Descobertas

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''I was just guessing at numbers and figures. Pulling the puzzles apart. Questions of science, science and progress. Do not speak as loud as my heart, but tell me you love me, come back and haunt me. Oh, and I rush to the start (...) Running in circles, chasing our tails, coming back as we are. ''
- The Scientist - Coldplay.

- Boa tarde meu amor!

Eu nunca me castiguei tanto por abrir uma porta antes. Ali parada em minha frente estava ela, a minha mãe. Ela usava um terninho de linho caro, e salto alto. Novamente, ela havia me encontrado, e naquele instante me dei conta de que não havia mais escapatória.

- Você! - disse completamente desanimada.

- Brincando de pique-esconde? - ela foi entrando sem ser convidada.

- Mãe, eu não quero visitas, ainda mais a sua. - fui sincera como gostava de ser. Doa a quem doer.

- Não perguntei nada, querida.

- Teoricamente você perguntou.

Ela nada disse. Foi olhando tudo em volta. Desde a ração de Deusdete ao meu distintivo. Gelei, não por medo, mas por adrenalina.

- Agente do FBI? - sua pergunta foi cortante, com um toque especial de reprovação. - Soraya meu bem, não a criamos para isso.

- Você me criou? - Não estava preparada para uma discussão com ninguém, principalmente com minha mãe. Tive uma noite difícil com a nova investigação sobre um possível serial killer que atacava mulheres, deixando uma mordida em uma de suas nádegas. Tudo o que eu queria era deitar e dormir, era pedir demais?

- O que eu quero dizer é que você nem deveria estar aqui, meu amor. Seu lugar é em Londres, querida.

Querida, amor, meu bem.. Quanto cinismo. Essa mulher era uma fraude. Ela me via apenas como uma oportunidade para uma nova fortuna, eu era o caminho certo, o mapa do tesouro. Fui criada por minha avó paterna no Texas, assim que meus pais se separaram. Implorei ao meu pai que me levasse para longe de minha mãe. Ele no começo hesitou, mas depois viu que era o caminho certo para o meu desenvolvimento. Apesar da separação, os dois eram bem amigos. Minha mãe é estilista, famosa por cuidar das roupas sociais de alguns famosos. Eu a visitava no verão, torturante, mas o que minha avó não pedia sorrindo que eu não fazia chorando?

- Mãe, desista. Eu não quero mais ter que falar sobre isso. Sou adulta, tenho a minha própria vida sem depender dos outros, e por sinal, pare de depositar grandes quantias em minha conta.

- Olhe para você. - apontou para mim, e por questões de segundos eu quase cochilei ali. Ela me dava um sono desgraçado. - Querida você está magra, seu cabelo está horrível. Eu tenho até medo de olhá-la por muito tempo.

Sim, ela estava acabando com a minha moral. Joguei-me no sofá, fazendo algumas almofadas voarem longe. Olhei para cima, buscando por uma chuva de paciência. Eu não era a pessoa mais paciente do mundo. E não procurava ser.

- Faz o seguinte madame, dê o fora daqui. - falei e fechei meus olhos, relaxando os músculos de meu rosto.

- Não ouse falar comigo desse jeito.

- Eu não ousaria se você não estivesse aqui, em minha casa, enchendo a porra do meu saco.

- Você chama essa pocilga de casa? A vigilância sanitária deveria bater a sua porta.

Não entendi o porquê daquele teatro todo. Minha casa era bem organizada, eu gostava de organização. Havia algumas fixas espalhadas sobre a mesa, e alguns jornais com uma xícara e um prato com meia panqueca em cima, eu lia tranquilamente quando bateram a minha porta. Neste caso, quando ela bateu em minha porta. - Ilda, volte para Londres, vá costurar algo para algum de seus famosos, algo com cores, decotes, mangas longas. - provoquei.

Too Close | Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora