Chuva de tomates

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"Tropical the island breeze
All of nature wild and free
This is where I long to be
La Isla Bonita."
- La Isla Bonita - Madonna

Convencer Simone de viajar em cima da hora, era mais difícil do que espirrar de olhos abertos. Ela colocava muitos obstáculos para adiarmos. Não o fiz. Iriamos viajar naquela tarde e pronto. As crianças ficariam com meus pais. Não, eles não se importavam de ficar com Stefan e Selyna. Chamaríamos uma babá, mas mamãe se impôs. Ótimo. Eu só precisava que ela se pronunciasse. Não queria pedir a ela.

O nosso voo sairia em menos de cinco minutos. Despedimo-nos de meus pais, e de Stefan. Sely estava completamente apagada no colo de meu pai. O bom é que ela não choraria por nossa partida.

Fingi não notar a raiva no rosto de Simone, ao saber que viajaríamos na primeira classe. Janja estava totalmente animada. Gleisi não ficava atrás. Jantamos frutos do mar e tomamos champanhe. Aos poucos, Simone foi se soltando. Esperamos nossas amigas dormirem, para... Relaxar. E uau! Eu estava disposta a relaxar daquele jeito para sempre. Literalmente, estava nas nuvens.

Chegamos a Valencia no inicio da manhã, do aeroporto pegamos um táxi até Bunol, mais precisamente em Plaza del Pueblo. Eu havia alugado uma casa pequena, por apenas uma noite, pois teríamos que voltar no dia seguinte. Ou seja, nossa aventura não duraria muito, mas seria inesquecível. As casinhas ali lembravam muito Jerusalém, pela fachada, e pelas cores. Algumas delas eram parecidas com castelinhos de areia.

Alguns moradores colocavam lonas escondendo a tinturaria do lado de fora de suas casas. Consultei o relógio, e já se passavam das nove. Muitas pessoas transitavam as ruas estreitas vestindo roupas curtinhas, e óculos de natação. A casa que escolhi tinha uma sacada enorme, ali caberiam no mínimo quinze pessoas.

- Ow! - Simone soltou as malas no chão, ao ver a simplicidade da casa. Era toda pintada de amarelo, com detalhes azuis. Uma mistura de arte espanhola com um toque africano. As cortinas eram de conchinhas do mar, lindas! Os estofados de couro marrom, pequenos, confortáveis. À frente, havia uma imagem em uma pequena capelinha no alto da sala. As escadas eram de madeira, e fazia um ruído engraçado quando pisávamos. Paramos na sacada, e avistamos a multidão, que agora era multiplicada.

- Soraya, o que significa isso?

Eu sorri, antes de respondê-la.

- La tomatina, Simone!

- O QUE? - Janja sacudiu as mãos. - NÃO FODE COM A MINHA CARA!

- Isso aqui vai se tornar a coisa mais louca que você já viu.

- Meus primos sempre comentaram sobre a guerra de tomate. Isso será interessante.

- Com toda a certeza do mundo, Gleisi. - olhei-as. - Prontas para a guerra?

- Eu quero te beijar na boca Soraya. - Janja pulou em cima de mim, tentando seriamente beijar meus lábios.

- Ok! - beijei-a rapidamente. - Agora vamos nos trocar.

- Vamos lá! E Janja, não a beije novamente. - Simone a ameaçou, divertidamente.

- Anotado!

Optei por usar uma jardineira branca, e uma blusa curta de tecido mole. Simone e Janja usavam short, all star e uma blusa caída nos ombros. Perguntei-me onde inferno elas iriam cantar. Gleisi estava de all star vermelho e short preto e um top branco com várias estrelas. Estávamos todas de branco. Alguns moradores jogavam água no pessoal, surtindo gritos calorosos.

Estava muito calor. Por que não? A música eletrônica chegava aos nossos ouvidos como energéticos. A festa começaria às 11h. Estava no meu terceiro copo de uísque, e achei melhor encerrar. Não estava acostumada a beber daquela forma.

Too Close | Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora