11- Noiva

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Gus está irritado, entra no quarto seguido pela mulher.
Tenta ignorar a presença dela, o que é quase impossível, e coloca o celular que havia morrido para carregar, assim que o aparelho ganha vida faz um barulho irritante de mensagens sem parar.

São muitas, perdeu as reuniões online da manhã, perdeu a palestra no início da tarde da qual apenas se esqueceu. Eram mensagens de pessoas irritadas, eram mensagens de pessoas lhe cobrando responsabilidade.

Gus nunca foi irresponsável, desde muito novo onde era obediente e pontual em tudo.
Aquele evento da noite e depois o que aconteceu pela manhã foi o que fez com que ele perdesse completamente o rumo.
Guardou apressadamente e disfarçadamente os desenhos que carregava consigo. Depois se voltou para moça ainda parada de braços cruzados lhe esperando.

- Vamos jantar? Ainda temos algum tempo.
- Sim,  vamos. Aliás você me deve algumas explicações.
- Claro...
Gus sorriu um sorriso nada verdadeiro.  Enquanto a moça sentou e o esperou, ele foi se arrumar para irem jantar.

*****

An é bonita e sabe que é bonita, ela não parece ter nenhum defeito, a nora perfeita para seu pai. Tudo o que o velho quer é isso, me ver casado e com filhos. Gus sacudiu a cabeça pra espantar os pensamentos.

- Você não parece bem...
A moça comentou, sorriso no rosto.
- Dor de cabeça, a noite não foi muito boa.
- Dormiu mal?
- Isso...

Mas era mentira, dormiu bem até demais, sabia que tipo de droga usavam nas pessoas e os efeitos. Quando sentiu o calor inicial no peito já sabia do que se tratava, o estimulante poderia tê-lo feito fazer coisas das quais se arrependeria muito mais tarde, mas apagou em uma velocidade incrível, a droga poderia estar misturada, poderia ter morrido aquele dia de várias formas diferentes. Pelos efeitos do entorpecente, pelas mãos do desconhecido do bar, ou pela arma do outro desconhecido em um quarto qualquer do resort.

Ao se lembrar do quarto lembrou que poderia saber algumas coisas através daquela informação. Pegou o celular e mandou uma mensagem. Ter influência era bom em certos casos.

- Vamos conversar ou você não vai me dar atenção?
- Sinceramente não sinto vontade...

Gus não levanta os olhos, entrou no modo "frio" agora precisava seguir aquela linha até o final, ia se livrar daquela bela mulher na sua frente, de um jeito ou de outro.

- Por que está falando desse jeito?
- E de que jeito eu devo falar? Somos o que além de colegas de trabalho?
- Gus...
- Aliás, deveria estar me tratando de maneira mais formal. Acho que não te dei essa liberdade, não te dei e nunca vou dar. Então ou a gente trabalha juntos de forma fácil ou a gente trabalha junto de forma difícil.

An olhava nos olhos dele. E Gus esperava tudo dela, que a moça virasse o copo de suco na cara dele, jogasse a comida, virasse a mesa. Tudo menos a reação que ela acabava de ter, An juntou as duas mãos e bateu palmas discretamente pra não chamar muito a atenção no restaurante.

- Poxa, isso foi mesmo impressionante , ver um homem sair do discurso amável para o agressivo em tão poucos minutos. Você faz curso em algum lugar específico onde eu possa me inscrever?
- Você está brincando comigo?
Foi Gus quem arregalou os olhos agora.
- Com certeza sim, eu estou.
An parecia estar de bom humor.
- Vai me falar agora o que está acontecendo ou vai esperar eu me irritar um pouco mais?
- Calma, não é para tanto.

An tirou o celular da bolsa, estendeu para Gus, na tela ele via a imagem um pouco escura de dois homens se beijando em um bar, não tinha como reconhecê-lo a foto estava muito mal tirada distante e um pouco embaçada, mas ele sabia que era ele e o desconhecido que o salvou.

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