorriso, ele quer muito ser grosseiro, mas ainda não pode, precisa se segurar um pouquinho mais
- Que pena, até a tarde então, bons sonhos.
Ela da um sorriso sedutor pra ele, Gus sente o estômago revirar, mas continua forçando um sorriso nada natural nos lábios.

Quando finalmente se livra da mulher não consegue dormir. Vai direto para o bar, está bravo, está muito bravo, seu pai lhe pegou em uma rede difícil de escapar dessa vez. Precisa beber pra se recompor. No resort existe um espaço que é frequentado por muitos jovens, música alta, ambiente divertido, muita bebida, é disso que ele precisa agora.

Depois de dois ou três copos tem que ajustar a visão ao ambiente mais escuro. Não tem costume de ir nesse tipo de lugar, não se sente mais jovem pra isso, gostava quando tinha vinte e poucos anos, agora só tem tempo para trabalhar, quando quer uma aventura não é com certeza em uma balada que encontra, tem outros meios.

Está ali nem a 15 minutos e um rapaz se aproxima.  Gus está com a cabeça cheia, o homem é um desconhecido, então não tem certeza se aquela é uma boa ideia.
- Oi posso sentar aqui e beber com você?
- O bar é público.
- Nossa, acho que nem preciso de gelo na minha bebida.

O rapaz sorri, tentando brincar com Gus, mas ele não está com o humor bom.
- Hoje não é um bom dia.
O rapaz se aproxima mais.
- Eu posso fazer melhorar.
Ao tentar tocar o braço se Gus o homem derruba o copo dele, molhando a calça de Gus.
- Desculpa, desculpa.
- Sem problemas.

Gus se distrai limpando a própria roupa enquanto o  homem pede outra bebida pra ele.
- Aqui, pra compensar.
Gus pega o copo e toma em um gole só, está tão frustado que...
Gus congela em seus pensamentos assim que engole até a última gota.

"Mas que porra eu acabei de fazer?"

Nunca se distraia, principalmente com estranhos, sabia o que podia acontecer com uma pequena distração em um bar, lembrava o que alguns colegas de faculdade faziam com meninas as vezes e até outros rapazes, sempre teve medo de acontecer isso com ele mesmo. E agora estava ali em uma situação onde distraidamente bebeu o que um estranho lhe ofereceu.

Tinha que pensar rápido,  o gosto estranho na língua lhe dizia pra pensar rápido. Olhou em volta, estava em um lugar desconhecido com pessoas desconhecidas, mas precisava recorrer a uma delas imediatamente. Uma mulher não, não podia enganar o outro assim. Tinha que ser um homem, mas se daqui a pouco perdesse os sentidos ia ter saído da boca do lobo, pra cair na boca de um tigre. Por isso tinha que pensar muito rápido e quando avistou do outro lado do bar o cara com o estereótipo mais hétero que ele poderia imaginar, precisou arriscar.

Mentalmente ele rezava pra que o cara não fosse um maluco igual aquele que acabará de lhe dar a bebida.
- Ei calma, onde você vai? Não parece bem, me deixa te ajudar.

O homem sorrindo tentou segurar o braço de Gus,  mas ele se desvencilhou facilmente, ainda era rápido em escapar. Mas quando andou trocando as pernas sabia que não tinha muito tempo. E o calor no peito era o que o incomodava mais.

O homem seguiu atrás dele.
- Ei, onde pensa que vai, eu vou te ajudar a chegar no seu quarto.

Mas Gus não foi para saída, ele caminhou direto para os braços de outro estranho que conversava distraidamente com uma jovem.
Assim que chegou no homem que era pouca coisa mais alto que ele, Gus se pendurou no seu pescoço com os dois braços. Inclinando o rosto junto do rosto do outro homem. Falou baixo e apressadamente no ouvido dele.
- Por favor, me ajuda, por favor, eu posso pagar, me desculpe....

Sem mais nenhum aviso Gus colou os lábios aos do desconhecido. Ele não gostava de beijar, já tinha estabelecido pra si mesmo que beijar era proibido, esse tipo de contato podia levar ele a querer ter sentimentos por outra pessoa e não podia se dar ao luxo de amar ninguém.
Fazia tanto tempo que não beijava ninguém que até estranhou a sensação no começo, os lábios do outro homem eram macios e o calor que subia por todo seu corpo e começava a tomar conta dos seus sentidos por causa da droga lhe deu coragem pra morder os lábios do outro, o susto com a mordida era o que Gus precisava, assim que o homem entreabriu um pouco a boca, Gus se aproveitou da brecha para meter a língua dentro da boca dele. O homem não parecia querer colaborar nem um pouco com o beijo.

