Tentando superar

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"This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home."

- The Cinematic Orchestra - To Build a Home


Não notei o dia passar. O tempo todo pensava em Simone, a saudade que eu sentia dela me sufocava o tempo todo. Discretamente, liguei para o hospital, e me surpreendi ao saber que ela esteve ruim na noite anterior. A febre estava altíssima, e o nariz não parava de sangrar. O desconforto se amarrou em mim, como se fosse um cinto. Eu precisava vê-la.

Inventei uma desculpa sem muita importância aos meus pais, e corri para o hospital.

Soube na recepção, que ela estava melhor, foi apenas uma febre por conta das medicações. Minha respiração ficou suave, mas não era suficiente. Antes de entrar no quarto, meditei por dois minutos. Simone estava em recuperação, e eu estava ali sabendo disso, tentaria não me chatear com suas rejeições, e não procuraria por elas.

Abri a porta, devagar. Ela estava sentada, montando um quebra cabeça. Impossível não sorrir. Ela me olhou, surpresa, talvez. Juntei-me a ela. Seus olhos esperavam por meu pronunciamento.

- Soube que você esteve dando trabalho. - tentei descontrair o máximo possível.

- Soube que você não queria ver-me. - devolveu, encaixando uma peça, mas esta estava errada, ela tentou de novo.

Fiquei sem saber o que dizer. Puxei uma cadeira, e me sentei, dobrando os braços em cima da cama, e por ultimo, descansei o queixo em cima deles.

- Como você tem passado?

- Me sinto como uma louca.

- Bem vinda ao meu mundo. - observei melhor o quebra cabeça, e faltavam apenas três peças para completa-lo. Tratava-se de uma casa no campo. Encaixei uma, e ignorei o frenesi que passou pelo meu corpo ao esbarrar com os dedos dela.

- Desculpe se fui direta demais com você. - ela foi enfática.

- Está tudo bem.. - Me castiguei pelo o que disse, nada estava bem. - Não é culpa sua.

Simone terminou o quebra cabeça, e o colocou de lado.

- Tenho a impressão de que você me esconde algo. - gelei. Um friozinho passou pelo meu E.T, e subiu-me pelos ombros, deixando-me de cabelos em pé. - Ou alguém. - olhou-me. Foi como um tiro. Seus olhos estavam brilhantes, Deus! Precisei desviar deles, ou cometeria algo impensado.

- É engano seu.

- Tem certeza? - sua voz estava tão baixa, sensual. Porra! Estaria ela fazendo de propósito? - Não há nada para conversar?

- Tenho certeza. E, mesmo se houvesse, eu não iria querer discutir nada agora.

- Bem, eu quero. - assumiu um ar impositivo.

Levantei-me.

- Por favor, você ainda está em recuperação.

- Minha cabeça dá uns nós de vez em quando, mas bem, esse não é o ponto. - Ela permaneceu sentada. - Eu a tratei mal, e você fugiu, escondendo o nosso bebê.

A cor de meu rosto fora embora. Nosso bebê! Senti uma agitação ultrapassar as polegadas de minhas veias, o pequeno E.T deu sinal de vida, fazendo uma pressão dentro do meu ventre. Simone franziu a testa, mas parou no caminho, era notável que aquilo ainda era doloroso.

- Você me tratou como se eu fosse leprosa. - andei de um lado para o outro, era a marca registrada de meu nervosismo. - E não tive muita opção. O que você diria? Mal foi capaz de crer que nós éramos namoradas, imagine se eu contasse sobre o E.T? - Não era esse o nome que eu diria, mas bem... Já foi!

Too Close | Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora