Havia passado um dia desde o jantar em casa, três dias desde o início das aulas. Eu havia me levantado mais cedo que o habitual e encontrei meus pais na mesa do café da manhã.
- Que bom que está aqui, Amber. - meu pai disse. - Tenho algo para dizer.
- Bom dia pai, bom dia mãe. - disse me sentando à mesa e servindo uma fatia de pão com manteiga e dois pedaços de melão.
- Como você sabe é em agosto que os olhares se aguçam para os casamentos escolhidos, nessa mesma época do ano que vem teremos um contrato assinado.
Engoli meu pão em seco não querendo mais ouvir o assunto. Bibe havia tentando me ensinar a não agir como uma mimada, mas era difícil não agir assim de vez em quando, apesar da ausência paterna e materna eu nunca tive falta de nada e ter a falta da escolha do meu próprio marido não era algo que eu estava disposta a superar.
- Os Alencar tem uma visão muito firme a respeito de seu filho escolher a própria esposa então não tentei forçar uma conversa desse tipo com eles, embora uma aliança assim fosse ótima para nós. Mas encontrarei alguém a altura, pra isso vamos começar a participar de jantares mais frequentemente, até o meio do ano que vem quero ter um contrato assinado, quem sabe consigo te casar antes da maioridade, assim não terei que enfrentar eventuais empecilhos. - ele disse me olhando por cima do óculos de grau como se soubesse que a partir daquela conversa eu começava a planejar minha saída de casa.
Nem ferrando! Era o que eu queria gritar. Não era boa em esconder irritação então engoli o último pedaço de melão e saí da mesa batendo os pés sem nem pedir licença. Saindo de casa comecei a chorar por não ter conseguido gritar toda a minha raiva, fui para a escola sem enxergar o caminho direito.
Entrei na escola e o sinal tinha acabado de bater, os corredores se esvaziaram rapidamente, mas meu nariz e o meio de minha sobrancelha ficavam muito vermelhos com qualquer choro meu, então decidi matar aquela aula. Me tranquei numa cabine do banheiro secando as lágrimas com papel quando percebi que estava sozinha tranquei a porta do banheiro e joguei água em meu rosto tentando desavermelhar aquelas partes que me delatavam.
O soar alto de um salto no final do corredor me deu arrepios, era a diretora, eu precisava de um lugar mais discreto que o banheiro se queria mesmo matar aula. Mas onde?
Lembrei de um corredor que todos falavam, as câmeras nunca ficavam ligadas e as luzes nunca eram acesas, rapidamente destranquei a porta sabendo que a parede de quebra visão do banheiro me dava vantagem para fugir e me esgueirei por uns poucos metros até conseguir virar à direita em outro corredor esse vazio, sem salto de diretora ou qualquer coisa assim, segui por ele até achar o lance de escadas que dava para as salas do último ano, subi, aquele piso era tão amplo quanto o primeiro, entrei no corredor que ao final daria a mais três corredores, um bem escondido, em um canto longe de janelas, corri até ele e apenas uma pequena janela em seu final dava uma péssima iluminação que não alcançava o corredor inteiro, fui andando para me sentar no chão mais pro meio do corredor na parte mais escura quando enxerguei uma sombra que parece ter tido a mesma ideia que eu.
- Cacete! - sussurrei com o susto parando no mesmo instante.
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Nos Enlaces da Vida
RomanceAos doze anos um doce e inocente romance se desenrola entre a pequena Amber e Nathaniel, seu vizinho, e junto com ele uma promessa: seremos os únicos na vida um do outro, até casarmos. Mas ele vai embora deixando apenas um bilhete, um pequeno bilhet...