Too Close | Simone & Soraya

Eu te amo, Simone Tebet

"I put my armor on, show you how strong I am
I put my armor on, I'll show you that I am
I'm unstoppable, I'm a Porsche with no brakes."
- Sia - Unstoppable

O dia amanhecia, e nós dentro da base não havíamos parado um minuto sequer. Bolsonaro estava livre, diga-se de passagem, nos dando o maior trabalho. A segurança de Stefan foi reforçada, fazendo Simone suspirar de alivio, não menos preocupada, claro. A missão era secreta, alguém de dentro havia entregado todo o planejamento aos comparsas de Bolsonaro.

Estávamos todos reunidos em uma sala, com divisórias, checando cada imagem, cada carro que saia dos estacionamentos, até que um agente nos mostrou a imagem de Bolsonaro em uma Ferrari. E para o nosso espanto, na companhia de Carla Zambeli. O carro seguia para o Sul.

- Bom dia! - Ciro entrou, e nos cumprimentou. - O voo atrasou, mas bem, aqui estamos. - Atrás de si estava Elize, César e Gleisi. Eu me sentia em casa, com uma grande missão nas costas, claro. - Os aeroportos foram fechados. - ele contou. - A mídia infelizmente já tomou conta do assunto, Bolsonaro não sairá voando.

Gleisi abraçou-me, depois fez o mesmo com Janja, e Simone. Elize e César logo a imitou. César ficou meio tenso na hora de cumprimentar Simone. Eu deixei um sorriso escapar.

- O que ele está tentando fazer? - César perguntou, olhando as imagens. - Seguindo para o Sul pela 95?

- Ele acha que chegará ao México. Mas isso não vai acontecer, de forma alguma. - Janja moveu os ombros para trás, eles estavam tão tensos.

- Por que ele não usa um helicóptero? - Gleisi perguntou, olhando-nos. Simone sorriu, e respondeu:

- A Ferrari que ele está, é mais rápida do que qualquer helicóptero. Bolsonaro é a terceira geração de chefes do quartel. Ele se acha intocável. O poderoso. - caminhou, movimentando as mãos ao falar. - É assim que sua cabeça de merda funciona. Ele quer ficar no controle, literalmente.

- O que? Como assim? - Elize perguntou, estreitando os olhos. Aquela duvida estava estampada no rosto de todos nós.

- Bolsonaro é piloto de carro desde adolescente. - Simone sentou-se na mesa, balançando os pés. - O pai dele construiu uma pista de corrida em Dubai. Ele corre em circuitos profissional sob pseudônimo. - Parou por uns minutos. - Eu o via pilotando. Bolsonaro é muito bom.

Todos ficaram quietos. Nós parecíamos um bando de patetas na mão de Bolsonaro. Meu celular tocou, e o atendi.

- Está tendo um bom dia, detetive? - A voz de Bolsonaro soou animada, despreocupada.

- Irei ter, assim que eu o pegar. - minha resposta pegou todos de surpresa. Simone deu um pulo de cima da mesa, pronta para tomar o celular de minhas mãos, mas não permiti. - Só há dois modos de isso terminar. E quer saber, qualquer um dos dois me satisfaz.

Bolsonaro deu uma risada extensa.

- Com o filho de sua amada vivo ou morto? - Olhei Simone, ressentida. Ela deve ter pensado que o assunto na linha se tratava dela. Stefan estava seguro. Simone recebia notícias a cada meia hora. - Posso cortá-lo em pedacinhos e mandar um a um pelo correio, de volta para Simone. - meus olhos ganharam lágrimas, e eu virei o corpo, saindo da sala. Simone correu atrás de mim, mas não me virei para olhá-la. - É o que quer?

- Eu quero que você se foda! - gritei, com ódio, raiva, tudo. - Você já matou muitas pessoas inocentes. - respirei, sentindo uma dor no peito. - Mate outro e o irei encontrar onde for, Bolsonaro!

- Escute uma coisa, como vai explicar a Simone, o porquê de o filho dela voltar para casa em sacos plásticos? É assim que vai ser, Thronicke. Chame sua equipe de volta, e fique fora de meu caminho, ou o garoto já era.