A estrada está livre, não vai demorar pra chegar em casa, provavelmente Smart já saiu, está cada vez mais difícil controlá-lo.
Quando era pequeno era bem melhor.
Ratt tenta lembrar desse tempo, lembrar dos irmãos pequenos, lembrar de quando era também mais adolescente e não tinha tanta pressão nos seus ombros, lembrar de tudo, quer lembrar de exatamente tudo, que já viveu, que já viu, que já fez.Mas não adianta a imagem de um idiota desconhecido cambaleando na sua frente em sua direção, não sai da sua mente.
"Bastardo eu devia ter atirado na cara dele"
Ratt está com raiva. Liga o rádio. Abre e fecha o vidro do carro. A viagem é rápida, mas parece extremamente demorada..
Quer chegar em casa logo, tomar um banho, se livrar daquele cheiro, daquelas roupas, daquela sensação.
Dentro da mente uma voz lhe perguntando por que não matou o cara?Só por que ele disse que não lembra de nada?
Só por que ele estava drogado quando fez o que fez?
Só por que o maldito tinha pedido desculpas e implorado por ajuda?
E daí?
O que ele tem a ver com a vida de outras pessoas?Estava certo mandar o ser nojento que gostava de abusar das pessoas, diretamente para o inferno. Mas por que não matou o outro também? O que ele fez não foi igual? Não foi um abuso.
"Por favor, me ajuda, por favor, eu posso pagar, me desculpe...."
- Pro inferno com essas desculpas. Eu não devia ter deixado passar.
Ratt estava com raiva, mas não conseguia discernir exatamente de que.
Era por ser um homem?
Por ele ter invadido seu espaço pessoal?
Era por não ter metido logo uma bala na testa do abusador e da vítima ali mesmo dentro daquele bar ?
Do que estava com raiva?Aquele homem tinha se aproximado, tocado nele, forçado um... um...
Era nojo? Sentia nojo? Não, não era nojo, era raiva.- Aaaaaaah maldito!
Ratt tirou o carro da estrada, parou no acostamento, pegou uma garrafinha de água e esvaziou ela em segundos. Precisava ordenar os pensamentos.
Uma coisa estranha daquelas nunca lhe aconteceu antes, era comum a confusão.Ratt ponderou as coisas, era um homem que gostava de mulheres, ponto. Um estranho precisou de ajuda e teve uma atitude extrema, ponto. O cara nem se lembrava de ter tocado nele, e Ratt não fazia a mínima questão de lembrar de nada que aconteceu depois que os braços do estranho envolveram seu pescoço.
Então pronto era como se aquele beijo nunca tivesse existido, por que um não se lembrava e o outro não queria nem pensar no ocorrido. Podia viver com isso, nada tinha mudado.
- Nada mudou...
Ratt repetiu em voz alta pra si mesmo.Mas sua orelha formigava. O desgraçado tinha encostado os lábios nela quando foi pedir ajuda, seus lábios formigavam, o idiota tinha mordido sua boca...
Por que porra seu corpo tem uma memória que seu cérebro quer esquecer?Mas depois de ficar alguns minutos parado ali na beira da estrada e reorganizando a mente, decidiu que não era grande coisa. Tinha servido pra ajudar muitas possíveis vítimas naquela noite ao mandar um desgraçado direto para o inferno.
Não queria ser herói de ninguém, mas era muito mais fácil aceitar que não matou o outro cara por que o imbecil tinha sido apenas uma vítima.
Não precisa matar quem não merece morrer.
Ponto final.Agora podia tentar esquecer, não pensar mais naquela noite, bem por que nunca mais pretendia cruzar com aquele homem novamente no futuro...Mesmo assim o fato do cara ter feito o que fez ainda o incomodava.
- Reze pra gente nunca mais se ver, talvez da próxima eu não poupe sua vida...
Ratt está calmo agora, ele volta para estrada...
Uma voz soa na sua cabeça:...Por favor, me ajuda, por favor, eu posso pagar, me desculpe...
-Desgraçado!
Ratt xinga em voz alta. A vontade é dar meia volta e matar aquele homem... voltaria se não tivesse coisas importantes pra resolver
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The Love that Kills
ActionFIC DE NÚMERO 3 Um novo casal, mas ainda com visitas de bons e velhos personagens que amamos 😬 Red e Keyd são primos que perderam o contato a algum tempo. Ambos tem filhos. Gus, CEO de uma grande empresa e filho único de Keyd controla todos os ben...