Eu te amo

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"Then she said: Te amo
Then she put her hand around me waist, I told her no.
She cried: Te amo.
I told her: I'm not gonna run away, but let me go."
- Te amo - Rihanna

- Você não pode estar falando sério. - Eu ri, achando graça da confusão que Simone estava fazendo.

- E por que eu não estaria Soraya? - ela parecia genuinamente magoada e confusa, despertando-me simpatia por um estante. - Vai dizer que eu não sou boa o bastante para amá-la? Ou traficantes são incapazes de amar?

- Você está embriagada. Melhor eu não levar em conta o que acabou de dizer.  - respondi, numa clássica saída pela tangente.

Simone ficou vermelha de raiva.

- Eu estou aqui me abrindo com você e é isso o que eu escuto? - ela gritou, dirigindo-se à porta. Eu corri e bloqueei o seu caminho.

- Não se exalte! - eu estava confusa. Os olhos de Simone estavam brilhantes, diria que ela choraria as escondidas se não fosse barrada por mim.

Um ruído forte vindo do lado de fora, trouxe-nos de volta ao realismo.

- Se esconda. - solicitou, mexendo-se.

- Seja lá quem for, saberá que estou aqui.. - eu falei, ao ver Simone ligar um cabo a televisão. Logo a imagem da câmera de segurança nos mostrou três homens parados à entrada principal.

- Soraya, colabore comigo. - suas mãos seguraram meu rosto com precisão. - Se esconda lá em cima. Não desça por nada. Irei resolver tudo.

- Eu não vou deixa-la sozinha. - falei em tom de desculpa.

- Se você não fizer o que estou pedindo, morremos aqui. - soltando meu rosto, ela andou até o painel do alarme de segurança e digitou os números. A porta da frente então se abriu. Um frio percorreu toda a minha espinha. - Vá! - Ela ordenou com a voz segura.

Antes de subir para esconder-me, toquei seu braço, mas ela se afastou me deixando mais perdida do que Chuck Noland na ilha do Pacífico Sul. Não observei muito o andar de cima, minha preocupação estava mais abaixo. Descendo mais um degrau, pude ver Simone de costas. Ela batia a ponta do dedo indicador contra o sofá, suas pernas mexiam-se constantemente. Ela estava muito nervosa. Eu temi por ela. Os três homens adentraram a sala, me encolhi para que eles não notassem minha presença ali.

O homem de cabelos brancos tinha uma aparência formidável. Ele parou diante de Simone, alisando o rosto dela. Eu estava controlando os meus impulsos. Quem aquele miserável pensava que era? Aquelas mãos asquerosas a puxaram para mais perto, obviamente ele a beijaria. Para a minha satisfação, Simone virou o rosto, sua respiração estava entrecortada. Talvez o homem tivesse quase um metro e noventa de altura. Quarenta e poucos anos, eu diria. Seu rosto vermelho estava coberto por gotículas de suor.

- De novo? - ele perguntou a Simone.

Como de novo? - perguntei a mim mesma.

- Bolsonaro, eu.. - Simone disse seu nome, e foi esbofeteada no rosto. Após presenciar aquela agressão, fechei meus olhos.

- Então, o que é agora? Eu disse a você que não queria confusão, e muito menos o envolvimento daquela vadia loira na nossa cola. - berrou ele. Simone cuspiu em seu rosto, minhas pernas ficaram bambas. Péssima escolha, Simone... Péssima escolha.

- Ela não é uma vadia! - mesmo em desvantagem, defendeu a minha reputação.

- Ela é mais uma vadia que irei matar. - sua mão a empurrou longe. Perto dela, ele era muito forte. Simone cambaleou para se erguer, mas um dos capachos daquele homem a empurrou novamente. Meu sangue fervilhava. O tal Bolsonaro tirou um lenço cinza do bolso da calça e enxugou a testa. - Diga-me onde ela está.

Too Close | Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora