Too Close | Simone & Soraya

Uma noite memorável

"I did not come to play with you hoes
I came to slay, bitch
I like cornbreads and collard greens, bitch
Oh, yes, you besta believe it."
- Formation - Beyoncé.

A atmosfera festiva em Rollingwood mais lembrava um carnaval. Havia muita gente. Haveria rodeio naquela noite. O extenso gramado ao lado do curral da competição se encontrava cheio de tendas coloridas, onde as pessoas serviam-se de hambúrguer, cachorro-quente e comidas típicas da região. A maioria delas estavam vestidas exatamente como eu, com camiseta, shorts jeans e botas.

Amy caminhava segurando a mão de Janja e Simone. As duas realmente estavam se tornando boas amigas. Elize resolveu de ultima hora ficar na fazenda junto de Boulos e Nat.­­­­­­ Os três jogariam pôquer, ou algo assim. Ao meu lado estava Gleisi, agarrada ao meu braço. Atrás de nós vinha meu pai e Carla. Os dois conversavam muito, o assunto entre eles fluíam com naturalidade.

- Tia Soraya... - Amy soltou-se das mãos das mulheres. - Eu estou cansada.

- Nós iremos nos sentar, Amy. - olhei-a. - Quer que eu a carregue?

- Não! - Ela sorriu para mim, e voltou a segurar a mão das duas.

Dei de ombros, olhando a decoração em volta. Era uma espécie de tenda feita com altos troncos de árvore e galhos de arbustos, dispostos sobre uma armação de madeira. Embaixo dela, expectadores assistiam à festa, acomodados em mesas ou sentados sobre panos estendidos sobre o gramado. Acomodamo-nos ali entre aquelas pessoas. Sentei ao lado do meu pai, fugindo dos olhos castanhos que buscavam os meus o tempo todo. Amy agora brincava com dois garotinhos a nossa frente, eles chutavam uma bola azul para cima e para baixo, atropelando os adultos. Muitos deles arriscavam driblá-los, deixando-os irritados. Amy chegou a empurrar um jovem moço com roupa de vaqueiro, mas se deteve após eu chamar sua atenção. Em uma olhada ligeira para o lado, visualizei Simone. Ela estava sentada com as pernas cruzadas, sorrindo para a brincadeira das crianças. Janja e Gleisi tiravam sarro de um grupo de homens que trajavam indumentárias indígenas. Carla ao lado de Simone olhava-os também, com o semblante fascinado com a excentricidade daquelas roupas.

- Bem, irei caminhar. Não esperem por mim.. - Olhei meu pai com um ponto de interrogação na cabeça. Ele sorriu e esclareceu:

- Eu sei o caminho, querida. Irei conversar com uns conhecidos. Não se preocupe. - revirei os olhos, e concordei. Ele se despediu de nós, e foi desaparecendo por detrás de uma tenda roxa e verde.

- Tias... - Amy correu até nós, seus cabelos grudavam na testa, devido ao suor. - Eu tô com sede. E quero comer pipoca!

- Muito bem, vamos lá. - eu me pronunciei.

- Irei acompanhá-las. - Simone disse. Amy segurou em seu braço, se pendurando. Eu queria desistir da ideia mas era tarde. Carla nada disse. Ela era tão estranha. Enquanto eu a analisava, ela apanhou o celular digitando algo ali. Simone também a olhou, e se aproximou dela, soltando Amy. As duas então olhavam o aparelho.

- Vamos, Amy. - Aproveitei que Simone se distraiu, e sai de fininho.

- Soraya! - Janja gritou meu nome, chamando a atenção de todos, inclusive de Simone. Eu senti uma tremenda vontade de matá-la. Foi intencional. - Me traga um hambúrguer.

- Mais alguma coisa? - sorri falsamente.

- E um cachorro quente para Gleisi. - moveu as sobrancelhas.

- Isso. - Gleisi abraçou-a, mordendo o queixo dela. - Sem mostarda.

- Vão à merda!

Enquanto aproximávamos das tendas, Simone segurou Amy nos braços. Ela me olhou, com agonia.