" Eu estava certo ele é hétero "

Gus pensava sem conseguir parar de tentar brincar com a língua do outro que era beijado a força e com força. Mas por algum motivo o estranho concordou em ajudá-lo, por que mesmo não colaborando tão ativamente no beijo, ainda assim não afastou Gus, pelo contrário o amparou pelas costas assim que as pernas de Gus fraquejaram e ele quase caiu.

Gus sabia que ainda estava com consciência, apoio a cabeça no ombro forte do homem que ainda lhe segurava pela cintura, seus olhos pesados, sabia que não dormiria fácil mas a partir daquele ponto sua mente foi ficando em branco. Teve medo porque sabia que não lembraria de nada que fizesse depois daquele beijo...

*****

Os dias cheios eram os piores.
Ratt estava até com dor de cabeça já, como se os seus problemas com o carregamento não bastassem,  teve um chamado de uma das casas ilegais de aposta que funcionava clandestinamente próxima a um resort muito conhecido na ilha. Não era longe, mas estava cansado dos eventos e dos problemas que tinha tido a pouco. Mas acabou indo direto para o lugar resolver mais isso.

Não demorou, quando chegou na verdade as coisas estavam mais calmas já e acabou nem precisando se envolver. Mas estava tarde, achou uma boa ideia se hospedar por essa noite e pegar a estrada de dia. Tomou um banho pra se recuperar do dia cansativo, mas o sono não vinha. Resolveu descer e tomar alguma coisa no bar, isso com certeza ia ajudar a dormir melhor.

Não demorou muito pra uma moça se aproximar, estava acostumado com essa abordagem já principalmente em locais como aquele. Como estava com falta de sono mesmo resolveu dar conversa para a moça, mas assim que estivesse entediado iria voltar para o quarto descansar.
Nesse momento recebeu uma mensagem era Smart.

"Amanhã tem atividades na faculdade, vou ficar fora alguns dias"

Enfim, Ratt sentiu o calor no rosto assim que leu aquilo, queria pegar a estrada cedo pra impedir o irmão de ir seja lá onde fosse, Smart estava tentando ficar cada vez mais independente da família e isso poderia ser um problema com o pai. Se virou para dar uma desculpa qualquer para a moça a sua frente, mas não teve nem tempo de falar nada, um cara o abraçou pelo pescoço.

Sua primeira reação foi querer socar o sujeito com todas as forças. O desconhecido colou os lábios na orelha dele e o sussurro apressado foi a única coisa que o impediu de soca-lo.
- Por favor, me ajuda, por favor, eu posso pagar, me desculpe....
"Desculpar oque?..."

Logo ele ia descobrir o motivo do desconhecido estar se desculpando, mas um pouquinho antes disso sua visão percebeu o outro sujeito vindo na direção deles, o cara parou olhando intrigado aquela cena a sua frente e foi quando Ratt teve a surpresa maior. O homem que o abraçou agora tinha colado a boca na sua com força.

"Mas que porra é essa?????"

Apesar do outro ser forte, Ratt era mais, podia subjuga-lo com facilidade, mas o homem mesmo se prendendo com força contra o seu corpo, tremia, tão de leve que quase não dava pra sentir o tremor, e isso fez Ratt perceber que o sujeito estava mesmo amedrontado. Mas não tão amedrontado para morde-lo com força, no susto Ratt entrebriu os lábios e o sujeito se aproveitou disso.

Ratt apertou com força os punhos o sangue subiu na hora, ele estava com raiva, mas se segurou ao máximo pra não cometer um assassinato ali mesmo.
O beijo não durou muito, logo o rapaz perdeu as forças, o que fez Ratt imaginar se ele foi drogado, bêbado com certeza não estava.

Ratt segurou o cara, seu olhar enfurecido estava no rosto do outro sujeito ainda parado olhando perplexo aquela cena.
Ratt baixou o olhar para o homem que apoiou a cabeça em seu ombro

"Com certeza você vai me pagar por esse beijo, não sabe com quem foi mexer. Mas primeiro eu vou lidar com esse sujeito nojento, depois eu lido com você "...