"E cada vez que eu fujo eu me aproximo mais.
E te perder de vista assim, é ruim demais e é
por isso que atravesso teu futuro e faço das lembrancas um lugar seguro."
Ana Carolina - Quem de nós dois.- O que você está fazendo em meu apartamento? - perguntei antes de expulsá-la dali o mais rápido possível. Simone enfiou a mão no bolso da calça, e esticou o meu celular na minha direção.
- Você o deixou cair quando saiu do supermercado parecendo o demônio quando foge da cruz. - ela deu meio passo, chegando perto de onde eu estava. - Tome! - colocou o aparelho em minhas mãos. Nossos dedos se tocaram, os dela estavam frios e os meus... quentes.
Seus olhos espontaneamente perfuraram os meus. Minha fala se perdeu em meio àquela troca de olhares, era como se palavras fossem exclusas no momento. Ela piscou os olhos, e eu voltei à realidade.
- Obrigada. - minha voz saiu baixa, trêmula. Por uma fração de segundos, não estapeei minha cabeça para que eu deixasse de ser tola. - Como... - o modo como ela arqueou a sobrancelha, me fez travar a boca e serrar os olhos. Eu estava sob os domínios de sua presença. As palavras não pareciam adequadas a uma honesta tentativa de questionamento, mas eu teria que manter a calma. - Como você encontrou meu endereço?
- Você não irá ficar brava igual um touro e querer me matar... Vai?
- Eu teria que fazer um demasiado esforço. - Ela pressionou os lábios num sorriso trapaceiro.
- Você sabia que existe um método de segurança que exige uma senha...
- Simone, seja breve.
- Como você não usa uma senha para desbloquear seu aparelho, - apontou para minhas mãos, e eu olhei o celular como se fosse preciso para entendê-la, logo nossos olhares ficaram presos uns aos outros. -, não tive dificuldade em ler suas mensagens, e em uma delas, encontrei seu endereço. - sua explicação terminou, ela ajeitou os óculos com a ponta do dedo, e jogou os cabelos para trás. Encarei-a. - Não se preocupe, linda, não passei suas fotos... - olhou Amy que acompanhava nosso diálogo inocentemente. Após, olhou-me outra vez. - N-u-a-s - soletrou de forma ágil. - via bluetooth.
- Você se acha o máximo da perspicácia, não é? - É claro que ela estava testando meus limites. Eu mal tinha tempo para tirar fotos comuns, quem dirá fotos nuas.
- Você me acha o máximo dela?
- Olha Simone, eu agradeço pelo seu favor, agora se não se importa.. - apontei a porta aberta. - Você é uma mulher ocupada, cheia dos negócios, suponho que está perdendo seu tempo aqui.
- Puta merda, Soraya!
- Linguagem! - reprovei-a.
- Ela não vai dizer essas palavras feias, não é formiguinha? - ela disse, olhando Amy.
- Não! - Amy comentou.
- Muito bem. - Simone grudou seus olhos em meu rosto, e voltou a falar: - Você deveria ser menos precoce. Eu te fiz um favor, era só agradecer, me expulsar. Tanto faz. Agora usar a ironia para lembrar-me de quem eu sou, é completamente idiota. Isso te faz sentir-se melhor do que eu?
A mesma tensão anterior voltou a prevalecer. Senti minha boca secar.
- Por favor, não seja-
- Atrapalho? - Janja entrou, remexendo os quadris, como se fosse uma malandra tirando sarro de alguma lei. Simone me olhou, e eu reconheci o seu olhar destemido.
- Oi tia Janja! - Amy amaciou o clima com sua voz infantil.
- Ei, grandona! - Janja fez um sinal com o dedo indicador.
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Too Close | Simone & Soraya
Misteri / ThrillerSoraya Thronicke é uma detetive do FBI. Sua vida se baseia em seu trabalho que, acaba usufruindo grande parte de seu tempo. Ela não era uma pessoa paciente, e não procurava ser. Era considerada uma mulher de fibra e marcada por seu forte temperament...