Too Close | Simone & Soraya

Entre amor e ódio

"Love me like a desert rose
Hold me like you can't let go
Keep me safe when I come home."
- Desert Rose - Lolo Zouaï

Ela estava com o braço esticado, apoiado a parede. A cabeça baixa demonstrava sinais de impaciência. Eu não soube o que fazer. A lógica era para que corresse e se escondesse. Mas aquilo seria infantil, eu teria que demonstrar desinteresse, ou as coisas tomariam um rumo drástico. Contemplei o meu amor por mais uns segundos e abri.

- Por que é que você não me atendeu, Soraya? - ela entrou com a aparência chateada. Eu me lembrei de Bolsonaro, e da merda da espada que ele mencionou. Porra!

- Eu estive ocupada demais para distrações. - usei um tom frio, desleixado.

- O que? - ela não podia acreditar no que ouvia. - Distrações?

- Foi o que você ouviu, Simone. - sem falar nada, me olhou, olhou, olhou e olhou. A cada olhada, eu sentia que iria fraquejar, e abraça-la.

- O que deu em você, Soraya?

- O que deu em mim? - respondi com outra pergunta, para dar-me um tempo de pensar o que inferno deu em mim, francamente. Eu queria lhe dizer tudo, o que deu em mim foi medo. Medo de perdê-la. Medo de vê-la machucada. Medo de vê-la perder o filho. Medo. Foi o que deu em mim. - Estou cansada de tudo, Simone. Desculpe-me, não posso continuar com isso..

- Então é assim? - ela deu um sorriso morto. Parecido com o que eu sentia por dentro diante daquela realidade em que me submeti. - Você está me deixando de lado por eu ser quem eu sou?

- Eu estou deixando tudo o que não tem fundamento.

- Ontem você chorava por eu ter que viajar. - se aproximou. Dei muitos passos para longe dela. - O que mudou?

- Eu conheci alguém. - menti, foi a primeira coisa que pensei. E soube que aquilo fora estupido demais.

- Mentira da porra! - alterou-se.

- Eu.. eu.. Menti para você. - me castiguei pela mentira que contaria. - Estou apaixonada por um homem, e descobri que estou esperando um filho dele. - Simone estapeou meu rosto com tanta força, que senti meu pescoço estalando.

- Eu me enganei com você! - jogou-me no chão. E aquilo doeu, muito, muito mesmo. Espalmei os pulsos no chão, e dei impulso para trás. Simone caminhava em minha direção, com ódio. Seus olhos estavam escuros. Ela parecia possuída por algo que eu não conseguiria controlar. - Você vai pagar caro por ter brincado com meus sentimentos. - afundei o pescoço entre o colo, fechando os olhos. - Eu te odeio! - disse, ao erguer-me pelos cotovelos. - Quero que você morra! - dessa vez, ela me empurrou de encontro ao sofá. Meu corpo estava começando a sofrer pelos empurrões. - Fale alguma coisa, sua puta de merda! - Simone estava irreconhecível. Minha cabeça latejou com o puxão de cabelo que ela deu em mim.

- É isso que você vai fazer? Bater-me? - ri, debochada. Eu não tinha medo do perigo, dei-me conta disso ao levar mais um tapa no rosto. Aquilo me fez sangrar por dentro. - Foda-se!

- Cale-se! - demandou, estridente.

Eu a olhava, desafiadoramente. Simone roçava os dedos pelos cabelos, vagando o olhar por toda parte. Sua respiração era pesada como a pata de um elefante. Levantei, mas ela fora mais rápida, empurrando-me novamente. Estapeei seu braço, para que ela entendesse que aquilo deveria parar. Talvez ela esperasse minha reação. No entanto tudo o que ela fez, foi se aproximar mais.

Seu corpo estava trêmulo, porém quente. A boca descia livremente por meu pescoço, eu gritava, intimamente. Por fora, encenava uma recusa fenomenal. Ao tentar afastá-la, ela segurou meus braços para cima, na altura de minha cabeça. O peso dos joelhos dela no sofá, o afundava, assim como seus toques em meu corpo. Simone estava excitada ao ver-me recusá-la.