Bomba relógio

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- Não cortaria o pão de alguém que obviamente me lembraria da oferta. - respondi, genuinamente. Não estava amedrontada.

- Eu te obrigarei a cortar o pão. - insistiu naquele assunto. - E o pão será Simone Tebet. - Baixei os olhos, como alguém prestes a desmaiar. Era como se eu estivesse em um brinquedo fodidamente alto em um parque de diversões, e esse despencasse sem voltas, sem segurança, despencando para o fim. - Veja...- Ele abriu uma de minhas gavetas, e puxou uma pasta negra. Seus pés foram ao chão, e ele ajeitou sua postura, chegando mais perto da mesa. Calmamente, abriu a pasta e espalhou as imagens diante de meus olhos cansados. Eram fotos de Stefan no playground. Ele sorria imensamente feliz, ao seu lado estava Simone, com o mesmo sorriso do garoto. Eu estava mais a esquerda, apenas contemplando os dois. - Depois que você se meteu no caminho de Simone, as coisas deram uma complicada significativa para os meus oponentes. - puxou a caneta, e fez um circulo no rosto dos dois. - Simone me deu um prejuízo de seis milhões de dólares. - eu engoli o ar, e enfiei as mãos entre as pernas. - Já não é engraçado matar pessoas que ela ama. - fechou a pasta, e amassou as imagens. Ainda com a gaveta aberta, ele tirou de lá uma espécie de chaveiro, com três botões vermelhos. Um sorriso êmulo era visto em seus lábios. - Embora eu não espante os pássaros da árvore que me deu frutos podres, farei com que você presencie a morte dela. E claro, começaremos pelo filho retardado que ela tanto ama. - cada ameaça recente, mexia com as células do meu corpo, deixando-me apavorada. - Você escutará os gritos surtidos pela dor da tortura, a verá sangrar como os animais no matadouro, e não poderá fazer nada, a não ser se culpar.

- Você é um desgraçado! Para o inferno você e essas suas ameaças! - vociferei, nervosa. O filme de Simone sendo torturada junto de Stefan rodava em uma sessão privativa em minha cabeça. E eu estava acomodada em uma poltrona confortável, embalada por um mar de horror.

- Você terá três chances. - mordeu as bochechas, decidido. - Nada mais que isso. - disse. - Deixe Simone, e eu a deixarei viver.

- Você estende suas ameaças como se fosse tapete, e tolo é quem pisa. - pisquei, para dissipar as lágrimas.

- Muito bem. - posicionou bem o chaveiro com três botões no centro da mesa. Seu dedo polegar afundou o primeiro. - Melhor negar a oferta do que fazer esperar.

Seis segundos depois, ouvimos um estrondo. Era como se a terra tremesse. Sirenes começaram a fazer aquele ruído apavorante. O alarme do distrito disparou, era possível escutar meus colegas gritando pelos corredores sobre uma bomba que explodira na Times Square.

Bolsonaro novamente, ele apertou o segundo botão. Outra explosão fora ouvida.

- Pare! - ergui as mãos para cima, como uma refém. - Eu fico longe dela, o que for preciso, mas não aperte esse ultimo maldito botão.

- Foi uma escolha sábia, agente. - ele tirou uma mini chave do seu colete, e enfiou no miolinho do chaveiro, girando-a para o lado direito, Bolsonaro desativou-o. - Espero que cumpra com sua palavra. - num gesto vago com a cabeça, disse: Agora vá. Você tem um trabalho a fazer. - ordenou como se fosse meu superior. Filho da puta!

Dei-lhe as costas, correndo para fora dali. Haviam muitas pessoas correndo pelo distrito. Suas expressões delatavam o terror que havia se espalhado lá fora. E o culpado estava mais próximo do que eles poderiam imaginar.

- Thronicke! - Elize veio ao meu encontro, aflita. - Dois carros bombas explodiram na Times. Uma equipe já fora enviada pra lá.

- Acione a SWAT! - dei uma batidinha no ombro dela, para acalmá-la.

- Você tem certeza?

- Eu realmente tenho! - nós não gostávamos de acionar a SWAT. Mas era de total e absoluta precisão. Se Bolsonaro era capaz de explodir dois carros no maior centro de NY, Simone seria um alvo fácil em suas mãos.

Too Close | Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora